Economia

RECUPERAÇÃO DE CRÉDITO GANHA FORÇA COM ALTA DE EMPRÉSTIMOS

Mesmo assim, setor está saudável
| 24/07/2008 às 16:26
As empresas responsáveis pela recuperação de crédito passam por um momento muito favorável. O motivo não é o aumento da inadimplência, como se pensa em uma primeira análise, mas sim o crescimento da concessão de crédito.
 
Segundo o presidente da Associação Nacional das Empresas de Recuperação de Crédito (Aserc) e empresário, José Roberto Romeu Roque, as empresas desse segmento cresceram vegetativamente, acompanhando a expansão do crédito, que deu um salto de cerca de 40% nos últimos dois anos e já chega a 36% do Produto Interno Bruto (PIB).

Hoje, dados do Banco Central indicam que o saldo das operações de crédito do sistema financeiro nacional já atingiu R$ 1,044 trilhão. Este montante, segundo Roque, permite que as cerca de 120 companhias associadas à Aserc movimentem volumes superiores a R$ 150 bilhões e faturem cerca de R$ 3 bilhões por ano.

Para que isso ocorra, essas empresas trabalham não apenas com créditos bancários, quando são terceirizadas para recuperá-los, mas também "onde há dívida", como define o presidente da Aserc. Isso inclui, por exemplo, a prestação de serviço para as companhias de fornecimento de energia, água ou telefonia.

Apesar do cenário favorável nos últimos anos, Roque externa preocupação com a inflação e com a inadimplência. "A inadimplência sempre vai existir. Mas não é verdade que o aumento da inadimplência nos favorece. Ganhamos com a redução [da inadimplência] e com o aumento do crédito. Ganhamos justamente em cima do que se recupera", analisa o executivo.

"Nosso trabalho é trazer o inadimplente de volta para o mercado de consumo. Na maioria dos casos, o inadimplente não é um mau-caráter, mas sim uma pessoa que se endividou além da conta e perdeu o emprego, por exemplo. Especialmente nas classes C e D, existe um constrangimento psicológico em relação à dívida. Quando negociamos uma forma de pagar, essa pessoa deixa de se sentir um pecador para voltar ao paraíso", compara Roque.