Vide
As cooperativas de crédito brasileiras devem incentivar a integração
de seus empregados a seus quadros de associados. Para Mlkel Lezamis,
diretor do Mondragon Complexo Cooperativo (MCC), originário do País
Basco, Espanha, com atuação em vários países do mundo, incluindo
Brasil, o século XXI vai ser caracterizado pelo desenvolvimento
extraordinário do capital social e intelectual e um desafio que se
impõe é a redefinição dos papéis dentro de empresas ou grandes
corporações.
"Grandes e médias empresas querem mudar a imagem perante a sociedade
e, inclusive, bancos tradicionais como o de Bilbao, estão fazendo o
impensável há pouco tempo que é a abertura de capital para seus
empregados", afirmou. Ele fez palestra durante o '7° Congresso de
Cooperativismo de Crédito' promovido, em Fortaleza, pela Confebrás,
com o apoio do Sebrae, entre outras instituições.
Segundo Lesamiz, as cooperativas do mundo inteiro, que por principio
têm uma função social intrinsecamente ligada à econômica, precisam
evoluir nesse sentido. "Não podemos conviver para sempre com duas
categorias de pessoas, a dos donos das cooperativas (poupadores), que
são seus associados, e os que nelas trabalham", afirmou.
O MCC já resolveu esse problema. Depois de um ano, o empregado pode se
candidatar a sócio, mediante um aporte de 14 mil euros, o equivalente
ao salário mínimo anual praticado no âmbito do Complexo. Esse montante
pode ser financiado, sem juros, em 60 parcelas (5 anos). No caso do
empregado ter algum tipo de problema financeiro familiar, como um
número grande de dependentes, esse financiamento pode chegar a dez
anos. "Ninguém deve ser impedido na intenção de se tornar um
associado", enfatizou.
O Mondragon é um complexo cooperativo financeiro e industrial. Atua
nos quatros continentes e tem programas de apoio específicos a países
mais pobres. A divisão financeira opera produtos como seguros,
poupança e previdência. Opera também uma Caixa Laboral que apóia micro
e pequenas empresas. A divisão industrial atua nos segmentos de
automação e construção entre outros. É proprietário de 67 fábricas no
mundo todo, sete das quais no Brasil. Organizadas como sociedades
anônimas, as empresas do braço brasileiro do Mondragon distribuem 20%
dos lucros aos seus empregados.