Segundo o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, a centralização das atividades em um só centro operacional - antes, a empresa mantinha 10 unidades regionais para as áreas financeira, contábil e tributária - representará uma economia de R$ 207 milhões para a estatal. Em Salvador, a empresa já mantinha uma unidade administrativa, no bairro do Itaigara, e um centro de treinamento, na avenida Tancredo Neves.
"As facilidades criadas com a tecnologia de comunicação, que nos permitem daqui trabalhar com todas as nossas unidades no Brasil e em 26 países, e a qualidade de vida no estado foram alguns dos fatores determinantes para a escolha da Bahia", disse Gabrielli, ao explicar as razões técnicas para a instalação da unidade no estado, na solenidade de inauguração. O evento foi transmitido para todas as unidades da empresa pelo canal de TV da estatal.
SERVIDORES
O governador Jaques Wagner destacou as vantagens para o estado, referindo-se à vinda de toda a diretoria e executivos, num total de 500 funcionários, com salários bem acima da média local. "Vai movimentar a nossa economia do setor imobiliário ao de serviços", disse Wagner, parabenizando a empresa pela decisão.
O bom humor foi um dos marcos da cerimônia. Quando um jornalista, por exemplo, perguntou a Gabrielli sobre as pesquisas com a camada pré-sal na Bahia, bem como as atividades de exploração na Baía de Camamu e na Bacia do Jequitinhonha, ele respondeu: "Só perfurando", disse, revelando em seguida em voz alta para Wagner:
"Não posso dizer ainda, governador, que vamos intensificar as operações no estado a partir do dia 5".
Wagner aproveitou: "Ele diz, tecnicamente, que só perfurando, mas já consultei os orixás e eles me deram a certeza", disse, desejando boas-vindas aos executivos que vão trabalhar no Cofip. "É bom que vocês se acostumem com a força do nosso sincretismo religioso".
O humor em alta tinha motivos tanto para a Petrobras, quanto para o governo baiano: no mesmo dia comemorava-se a entrega da primeira carga de biodiesel (44 mil litros) da unidade da empresa em Candeias, além da formatura de 400 jovens carentes de 12 municípios do estado pelo projeto Jovem Aprendiz.
TENDÊNCIA
Em entrevista coletiva, antes da solenidade de inauguração do Cofip, o diretor da área financeira da Petrobras, Almir Barbassa, explicou que a centralização das áreas financeira, contábil e tributária segue uma tendência mundial das empresas de grande porte. "A decisão foi tomada após a elaboração de um amplo mapeamento do mercado, quando se chegou à conclusão de que a solução propicia maior padronização e controle", informou.
A migração das atividades para o Cofip foi iniciada em 7 de julho deste ano e só deverá ser concluída em novembro. "A transferência está sendo feita de forma progressiva com ondas de migração que impedirão qualquer descontinuidade nos processos executados pela empresa, significando maior segurança nas operações", disse Barbassa. Ele explicou que a medida visa dar suporte aos objetivos de crescimento das atividades da Petrobras.
"Essa iniciativa, já implementada por muitas empresas, permite ganhos em produtividade. Consegue-se fazer muito mais com o mesmo grupo de pessoas", frisou Barbassa, completando: "Ao mesmo temo, possibilita um nível de controle de operações muito melhor, facilitando a integração e garantindo a integridade dos processos, que passam a ser feitos de maneira uniforme".
Crise americana
Sobre os rumos da Petrobras, em meio a crise americana, a diretoria da empresa disse que, em relação a flutuação do câmbio, como a companhia mantém atividades tanto de exportação, quanto de importação, "as perdas ou ganhos são difíceis de mensurar e realmente vão conforme o momento", como frisou o presidente Gabrielli. Ele acredita que os impactos para a Petrobras serão notados mais futuramente.
"Os mercados ficarão retraídos e somente os melhores projetos terão vez, o que não nos preocupa porque estamos entre as melhores companhias do setor no mundo", declarou. Para os diretores financeiros reunidos no Cofip, ele alertou: "Ainda bem que tomamos a decisão no momento certo, porque estamos com as atividades centralizadas operando com mais eficiência, quando justamente a conjuntura internacional exigirá muito mais de nós".