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Manguezais de Camamu e Acupe são povoados com caranguejos
Aproximadamente um milhão de filhotes de caranguejo
(megalopas) foram lançados nos manguezais dos municípios de
Santo Amaro (distrito de Acupe) e Camamu, a 71 e 335
quilômetros de Salvador, respectivamente, para repovoamento
marinho nessas regiões. Em Acupe foram distribuídos 800 mil
megalopas e outros 200 mil em Camamu, que estarão na fase
adulta, prontos para captura, nos próximos seis anos.
O trabalho faz parte da Secretaria da Agricultura, através
da parceria entre a Bahia Pesca e a ONG Grupo Integrado de
Aqüicultura e Meio Ambiente (GIA), e Universidade Federal
do Estado do Paraná, que há 10 anos realiza trabalho dessa
natureza no Brasil e desde o ano passado trabalha em
parceria com o Governo do Estado da Bahia.
Em Camamu foi feita a última etapa do povoamento este ano
na Bahia e conforme explicou o coordenador do Projeto
Puçá, o diretor-técnico da Bahia Pesca, Marcos Rocha, nas
duas regiões os filhotes de caranguejo deverão se
desenvolver nos próximos seis anos, mas longe da ação
predadora do homem, que não deverá capturá-los.
"É preciso que esse repovoamento siga o seu curso normal, para que
os megalopas atinjam a maturidade e continuem, então, o
ciclo reprodutivo, permitindo a recomposição da fauna nos
manguezais onde foram colocados", disse.
Parceria
Para o diretor-técnico da Bahia Pesca, todo o trabalho só terá
resultados positivos se houver uma conscientização da população local e
uma fiscalização dos órgãos de proteção ambiental.
"É importante esse trabalho, pois os caranguejos que estão sendo colocados agora nos manguezais, só podem ser capturados quando suas carapaças tiverem em torno
de seis centímetros de espessura, que é o que a legislação do Ibama
permite", disse.
O trabalho de parceria com a Bahia Pesca foi iniciado no
ano passado, e além do repovoamento dos manguezais com
caranguejo-Uçá, realiza ações de conscientização ambiental
junto às marisqueiras, catadores, pescadores e
comerciantes nessas regiões. Todo o trabalho de pesquisa,
criação e reprodução das larvas de caranguejo, até a sua
fase megalope, é feito na Fazenda Experimental Oruabo,
administrada pela Bahia Pesca, no município de Santo
Amaro, a 71 quilômetros de Salvador.
Na Oruabo, as fêmeas com ovos e as larvas do caranguejo
são preservadas em tanques especiais, com a assistência
de biólogos, para assegurar a reprodução e o repovoamento
da espécie, com a liberação, posterior, em ambiente
natural. Nas ações de repovoamento, as ações de
valorização cultural, educação ambiental, de estímulo à
melhoria da qualidade dos produtos gerados e busca de
novas formas de agregação de valor às cadeias produtivas
locais, são feitas paralelamente em escolas e associações
de pescadores e marisqueiras dessas regiões.
Caranguejo- Uçá
O caranguejo- Uçá (Ucides cordatus) é da família dos ocipodídeos.
Tal espécie possui coloração dorsal verde-azulada e pernas
vermelhas, sendo encontrada na maioria dos manguezais brasileiros. O
animal tem como caracteríostica as patas carnudas, peludas e
arroxeadas. Costuma viver em locais escavados nos manguezais e só
pode ser visto quando a maré está baixa, quando sai em busca de
alimentos.
Na época do acasalamento e reprodução, a fêma do Uçá
costuma sair da toca e caminhar vagarosamente pela área próxima ao
manguezal, tornando-se presa fácil dos marisqueiros. A captura do
caranguejo-Uçá é regulamentada pela portaria do IBAMA, nº 1.208, de
22 de novembro de 1989, que estabelece tamanhos mínimos para a
largura de carapaça na região Nordeste (4,5cm).
A Lei nº 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, Lei de Crimes Ambientais, prevê,
em seus artigos de 30 a 40, multas e penas de prisão de até três anos para
quem destruir ou danificar áreas de preservação permanente,
categoria em que o habitat do caranguejo-uçá, o mangue, está
incluído.