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3.5 milhões de pessoas já são atentidas pelas cooperativas de crédito
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Em 2001, apenas 1,4 milhão de brasileiros faziam parte desse sistema; em 2006, o número saltou para 2,8 milhões e, até o ano passado, já somava 3,5 milhões
A crise financeira colocou o cooperativismo de crédito em evidência no Brasil. Enquanto os bancos restringem os empréstimos e elevam as taxas de juros, as cooperativas aumentam a oferta de crédito com manutenção dos juros atrativos, o que tem atraído um número cada vez maior de associados. O volume de crédito ofertado pelas cooperativas de crédito do Sicoob, no Distrito Federal, dobrou de agosto a outubro, período em que explodiu a crise.
O cooperativismo de crédito é um modelo capaz de unir desenvolvimento econômico e bem-estar social e, neste momento de dificuldade na nossa economia, ganha espaço na sociedade brasileira. Em 2001, apenas 1,4 milhão de brasileiros faziam parte desse sistema; em 2006, o número saltou para 2,8 milhões e, até o ano passado, já somava 3,5 milhões.
Em alguns países, principalmente os europeus, o cooperativismo de crédito já é arraigado e responde por fatia significativa do mercado financeiro. Para se ter uma idéia, o sistema de cooperativismo de crédito Desjardins, sediado em Quebec, no Canadá, tem quase 6 milhões de associados e emprega 40 mil pessoas. É o principal agente financeiro da província canadense com ativos da ordem de Can$ 144 bilhões (dólares canadenses) e detém 49,4% da fatia de cartões de crédito; 42,5% dos empréstimos agrícolas e 44,1% das poupanças.
No Brasil, o cooperativismo de crédito ainda é pouco conhecido por grande parte da população brasileira. Acredito que esse crescimento será ainda maior quando conseguirmos difundir amplamente a cultura cooperativista. Creio também que o cenário atual pode ser visto como uma oportunidade para isso. Diante da redução do crédito no mercado brasileiro, as cooperativas de crédito já se apresentam como uma boa opção.
Elas oferecem diversas linhas de crédito e excelentes produtos e serviços financeiros com tarifas e juros mais suaves, em comparação a outras instituições financeiras, além de distribuírem sobras (lucros), ao final do exercício de cada ano, para os associados. Só para lembrar, o cooperado não é um simples cliente, ele é dono do empreendimento.
As cooperativas de crédito são regulamentadas pelas leis 5.764/71 e 4.595/64 e normas emanadas do Conselho Monetário Nacional (CMN) e do Banco Central do Brasil. Há diversas modalidades de cooperativas de crédito, que são constituídas de acordo com o objeto, natureza das atividades e vínculos profissionais. São elas: cooperativas de empregados públicos ou privados, de microempresários, de empresários, de profissionais, de crédito rural e de livre admissão.
Os valores referenciais do cooperativismo de crédito são: participação democrática, solidariedade, independência, autonomia e educação. É um sistema que prioriza as pessoas e não o capital. Por isso, os juros das operações financeiras são mais justos e os recursos que sobram não ficam concentrados nas mãos de poucos. Ao contrário, é diluído, é distribuído.
Os principais sistemas brasileiros de cooperativismo de crédito são: Sicoob, Sicredi, Unicred, Ancosol, CentralCred, Cecred, Cecrers, Federalcred e Ceeoopes. No Distrito Federal, o principal sistema é o Sicoob, formado por uma cooperativa centralizadora - o Sicoob Central DF - e mais 19 cooperativas filiadas. No Brasil, tal sistema possui mais de 1,6 milhão de associados, 1.600 pontos de atendimento e fechou o ano de 2007 com ativos de aproximadamente R$ 13 bilhões e registrou volume de empréstimos de R$ 7 bilhões.
O cooperativismo de crédito foi idealizado por Frederich Wilhelm Raiffeisen, na Alemanha, 1848, para fomentar o crédito aos agricultores da época. O modelo chegou às cidades pelo magistrado Hermann Schulze, que o implantou, em 1867, também na Alemanha, como alternativa do crédito para os comerciantes da pequena cidade de Delitzch. Em 1902, o padre jesuíta suíço Theodor Amstad trouxe o modelo de instituição financeira para o Brasil, ao liderar a formação da cooperativa de Nova Petrópolis (RS), a primeira cooperativa de crédito do país e que está em plena atividade até os dias de hoje.
As especificidades e seus valores fazem do sistema a alternativa socioeconômica que leva ao sucesso com equilíbrio e justiça entre os participantes. O cooperativismo de crédito é uma alternativa aos bancos comerciais e importante instrumento para o crescimento econômico com sustentabilidade e solidariedade.