Economia

REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO DE 44 PARA 40 ANOS DEVE SER NEGOCIADA

Matéria da Folha de SP
| 01/05/2008 às 21:17
  O ministro Carlos Lupi (Trabalho) disse nesta quinta-feira, na festa da CUT (Central Única dos Trabalhadores) em Interlagos, na zona sul de São Paulo, que a reivindicação dos trabalhadores de redução da jornada de trabalho é justa, mas que exige negociação. A redução de 44 horas para 40 horas, sem perda salarial, é tema das festas das centrais sindicais neste ano.


  Lupi destacou que no papel de ministro, deve negociar a proposta com sindicatos dos trabalhadores e patronais. Mais cedo, Lupi passou pela festa da Força Sindical e defendeu a desoneração da folha de pagamento, apresentado pelo ministro extraordinário de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger.

Rogerio Cassimiro/Folha Imagem
Carlos Lupi participa de festa da CUT (Central Única dos Trabalhadores) pelo 1º de Maio
Carlos Lupi participa de festa da CUT (Central Única dos Trabalhadores) pelo 1º de Maio


"Acho que é justa a reivindicação dos trabalhadores. Como ministro de Estado, não compete a mim fazer qualquer tipo de campanha a favor ou contra o reivindicação. Acho que tem de passar primeiro pelo Congresso Nacional", disse o ministro.

Como cidadão, porém, Lupi disse que defende a proposta. "Por exemplo, se a bancada do PDT quiser ouvir a minha opinião, enquanto cidadão, é favorável. Agora, como ministro de Estado eu tenho de negociar, ouvir a parte patronal e buscar uma saída de consenso. Quanto cidadão acho justo e a maior parte dos países modernos faz isso", disse.


O ministro lembrou o estudo do Dieese que aponta a criação de 1,8 milhão a 2 milhões de novos empregos com a redução da jornada de trabalho. "Se você está diminuindo a jornada, você tem de ter mais trabalhadores produzindo (...). Será que o patronato vai fazer isso? Porque eles trabalham com custo e é natural e legítimo. Eu temo por qualquer tipo de reivindicação que possa gerar diminuição do salário ou desemprego", disse.


Desoneração


"A questão da desoneração é muito positiva porque, em tese, ela traz automaticamente a geração de emprego. Mas tem de estar muito amarrada, senão você faz a desoneração fiscal e ninguém quer gerar emprego", afirmou o ministro, que participou da comemoração do Dia do Trabalho realizada pela Força Sindical na Praça Campo de Bagatelle, na zona norte de São Paulo.


Lupi afirmou que a proposta também deve considerar a Previdência Social. "Há uma preocupação porque a Previdência já tem muitos problemas. Nós não podemos agravar a situação da Previdência. Então é algo que está sendo debatido, não está terminado o projeto", disse o ministro.


Santa Tereza


Para Lupi, as acusações de possível envolvimento da Força Sindical na Operação Santa Tereza, da Polícia Federal, não reduz a importância dos sindicatos nas negociações. "Acho que não [reduz a importância]. Porque mesmo que alguns tenham comprovação de envolvimento não será nunca essa exceção que vai ser o geral da regra. A regra é de trabalhador, gente honesta e gente descente. A exceção não pode ser maior que a regra geral", disse.

Lupi afirmou que sabe tanto sobre o caso quanto o que a imprensa publica e que não vai fazer pré julgamento do deputado do PDT. "Até agora eu não vi nenhum fato concreto que tenha ligação com ele [Paulinho]. É um ex-assessor, alguém que passou nos corredores da Câmara. Isso não quer dizer nada. Qualquer um de nós pode se encontrar uma pessoa que cometeu um delito, ou possa cometer um delito, e não ser responsabilizado por esse delito".

Quanto ao não comparecimento do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, na festa da Força Sindical, ele preferiu não se posicionar. "Eu fui convidado e estou aqui, como estive na UGT, na Força. Eu vou em tudo que sou convidado. Sou igual a arroz de festa, onde me chamam eu vou', descontraiu.

Sobre a saída do PDT da gestão Kassab, recentemente, Lupi disse que foi uma decisão do diretório local. "É uma decisão soberana do diretório daqui. Como estou licenciado da presidência [do PDT], não interfiro neste processo", afirmou.