Economia

COOPERATIVAS GANHAM LINHA DE CAPITALIZAÇÃO PARA SAFRA AGRICOLA

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| 20/06/2009 às 21:00
Os planos do governo para estimular a nova safra da agricultura
empresarial (2009/10) estão centrados no reforço de crédito à "classe
média" rural e às cooperativas agropecuárias, aumento do volume de
recursos a juros subsidiados pelo Tesouro Nacional, elevação pontual
de preços mínimos de garantia, seguro rural mais abrangente com R$ 300
milhões e eventual redução nas taxas de juros do crédito rural a 6% ao
ano.

Ainda sob avaliação dos formuladores do novo plano estão também a
redução das alíquotas de depósito compulsório dos bancos, a criação de
um fundo garantidor de crédito (FGC) de R$ 8 bilhões e alterações nas
regras de classificação de risco pelo Banco Central. O plano inclui R$
93 bilhões, mas R$ 12,3 bilhões desse total já foram destinados ao
socorro de capital de giro a agroindústrias e usinas de álcool.

Ao menos R$ 50 bilhões serão emprestados a juros subsidiados. Algumas
medidas foram aprovadas ontem em reunião extraordinária do Conselho
Monetário Nacional (CMN) e devem ser anunciadas na próxima
segunda-feira, em Londrina (PR), pelo Ministério da Agricultura. O
plano de R$ 15 bilhões para a agricultura familiar será oficializado
amanhã.

Proger rural

O governo quer atender aos produtores médios com a ampliação do Proger
Rural. O programa passará a atender produtores com propriedades acima
de 15 módulos fiscais - até 1,5 mil hectares, a depender da
localização geográfica. Na prática, isso ampliará o acesso ao crédito
e reduzirá os juros de produtores "de médios para grandes", atendendo
"integrados" a indústrias de aves e suínos.

As taxas, atualmente em 6,25% ao ano, podem ser equiparadas aos 5,5%
da linha familiar "Pronaf E", até agora mais atrativa por contar com
amparo de seguro de renda e produção. A renda bruta máxima para
enquadramento dessa "classe média" será ampliada de R$ 250 mil para R$
500 mil por produtor. E o limite individual de crédito passará de R$
150 mil a R$ 200 mil. Essa linha também poderá ser vinculada a
cooperativas agropecuárias.

As cooperativas também ganharão uma linha de capitalização via
ampliação das chamadas "cotas-parte" (espécie de ação) de R$ 2 bilhões
a juros de crédito rural. Os financiamentos terão cláusulas de
desempenho, compromisso com reestruturação e recomposição de capital.

A criação do FGC da agropecuária, que facilitaria o acesso dos
produtores ao crédito rural, não deve ser anunciado com o Plano de
Safra. Um estudo do governo indica a necessidade de um volume da ordem
de R$ 8 bilhões para amparar as operações desse fundo.

Mas há divergências dentro do governo sobre o desenho do novo fundo. A
medida beneficiaria 95 mil produtores rurais adimplentes com dívidas
renegociadas que conseguiram, ou não, financiamentos de custeio. O FGC
seria abastecido por contribuições dos produtores sobre operações de
custeio. O "pedágio" variaria entre 1,75% a 4%. Os produtores
inadimplentes ficariam fora dos benefícios do FGC.

Outra medida para ajudar a concessão de crédito deve ser a
reformulação de uma resolução do Banco Central. Hoje, quem renegocia
uma parcela da dívida tem toda sua operação arrastada para níveis de
risco de crédito mais elevados, o que prejudica os balanços dos bancos
ao exigir provisões maiores e impede o acesso dos produtores a novos
créditos.

A carteira de crédito rural total tem, segundo dados do BC, R$ 14,3
bilhões em dívidas nos piores níveis de risco -"D" a "H". A nova
resolução desobrigaria os bancos de "arrastar" toda a dívida para
níveis de risco maiores. Apenas a parcela vencida da dívida seria
reclassificada para baixo.

O governo ainda debate sobre eventual redução dos juros. O Ministério
da Agricultura insiste em reduzir em 0,75 ponto percentual, de 6,75%
para 6%, mas o Ministério da Fazenda e os bancos são contrários por
entender que a redução coloca em risco a elevação do volume de crédito
subsidiado ao setor porque desestimularia os bancos a emprestar ao
setor.