A libertação cumpriu habeas corpus do Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região que determinou a soltura de quatro executivos e duas secretárias da construtora, além de quatro supostos doleiros citados pela investigação.
As dez pessoas que ficaram presas por quatro dias na sede da PF saíram sem falar com a imprensa, divididas em cinco carros arranjados por seus advogados. A maior parte dos citados na investigação da Operação Castelo de Areia cobriu o rosto para evitar as câmeras.
Segundo o TRF, dois habeas corpus foram concedidos pela desembargadora Cecília Mello. Na sede da PF, pouco antes da libertação de seus clientes, advogados criticaram a suposta posição ideológica do juiz federal Fausto De Sanctis, responsável por determinar a prisão dos suspostos envolvidos no caso.
Entenda o caso
Na quarta-feira, quatro executivos da construtora, duas secretárias e quatro supostos doleiros, foram presos por suspeita de envolvimento em um esquema de remessa ilegal de dinheiro da construtora para o exterior por intermédio de doleiros que atuam no Brasil e em outros países. Segundo o MPF, foi criado um esquema sofisticado de operações de câmbio e transferências bancárias.
A PF também pôs a empreiteira sob suspeita de crime eleitoral. As suspeitas da polícia sobre a prática de crimes eleitorais são baseadas em conversas entre executivos da Camargo Corrêa gravadas durante a investigação. Diversos partidos foram citados nas escutas telefônicas e de ambiente da investigação.
Todos as pessoas que ficaram presas durante dez dias foram indiciadas pela Polícia Federal. Entre os crimes de que são acusadas estão evasão de divisas, câmbio ilegal e formação de quadrilhas. Segundo investigadores, eles não deram informações relavantes para a investigação em seus depoimentos.
A empresa nega irregularidades e disse que vai cooperar com a investigação. Na sexta-feira (27), a defesa da Camargo Corrêa ganhou um reforço: o advogado e ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos.
A Procuradoria da República informou neste sábado que vai pedir auditoria em obras da empreiteira. A desconfiança é que o dinheiro usado nas operações suspeitas venha do superfaturamento de obras e de fraude em licitações.