Os primeiros sinais de que a economia mundial começa a reagir já podem ser sentidos no cenário baiano, quem afirma isso é o diretor de assuntos parlamentares do IAF, Maurício Ferreira, ao anunciar que a arrecadação do ICMS deve crescer em maio de 2009, em relação ao mesmo período de 2008, em torno de 6%, alcançando valor por volta de 830 milhões. Na opinião do sindicalista, o aumento, apesar de tímido, é uma demonstração de que a economia baiana não está morta, e, apesar da falta de uma política eficaz de incentivo à industria e ao principais setores do comércio, o baiano mostra força de vontade para sair da crise.
Segundo o diretor do Instituto dos Auditores Fiscais é preciso aliar a estes sinais positivos, medidas efetivas de incentivo à atividade empresarial e que permitam que haja uma retomada na geração de postos de trabalhos. Segundo Ferreira, ainda é cedo para se afirmar se este crescimento se revela uma tendência conjuntural ou são apenas efeitos das últimas medidas implementadas pelo governo federal, tais como a redução de IPI para a linha branca e para o setor automotivo, bem como um aumento pontual na arrecadação de commodities importantes como os derivados de petróleo.
Ferreira, lembrou ainda que só a partir de junho poderá se ter uma análise mais precisa da tendência que se afigura no plano econômico do estado, e teme que, com o resultado de maio, o governo demore ainda mais em implementar as esperadas "medidas reagentes", ou sejam, aquelas voltadas a geração de empregos nos setores produtivos.
SEGMENTO PETRÓLEO
Já para o especialista em finanças públicas Sérgio Furquim, também diretor do IAF, o resultado da arrecadação apresentado no mês de maio já era esperado, principalmente em razão do aumento da arrecadação de ICMS no segmento de petróleo, contudo ele chama atenção que esta reação está se dando de forma muito setorizada, o que expõe a fragilidade da economia, carente de uma política pública de diversificação da matriz econômica e de novos empreendimentos.
Furquim lembrou que a arrecadação caiu nos últimos cinco meses meses (Dez 2008 à Abr 2009), mais de R$ 580 milhões atualizado pelo IGPM. Segundo ele, a reação esboçada é muito tímida. "Nunca na história do ICMS tivemos queda nominal de ICMS por cinco meses consecutivos", disse. Para ele, a queda de arrecadação verificada nos últimos cinco meses é preocupante pois não encontra paralelo nas outras unidades da Federação e pode indicar um enfraquecimento da economia baiana devida provocada principalmente pelos baixos investimentos privados e estatais, conseqüência da aplicação de políticas públicas que precisam ser revistas e aprimoradas.
Segundo Sérgio Furquim, é necessário que o governo estadual, desde já, aplique um choque de gestão, no sentido de que seja criada uma agenda positiva de realizações capaz de reverter o fechamento de empresas, a manutenção e geração de postos de trabalho, a reabilitação de agentes econômicos, a captação de novos investimentos privados e, principalmente, a diversificação da matriz econômica do estado.
Apresentando um minuncioso estudo econômico, Furquim declarou que apenas a Bahia e Minas Gerais tiveram grandes perdas de arrecadação nos primeiros meses do ano, e a situação da economia baiana é a que se apresenta mais grave, comprometida principalmente poelo aumentos das despesas de custeio.
A perda estimada de arrecadação para 2009 deve se situar em quase R$ 800 milhões em relação ao Orçamento do Estado de 2009, e a ausência de projetos devem limitar o ingresso de novos investimentos públicos a curto prazo, já que até hoje, apenas 2% das obras do PAC se encontram concluídas, o que fará com que os efeitos positivos dos investimentos nas obras que integram o Programa de Aceleração de Crescimento - PAC só venham a ser sentidos depois de 2012, concluiu Furquim.