A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) abriu, nesta quarta-feira, com forte queda de 4,80%. Por volta das 11h, o índice ensaiou uma reação, mas, às 13h15 voltou a cair e registrava baixa de 3,49%, aos 38.738 pontos.
Desde 13 de março de 2003, início do governo Lula, o BC não fazia esse tipo de venda, mas depois do agravamento da crise financeira atuou de formas diferentes. Foram vendidos dólares, com compromisso de compra, no total de US$ 1,7 bilhão, ou seja, no vencimento esses recursos vão voltar ao BC.
A autoridade monetária também realizou operações de swap cambial (contratos que trocam o rendimento em juros pela oscilação do dólar), no valor de cerca de US$ 2,7 bilhões.
As taxas de corte dos três leilões realizados nesta quarta-feira foram de R$ 2,44, R$ 2,37 e R$2,35. Os dólares vendidos pelo BC fazem parte das reservas internacionais que somam mais de US$ 208 bilhões.
Mercado nervoso
e desconfiado
Pouco antes do anúncio do leilão, a pressão do dólar no mercado doméstico era atribuída, por alguns, ao terror que viviam outras divisas de países emergentes nesta manhã. Mas boa parte dos profissionais nas mesas de operações é reticente nas análises.
"Não temos muito o que fazer, nem falar. De 1990 para cá, nunca vi esse tipo de movimento nos mercados. A crise é parecida com outras, como a que começou em Hong Kong, ou com o estouro da bolha da internet, mas o agravante agora, em relação àquelas ocasiões, é que temos uma desconfiança no sistema financeiro. As pessoas estão com medo de perder tudo", disse o operador de derivativos de uma instituição nacional, ponderando, no entanto, que a regulamentação dos mercados domésticos é maior e mais eficiente que a dos EUA.
Ainda assim, por aqui, não faltam rumores de que haveria instituições financeiras e empresas com dificuldade para zerar posições vendidas em dólar. Mas muitos acreditam que a especulação é maior do que os fatos. Fala-se, inclusive, que instituições continuaram fazendo apostas ousadas em meio à crise e agora pressionam as cotações para poder ganhar.
De qualquer maneira, os especialistas não arriscam afirmar se há ou não problemas graves e sérios no mercado doméstico, ou se a valorização da moeda norte-americana é exagerada e especulativa. E é justamente dessa insegurança que a alta do dólar continua encontrando espaço para se alimentar.