Economia

NAVIO DRAGA FARÁ REMOÇÃO DOS BANCOS DE AREIA DO RIO SÃO FRANCISCO

Obras devem começar esta semana
| 13/05/2008 às 16:09
  Começaram nesta semana os primeiros testes no equipamento que vai retirar bancos de areia do leito do rio São Francisco, ação que integra o programa de revitalização do Velho Chico. O navio-draga Matrinchã, parado há cinco anos por problemas mecânicos, passou por uma série de reparos e volta a funcionar.  

  Os testes ocorrem no trecho do rio que banha o município de Barra, sede da diocese de Dom Luís Cappio, o bispo que fez greve de fome pela revitalização e contra o projeto de transposição. Orçado em R$ 500 mil, o conserto do navio-draga está sendo feito pela Codevasf, órgão ligado ao Ministério da Integração Nacional.  

    Até o final do ano, serão removidos 300 mil metros cúbicos de areia acumulados em onze pontos do rio entre Ibotirama e a entrada do lago de Sobradinho. A retomada da profundidade do rio neste segmento de 607 quilômetros vai restabelecer a antiga a hidrovia, fundamental para baratear os custos de escoamento dos alimentos produzidos no Oeste baiano.
 
    "Além de revitalizar o rio, devolvendo o ambiente propício para a reprodução dos peixes, a dragagem vai revitalizar também a economia baiana", disse o ministro da Integração, Geddel Vieira Lima, informando que o assoreamento bloqueia desde julho de 2006 a rota fluvial que facilita o transporte da produção de Barreiras ao Porto de Aratu. 

   DEMANDA 
   REPRIMIDA

  Estudos do ministério avaliam que a interdição da hidrovia provocou uma demanda reprimida de cerca de 2,5 milhões de toneladas anuais de soja, milho, algodão, fertilizantes e combustíveis. "A hidrovia ganha ainda mais importância nesta conjuntura de alta dos alimentos causada, entre outros fatores, pelo aumento do preço do petróleo e a consequente elevação dos custos com transporte".  

   O ministro disse que, no período, empregos deixaram de ser criados na região em virtude da deficiência do transporte aquaviário, que é mais barato do que o rodoviário. E citou o exemplo das indústrias Caramuru, que sustou a implantação de uma moageira de grãos em Juazeiro com capacidade de esmagamento de 600 mil toneladas anuais.  

   A recuperação do navio-draga e a concessão das licenças ambientais, que só agora começam a ser expedidas pelo CRA, órgão da Secretaria de Meio Ambiente da Bahia, criaram as condições para o dessassoreamento. Para conceder as licenças ambientais, o CRA havia determinado à Codevasf a realização de estudos prévios de batimetria, projetos de drenagem e análise de sedimentos, conforme normas do CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente).  

    O diretor de Engenharia da Codevasf, Clementino Coelho, informou que o período de testes no navio-draga e dos processos de licenciamento ambiental para cada um dos dez trechos assoreados prosseguem até o próximo mês. "A partir daí serão intensificados os trabalhos de remoção dos bancos de areia, que cedem fácil aos processos de sucção e recalque. Tudo indica que a hidrovia volta a funcionar ainda em 2008".