"Os habitantes do mundo observaram com surpresa e incredulidade como algumas
estruturas financeiras mundiais se viram afetadas pelo pânico e como, em
conseqüência, alguns bastiões no campo dos investimentos e da rede bancária
entraram em colapso e desapareceram.
Também se assombraram com o fato de que
líderes políticos mundiais se viram forçados a comprometer grandes quantidades de
dinheiro dos contribuintes, num esforço para fortalecer e estabilizar os bancos e os
mercados de valores, os quais foram sacudidos até as suas raízes pela avidez
corporativa e a má gestão gerencial com fins lucrativos. Agora sentem temor pelos
efeitos de tudo isto na economia real.
Ao mesmo tempo estes mesmos cidadãos e cidadãs sabem que há um modelo
empresarial alternativo e seguro, estável e de propriedade e controle sustentável por
parte de 800 milhões de pessoas ao redor do mundo. É um modelo fiel aos seus
valores e princípios globais de auto-ajuda, sustentabilidade, propriedade e controle da
comunidade, participação democrática, justiça e transparência.
É um modelo empresarial que não está à mercê dos mercados de valores porque em seu campo de atuação depende dos fundos aportados por seus membros e não está sujeito à manipulação e avidez dos executivos, já que é controlo por e para as pessoas em âmbito local. É uma empresa onde os excedentes não são simplesmente distribuídos a seus sócios proprietários, mas, sim, devolvidos a aqueles que realizam transações com a empresa; portanto, mantém as riquezas geradas pelos negócios locais, nas comunidades locais, para o bem das famílias, da comunidade e o meio ambiente.
Este é o setor cooperativo da economia mundial, que emprega 100 milhões de
pessoas ao redor do mundo. Não é casualidade que as economias com mais êxito e
estáveis geralmente tenham, também, as economias com maior participação
cooperativa no mundo.
Tampouco é coincidência que aquelas empresas cooperativas que permaneceram
fiéis aos valores e princípios cooperativos, sejam as mesmas empresas que nestas
recentes semanas tenham se beneficiado da migração de depósitos e contas
bancárias das empresas de inversão e de bancos que entraram em colapso ou que
fracassaram.
Sem dúvida alguma, trata-se de um reconhecimento da contínua
confiança com que o público em geral brinda as empresas cooperativas.
Sabemos que a cooperativa é um tipo diferente de empresa, norteada por valores e
com uma ética diferente.
Quando os líderes políticos mundiais planejam sua reunião para examinar se as
instituições que governam o sistema financeiro e bancário estão capacitadas para este
propósito, nós, os privilegiados por representar a economia cooperativa mundial,
fazemos um chamado a nossos líderes políticos para:
1. Utilizar a combinação de suas forças políticas e financeiras para colocar a mesma
energia e motivação na proteção dos habitantes do mundo contra os piores efeitos da
recessão mundial. Recessão que agora enfrentamos como resultado da má
administração corporativa do modelo de empresa manejado pelos interesses dos
investidores;
2. Assegurar que na luta contra a recessão e em qualquer reforma das estruturas
financeiras mundiais, tal como um novo sistema regulador, se dedique especial
atenção à estabilidade e segurança da economia cooperativa mundial e de seu valor
para os milhões de indivíduos e famílias que são apoiados e todos os rincões do
mundo, bem como outorgar a este modelo empresarial o reconhecimento e o apoio
político que sua contribuição para a economia mundial exige;
3. Assegurar a igualdade de condições entre os países e os modelos bancários e levar
em conta a diversidade dos sistemas bancários nas futuras regulamentações.
A Aliança Cooperativa Internacional está disposta a contribuir com sua específica
idoneidade a serviço do G8 para resolver estes temas".
Ivano Barberini
Presidente
Stanley Muchiri Li Chunsheng
Vice-presidente de África Vice-presidente de Asia-Pacífico
Carlos Palacino Dame Pauline Green
Vice-presidente de las Américas Vice-presidente de Europa
Em nome dos membros do Conselho de Administração da ACI:
Alban D'Amours (Canadá) Lourdes Ortellado Sienra (Paraguay)
Won-Byung Choi (Corea) Janusz Paszkowski (Polonia)
Jean-Louis Bancel (Francia) Javier Salaberria (España)
Jean-Claude Detilleux (Francia) Felice Scalvini (Italia)
Ramón Imperial Zúñiga (México) Seah Kian Peng (Singapur)
Surinder Kumar Jakhar (India) Americo Utumi (Brasil)
Isami Miyata (Japón)
Sobre a ACI - A Aliança Cooperativa Internacional (ACI) une as cooperativas em todo
o mundo. É a custódia dos valores e princípios cooperativos e defende seu peculiar
modelo empresarial baseado em valores que também proporciona aos indivíduos e às
comunidades um instrumento de auto-ajuda e influência sobre o seu próprio
desenvolvimento. A ACI advoga pelos interesses e pelo êxito das cooperativas,
difunde as melhores práticas e o conhecimento, fortalece seu desenvolvimento
organizacional e supervisiona seu desempenho e seu progresso no tempo.
Tradução: Edmilson Sena da Silva