O crescimento de dezembro ajudou a Bahia a recuperar parte das perdas acumuladas ao longo do ano passado em função da crise econômica mundial, que puxou o resultado total para uma baixa de 0,88%, ou seja, o estado perdeu em 2009, R$ 93,9 milhões em relação a 2008 com as receitas tributárias.
O ICMS, principal tributo, apresentou recuo nominal no ano de 1,86%. Mesmo assim, os dados da Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz) mostram que a arrecadação desse imposto em 2009 atingiu o posto de segunda maior dos últimos dez anos, com correção pelo IPCA.
De acordo com o secretário da Fazenda, Carlos Martins, o ano de 2008 foi um ano de economia aquecida, no qual o ICMS registrou incremento nominal de 14% em relação ao ano de 2007. Desta forma, a base comparativa para o período de janeiro a dezembro de 2009 foi bastante elevada.
O secretário ressalta ainda que os resultados do ICMS nos últimos meses do ano mostram que o estado está se recuperando da crise e a queda ao longo de 2009 se deve, principalmente, ao perfil da economia baiana.
"Uma das nossas principais fontes de arrecadação, a indústria, em especial a de petróleo, foi fortemente atingida pela crise econômica mundial, por isso a Bahia apresentou queda. Outros estados que têm essa mesma sistemática, como Minas Gerais, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e São Paulo, também registraram perdas de arrecadação de ICMS em segmentos ligados à produção industrial e à exportação", explica.
Desempenho dos estados
No Espírito Santo, onde a economia tem perfil semelhante ao da Bahia, o resultado comparativo do período de janeiro a dezembro de 2009 em relação ao ano de 2008 apresentou perda nominal de 6%, resultado justificado pela retração da indústria de aproximadamente 20%, principalmente a de extração mineral (petróleo) e metalurgia. Já Minas Gerais registrou retração de cerca de 2% no comparativo nominal do ano de 2009 com 2008.
O setor Comércio seguiu a tendência verificada em outras unidades da federação, mas na indústria o desempenho foi bastante negativo, com perda nominal de 38% na indústria metalúrgica, recuo de 15,5% no ICMS vinculado às importações de matérias primas e uma perda de 68% na indústria mineral, segundo informações da Secretaria da Fazenda desse estado.
Por sua vez, São Paulo verificou perda nominal de arrecadação de ICMS no período de novembro de 2008 a novembro de 2009 da ordem de 2%, considerando que o estado ainda não divulgou nenhuma informação sobre a arrecadação de dezembro de 2009. A indústria paulista registrou recuo de 5% na atividade econômica no mês de novembro de 2009 em relação ao mesmo mês do ano anterior e nas importações a retração foi de 5,1%.
O desempenho da arrecadação do ICMS quando comparado com Estados do Nordeste apresenta discrepâncias já que o perfil da receita tributária destes estados é bastante peculiar. Observando um estado que registrou crescimento, o Ceará, o desempenho positivo se justifica pelos resultados do Comércio, já que nos setor de Combustíveis houve perda nominal de 8%. A Energia Elétrica teve perda de 3,5%, sendo esta uma atividade diretamente ligada ao desempenho da indústria.
Mesmo com os problemas enfrentados no decorrer do ano, a Bahia continua sendo o Estado que mais arrecada no Nordeste, superando em uma vez e meia o segundo na Região, além de ter a sexta arrecadação do país, aproximando-se cada vez mais do quinto colocado.
FPE
A Bahia registrou também em dezembro variação positiva no Fundo de Participação dos Estados (FPE) de 3,91% em relação a dezembro de 2008. Já o acumulado do ano apresentou perdas na comparação com o período anterior, com redução de mais de R$ 159 milhões, ao passar de R$ 4,41 bi (2008) para R$ 4,25 bi (2009), ou retração de 3,62%.
Setores econômicos
A arrecadação do ICMS, principal tributo estadual, é dividida entre os seguintes setores econômicos: Comércio, Indústria e Serviços. Para o secretário da Fazenda, Carlos Martins, o setor Comércio, que abrange o Varejo e o Atacado, mostrou que as políticas públicas de estímulo ao consumo das famílias, através da ampliação ao crédito; da desoneração tributária e do estímulo ao emprego, tanto do Governo Federal quanto do Estadual, alcançaram plenamente os resultados. Só a Bahia, explica, teve durante o ano um incremento no ICMS de 11,45% nesse setor, passando de R$ 3,10 bilhões para R$ 3,45 bilhões.
O setor de Serviços, denominação empregada para as empresas de comunicação e energia, praticamente apresentou o mesmo desempenho do ano anterior, com uma leve retração de 0,47%, sendo a receita de R$ 2,37 bilhões de 2008 e R$ 2,36 bilhões em 2009.
A indústria, e particularmente a petroquímica, foi a mais afetada pela crise mundial. A retração da atividade econômica nos primeiros meses do ano passado, a queda abrupta do preço da nafta, insumo básico para a petroquímica e a retração nas exportações industriais foram as causas dessa redução de arrecadação, que passou de R$ 4,56 bilhões (2008) para R$ 4,039 bilhões (2009).
A decisão da Sefaz para combater os efeitos da crise mundial foi a de apoiar o empresariado, dentro da ótica de promoção do desenvolvimento do Estado. Para isso, reduziu para 12% a carga tributária dos produtos petroquímicos básicos, medida adotada em maio de 2008, o que beneficiou as empresas da 2ª geração do pólo petroquímico. Política semelhante foi empregada para as empresas do segmento couro e calçados, em função das liberações de créditos realizadas em 2009, dentre outras ações.