vide
Cerca de 94 mil produtores rurais tiveram os riscos agravados ao
renegociarem as dívidas e não terão condições de adquirir novos
empréstimos
Crise e medo de calote afetaram a oferta de crédito para o agronegócio
Daqui a uma semana, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, vai
anunciar em Londrina (PR), o novo plano agrícola para a safra
2009/2010. Mas de acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária
do Brasil (CNA), 94 mil produtores rurais tiveram os riscos agravados
ao renegociarem as dívidas e não terão condições de adquirir novos
empréstimos.
As entidades do setor produtivo queriam do governo R$ 120 bilhões a
serem aplicados em empréstimos para a próxima safra. Mas conseguiram
do Executivo a sinalização de R$ 93 bilhões. Só que parte desses
recursos, R$ 12,3 bilhões, vai ser direcionada para as agroindústrias.
O especialista em mercado da Organização das Cooperativas do Brasil
(OCB), Gustavo Prado, considera a decisão acertada.
Essa medida de socorro é para frigoríficos e para as agroindústrias. O
governo editou essa medida. Acho que ela é necessária porque o
produtor também depende da agroindústria. Ou seja, ‘depois da
porteira' para dar um fôlego em todos os elos da cadeia produtiva.
ACESSAR FINANCIAMENTOS
Para o setor privado não basta que o governo apenas anuncie novos
recursos, é preciso dar condições para que os produtores consigam de
fato acessar os financiamentos.
O que nós vemos hoje na aplicação do crédito rural é o elevado grau de
risco que alguns produtores tomaram em função das sucessivas
prorrogações que nós tivemos. Hoje, dos R$ 106 bilhões que é a
carteira total de crédito rural no Brasil, em torno de 14% tem algum
risco agravado. Isso envolve em torno de 94 mil produtores, que não
terão acesso à próxima safra se não for tomada alguma medida de forma
a mitigar esses riscos - afirma a assessoria técnica da Confederação
da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rosemeire dos Santos.
A crise financeira mundial e o medo de calote acertaram em cheio a
oferta de crédito para a agricultura. Nesta safra que já está quase no
fim, os desembolsos estão 21% abaixo do normal, quando comparados com
ciclos anteriores.
Levantamento do Banco Central do Brasil e da Associação dos Bancos
mostrando que até abril dos 78 bilhões disponibilizados para essa
safra apenas 57 bilhões forma liberados até abril de 2009 - afirma o
analista Gustavo Prado.