Economia

PETROBRÁS NEGA SUPERFATURAMENTO EM OBRA DA CAMARGO CORREA

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| 26/03/2009 às 07:26

A Petrobras divulgou uma nota à imprensa na qual nega superfaturamento nas obras de terraplanagem realizadas pela construtora Camargo Corrêa (cujos diretores estão sendo investigados por envio ilegal de recursos ao exterior), na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, apesar de segunda própria petrolífera, os indícios terem sido apontados pelo Tribunal de Contas da União.


"Em auditoria, o Tribunal de Contas da União apontou indícios de superfaturamento do contrato em questão, determinando a suspensão parcial de pagamento. A Petrobras considera que não há sobre preço e superfaturamento na obra, mas acatou determinação do TCU e suspendeu o pagamento. Imediatamente iniciou o processo de defesa, contestando as irregularidades apontadas pelos auditores do tribunal. O processo ainda está em curso", diz a nota.


A construtora é alvo da Operação Castelo de Areia da Polícia Federal que apura o envio de recursos ao exterior por parte de diretores da construtora Camargo Corrêa e doleiros ligados à empresa. A PF prendeu nessa quarta-feira dez pessoas no Rio de Janeiro e em São Paulo, sendo quatro diretores da construtora, duas secretárias, dois doleiros e um suposto articulador do esquema. Um dos diretores e as duas secretárias têm prisão temporária decretada pela Justiça Federal. Os outros sete, prisão preventiva.


Membros da PF cumpriram mandado de busca e apreensão na sede da Camargo Corrêa, em São Paulo, em busca de documentos. Ainda como parte da investigação, policiais apreenderam R$ 1,5 milhão nos escritórios dos doleiros no Rio de Janeiro.

A PF informou que entre os principais crimes investigados estão evasão de divisas, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e fraude a licitações. Somados, esses crimes podem resultar em penas de até 27 anos de prisão. As investigações atingiram também diversos clientes dos doleiros, que podem responder por crime de evasão de divisas, com pena de até 6 anos de prisão.


Segundo autos divulgados pela Justiça Federal, "constaria distribuição de dinheiro a diversos partidos, como, a princípio, PPS, PSB, PDT, DEM e PP". A Justiça ainda menciona o PSDB, mas não deixa claro se o partido estaria envolvido. O PMDB também é citado.


Na tarde dessa quarta-feira, o líder do DEM no Senado, senador José Agripino Maia (RN), confirmou que seu partido recebeu R$ 300 mil da construtora Camargo Corrêa em 2008, para o financiamento de campanhas municipais no Rio Grande do Norte. De acordo com o senador, a doação foi legal.


Por meio de nota, o PPS "esclarece que não recebeu nenhuma doação da Construtora Camargo Corrêa e repudia o uso político da Polícia Federal pelo governo Lula para tentar atingir os partidos de oposição", diz o comunicado, assinado pelo presidente do partido, Roberto Freire.


O PSDB informou também que já recebeu recursos da construtora, entretanto de acordo com a lei. "Em diversas campanhas eleitorais, o PSDB recebeu doações da empresa Camargo Corrêa. Todas dentro do que determina a lei e declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE)", disse o partido em comunicado.

Em nota, o grupo Camargo Corrêa se disse "perplexo" e afirmou que até o momento não teve acesso ao teor do processo que autorizou a ação dos policiais. "A Camargo Corrêa vem a público manifestar sua perplexidade diante dos fatos ocorridos hoje pela manhã, quando a sua sede em São Paulo foi invadida e isolada pela Polícia Federal, cumprindo mandado da Justiça", informa a empresa no comunicado. "O grupo reafirma que confia em seus diretores e funcionários e que repudia a forma como foi constituída a ação (...) trazendo incalculáveis prejuízos à imagem de suas empresas."


Segundo o delegado que comandou a operação, a investigação tem um ano e teve como alvo a saída de recursos do País de forma ilegal. O dinheiro seria enviado a paraísos fiscais. "Despertou suspeita a utilização de empresas off-shore (estrangeiras), que em princípio são laranjas, para realizar as remessas", disse. De acordo com ele, as remessas teriam origem ilegal ou não seriam declaradas.