Economia

A VERSÃO OCULTA DA FERROVIA OESTE-LESTE BAIANO E A AÇÃO MINEIRA

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| 22/08/2008 às 11:09
  Esta historia da aprovação pelo Congresso Nacional da proposta de construção de duas ligações ferroviárias entre os Oceanos Pacifico e Atlântico tem que ser contada em detalhes preciosos, para desvendar os tipos de acordo que são feitos, naturalmente, entre os parlamentares, em detrimento do verdadeiro interesse nacional.


   Há mais de 50 anos, inicialmente através do ex-deputados baianos Vasco Filho e, posteriormente, de Vasco Neto, esta ligação, passando pelo território baiano e terminando num porto entre Marau e Ilhéus, era ardentemente defendida, inclusive consta do Plano Nacional de Viação, sem ter merecido qualquer prioridade dos governos, principalmente da era JK para cá, quando começou o total abandono das ferrovias, em favor das rodovias.


  Os especialistas em transporte ferroviário sempre defenderam a solução original, por ser a infinitamente a de menor custo de implantação e percurso menor, caracterizando duplo ganho: de tempo e recursos. Por isso, foi colocada no PAC com este traçado pela Bahia, inclusive entroncando com a Norte-Sul que se encontra em construção.


  Então, apareceu como relator da MP que modificava o Plano Nacional de Viação, na Câmara Federal, o deputado mineiro Jaime Martins (PR), com fortes interesses na área siderúrgica, e inventa uma nova ligação em substituição à baiana, a qual, a partir de Goiás, passaria pela região de Minas Gerais onde tem negócios, para desaguar em Macaé (RJ) e, ao norte, em vez de atravessar, em Rondônia, a fronteira Brasil/Peru, segue até o norte do Acre, aumentando o percurso em 1.400 km.


  Como pano de fundo deste ato, está a luta que os produtores independentes de minérios travam com a Cia. Vale do Rio Doce, para participarem do "boom" mundial em busca deste tipo de comodittie, já que a CVRD domina a gestão das principais ferrovias e não permite o escoamento da produção dos demais concorrentes.  


  Chegando ao Senado, em vez de se restabelecer somente o traçado original, conserva a "invenção" mineira e adiciona a solução tecnicamente mais viável, que é a via Bahia.

Imagine que o País durante muito tempo não viabilizou uma ligação Pacifico/Atlântico, medindo em torno de 3.100 km, mas, no estalar dos dedos, apareceram condições de 
  medindo em torno de 3.100 km, mas, no estalar dos dedos, apareceram condições de realizar  duas, totalizando cerca de 6.100 km.


  Segundo o manual de custos de serviços de obras do DNIT, o quilometro de ferrovia custa R$ 2,1 milhões, pelo que se pode chegar ao numero do "combinemos" entre os parlamentares para os cofres da Viúva arcarem: R$ 12,81 bilhões.


   Pobre Brasil real que produz no interior e depende deste tipo de acerto para ganhar o mercado internacional !!!!