Há mais de 40 anos, existem, no Estado, vários nichos (Extremo Sul, Itapetinga e Feira) onde sempre foram produzidos animais para industria de corte com carne de razoável qualidade. Como não consegue-se exportar carne para o exterior, os preços sempre ficaram bastante defasados perante os vigentes no centro sul brasileiro, região onde estão sediados os grandes frigoríficos exportadores que sempre deram prioridade para absorção dos rebanhos mais próximos como matéria prima dos seus negócios.
Esta disparidade, que ao leigo é inexplicável, sempre aparece nos programas jornalísticos especializados, causando uma irritação sem tamanho nos produtores, pois chega a representar em torno de 40%.
Mas, tudo indica que o quadro de disparidades agravou-se: quando se estuda a relação com outros estados com "status" de zona livre de aftosa (Centro Oeste brasileiro), verifica-se que, há muito tempo, praticava-se aqui um preço da arroba do boi em pé gordo 20% acima do mercado de Tocantins e Pará.
Isto acontecia devido a produção ser maior do que o consumo desses estados e a saída do seu excedente, seja vivo ou abatido, depender de fretes rodoviários altos para chegar aos mercados consumidores, inclusive a Bahia.
Agora, aconteceu uma total inversão de valores, com o preço praticado nestes estados subirem cerca de 25% enquanto o vigente no mercado baiano manteve-se estabilizado, provocando uma diferença a menos de 5% do baiano, além de representar outros agravantes.
CHAVEZ INTERFERE
Esta subida de preços nestes estados deve-se a um novo personagem no setor, que poucos sabem: Hugo Chavez ......sim, o presidente da Venezuela, que com sua política econômica populista provocou uma crise de desabastecimento de alimentos básicos, principalmente carne, no País e agora tem que importar gado bovino em pé para ser abatido lá e matar a fome do povo.
Todo este gado está saindo via o porto de Belém do Pará, chegando, no ano passado, a atingir 450 mil cabeças, o que levou ao enxugamento do mercado e conseqüente reação dos preços.
Então, começou uma corrida para criar bois nestes estados, utilizando áreas desmatadas que estavam ociosas, como o mega-projeto do banqueiro Daniel Dantas, com ajuda de Carlos Rodemburgo, para criar hum milhão de cabeças, cuja implementação já provocou um "rebu" na Bahia, pela contratação de todos os caminhões boiadeiros daqui, para recolhimento dos mamotes comprados que serão engordados para exportação.
EXODO DO REBANHO
Agora vem a pior notÍcia para Bahia, os novos criadores que chegaram ao Pará estão vindo buscar bezerros no Oeste do Estado para repor seus estoques de animais de engorda, inclusive arrendando fazendas para reunião das compras e montagem de base de tranporte.
Para enfrentar esta situação, a Bahia vai ter que se preocupar com aberturas de mercados fora, principalmente nos estados Nordeste, como forma de remunerar melhor os produtores, que terão condições de competir na compra dos bezerros no Oeste, que é o celeiro das regiões de terminadoras de animais, sob pena de ver a atividade internamente desfinhar e ficar dependente de abastecimento de fora, com preços altos para a baixa renda.