Economia

COOPERATIVAS ATUAM COM 800 MILHÕES DE PESSOAS EM TODO MUNDO

Vide
| 19/11/2008 às 10:12
  A Aliança Cooperativa Internacional (ACI) veicula carta dirigida aos governos dos países que compõem o grupo internacional G8. No documento, os dirigentes da ACI ressaltam que, em meio à crise econômica que afeta o mundo, existe um modelo empresarial sustentável que envolve, atualmente, 800 milhões de pessoas em todo o planeta: as cooperativas.

  O G8 reúne os sete países mais industrializados e desenvolvidos economicamente do mundo, mais a Rússia (EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e o Canadá). 

Carta Aberta aos
governos do G8


"Os habitantes do mundo observaram com surpresa e incredulidade como algumas

estruturas financeiras mundiais se viram afetadas pelo pânico e como, em

conseqüência, alguns bastiões no campo dos investimentos e da rede bancária

entraram em colapso e desapareceram.

Também se assombraram com o fato de que

líderes políticos mundiais se viram forçados a comprometer grandes quantidades de

dinheiro dos contribuintes, num esforço para fortalecer e estabilizar os bancos e os

mercados de valores, os quais foram sacudidos até as suas raízes pela avidez

corporativa e a má gestão gerencial com fins lucrativos. Agora sentem temor pelos

efeitos de tudo isto na economia real.


Ao mesmo tempo estes mesmos cidadãos e cidadãs sabem que há um modelo

empresarial alternativo e seguro, estável e de propriedade e controle sustentável por

parte de 800 milhões de pessoas ao redor do mundo. É um modelo fiel aos seus

valores e princípios globais de auto-ajuda, sustentabilidade, propriedade e controle da

comunidade, participação democrática, justiça e transparência.

É um modelo empresarial que não está à mercê dos mercados de valores porque em seu campo de atuação depende dos fundos aportados por seus membros e não está sujeito à manipulação e avidez dos executivos, já que é controlo por e para as pessoas em âmbito local. É uma empresa onde os excedentes não são simplesmente distribuídos a seus sócios proprietários, mas, sim, devolvidos a aqueles que realizam transações com a empresa; portanto, mantém as riquezas geradas pelos negócios locais, nas comunidades locais, para o bem das famílias, da comunidade e o meio ambiente.

Este é o setor cooperativo da economia mundial, que emprega 100 milhões de

pessoas ao redor do mundo. Não é casualidade que as economias com mais êxito e

estáveis geralmente tenham, também, as economias com maior participação

cooperativa no mundo.


Tampouco é coincidência que aquelas empresas cooperativas que permaneceram

fiéis aos valores e princípios cooperativos, sejam as mesmas empresas que nestas

recentes semanas tenham se beneficiado da migração de depósitos e contas

bancárias das empresas de inversão e de bancos que entraram em colapso ou que

fracassaram.

Sem dúvida alguma, trata-se de um reconhecimento da contínua

confiança com que o público em geral brinda as empresas cooperativas.

Sabemos que a cooperativa é um tipo diferente de empresa, norteada por valores e

com uma ética diferente.


Quando os líderes políticos mundiais planejam sua reunião para examinar se as

instituições que governam o sistema financeiro e bancário estão capacitadas para este

propósito, nós, os privilegiados por representar a economia cooperativa mundial,

fazemos um chamado a nossos líderes políticos para:


1. Utilizar a combinação de suas forças políticas e financeiras para colocar a mesma

energia e motivação na proteção dos habitantes do mundo contra os piores efeitos da

recessão mundial. Recessão que agora enfrentamos como resultado da má

administração corporativa do modelo de empresa manejado pelos interesses dos

investidores;


2. Assegurar que na luta contra a recessão e em qualquer reforma das estruturas

financeiras mundiais, tal como um novo sistema regulador, se dedique especial

atenção à estabilidade e segurança da economia cooperativa mundial e de seu valor

para os milhões de indivíduos e famílias que são apoiados e todos os rincões do

mundo, bem como outorgar a este modelo empresarial o reconhecimento e o apoio

político que sua contribuição para a economia mundial exige;


3. Assegurar a igualdade de condições entre os países e os modelos bancários e levar

em conta a diversidade dos sistemas bancários nas futuras regulamentações.

A Aliança Cooperativa Internacional está disposta a contribuir com sua específica

idoneidade a serviço do G8 para resolver estes temas".


Ivano Barberini

Presidente


Stanley Muchiri Li Chunsheng

Vice-presidente de África Vice-presidente de Asia-Pacífico


Carlos Palacino Dame Pauline Green

Vice-presidente de las Américas Vice-presidente de Europa


Em nome dos membros do Conselho de Administração da ACI:

Alban D'Amours (Canadá) Lourdes Ortellado Sienra (Paraguay)

Won-Byung Choi (Corea) Janusz Paszkowski (Polonia)

Jean-Louis Bancel (Francia) Javier Salaberria (España)

Jean-Claude Detilleux (Francia) Felice Scalvini (Italia)

Ramón Imperial Zúñiga (México) Seah Kian Peng (Singapur)

Surinder Kumar Jakhar (India) Americo Utumi (Brasil)

Isami Miyata (Japón)


Sobre a ACI - A Aliança Cooperativa Internacional (ACI) une as cooperativas em todo

o mundo. É a custódia dos valores e princípios cooperativos e defende seu peculiar

modelo empresarial baseado em valores que também proporciona aos indivíduos e às

comunidades um instrumento de auto-ajuda e influência sobre o seu próprio

desenvolvimento. A ACI advoga pelos interesses e pelo êxito das cooperativas,

difunde as melhores práticas e o conhecimento, fortalece seu desenvolvimento

organizacional e supervisiona seu desempenho e seu progresso no tempo.

Tradução: Edmilson Sena da Silva