O superintendente de crédito do Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob), Paulo Ribeiro, afirma que os grandes bancos privados ainda desprezam o crédito rural. "Eles têm preferência por operações mais rentáveis, já que o crédito rural tem taxas controladas.
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O sistema cooperativo, então, acaba drenando os recursos privados", explica.
Segundo Fabio de Carvalho Pinto, diretor da InterCapital Finanças, a variação do crédito rural cooperativo cresce mais do que igual modalidade no sistema bancário devido ao forte relacionamento recíproco entre o cooperado e sua cooperativa.
Um facilitador, explica o especialista, é a política de garantias para empréstimos. Enquanto a cooperativa geralmente solicita a própria colheita futura, os bancos só trabalham com garantias reais. "O sistema de cooperativa é criado para esta finalidade. Como o crédito rural é muito pulverizado, os tomadores não têm o perfil que se enquadra nas formalidades exigidas por uma instituição financeira para a liberação dos recursos".
O diretor da InterCapital destaca ainda que é papel das organizações cooperadas incentivar o negócio de seus associados. "A cooperativa ajuda tanto na produção quanto no escoamento do produto final, com taxas menores do que as do sistema bancário", afirma Pinto. Em alguns casos os recursos das cooperativas são arrecadados pelos próprios associados, enquanto os bancos captam recursos em CDBs, que geram custos maiores.
O gerente de mercado da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Evandro Ninaut, informa que as instituições financeiras tradicionais não estão nas regiões de microcrédito, ou seja, nas regiões rurais, onde existe um cooperativismo bastante arraigado. "A cooperativa conhece seu associado e verifica quem tem condição de pagamento", afirma ele. Segundo Ninaut, mesmo seguindo as regras do sistema de crédito do Banco Central, as cooperativas funcionam com menos burocracia.