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Ontem,18/6, exatamente cem anos após a chegada do navio Kasato Maru ao Porto de Santos, trazendo os primeiros 781 imigrantes japoneses ao Brasil para trabalhar nos cafezais paulistas, o Agrícola traz esta edição especial sobre a contribuição dos nipônicos e suas gerações ao agronegócio. Sobretudo em São Paulo, Estado no qual eles inicialmente se instalaram nas fazendas cafeeiras, mas depois firmaram as bases de uma agricultura de pequenas propriedades, diversificada e cheia de novidades tecnológicas e introdução de novas variedades. Contribuição que se perpetua até hoje e que marca algumas regiões do Estado. Nos municípios de Embu e Rio Grande da Serra, no Cinturão Verde, por exemplo, 100% dos proprietários rurais são nikkeis - japoneses e seus descendentes -, conforme o trabalho Proprietários rurais nikkei no Estado de São Paulo, de autoria do pesquisador Alfredo Tsunechiro e co-autoria do pesquisador Francisco Alberto Pino, ambos do Instituto de Economia Agrícola (IEA-Apta), da Secretaria de Agricultura paulista. Já em Bastos, a Capital do Ovo no País, 67,5% das propriedades pertencem a nikkeis.
NOVIDADES ALIMENTARES Conforme os contratos de trabalho com as fazendas cafeeiras foram vencendo, a maior parte dos japoneses continuou na agricultura. E introduziram a policultura nas colônias. Como é relatado no livro O Nikkei no Brasil (Ed. Atlas), coordenado por Kiyoshi Harada, os japoneses modificaram vários hábitos alimentares brasileiros, baseados, no início do século 20, em carne-seca, feijão, arroz e farinha de mandioca. Dieta diferente da dos orientais, exceto as frutas, como banana e mamão, e os peixes. Em pequenas glebas, eles introduziram várias novidades alimentares, hoje incorporadas ao cardápio nacional, como soja, couve japonesa, nabo, rabanete, batata-doce, inhame e cebolinha. Cooperativismo - Outra contribuição importante da cultura oriental à agricultura brasileira foi o fortalecimento do espírito de associativismo. Foram os japoneses os fundadores de importantes cooperativas agrícolas, como a Cooperativa Agrícola de Cotia (CAC), em 1927, 'antes mesmo de o Brasil dispor de uma legislação específica para o setor, que só surgiu em 1932', conta o ex-diretor da CAC Américo Utumi, membro do Conselho Administravo da Aliança Cooperativa Internacional. 'Durante quase 60 anos de vida a CAC se tornou a maior cooperativa da América Latina, sendo que pelo menos 70% de seus cooperados eram nikkeis', diz. O espírito associativista permanece mais forte até hoje entre os agricultores nikkeis. Segundo o levantamento do IEA, 42,6% dos proprietários nikkeis fazem parte de alguma cooperativa agrícola, ante 37,2% do total de proprietários rurais paulistas. De sindicatos de produtores, o índice dos nikkeis é de 44,4%, ante 30,7% do outros proprietários. E, de associações de produtores, 29,9% de nikkeis são associados, ante 19% dos produtores em geral no Estado.
Pioneirismo Conforme o ex-diretor da Cooperativa Agrícola de Cotia (CAC), Américo Utumi, as primeiras ocupações dos cerrados ocorreram em Minas Gerais, no município de São Gotardo - "Hoje o maior produtor de cenouras do País", diz. "A CAC instalou ali, em 1973, cem cooperados nikkeis, numa época em que valia o ditado: Terra de cerrado, só dado ou herdado", conta. Os cultivos iniciais eram café, soja e milho. "O Instituto Brasileiro do Café não quis financiar os primeiros plantios, pois achava que era coisa de louco produzir café no cerrado", lembra Utumi, que participou da instalação dos colonos. "Tivemos o apoio do então secretário de Agricultura de Minas Alysson Paulinelli, que, quando virou ministro | |