O ministro da Fazenda, Guido Mantega, fez uma avaliação positiva sobre o momento interno da economia para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus colegas durante a tradicional reunião de coordenação política nesta manhã. Porém, afirmou também que a situação internacional é "delicada" e merece atenção. 

  Segundo interlocutores que participaram da reunião, o ministro informou aos colegas que as medidas tomadas na semana passada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em relação ao câmbio devem começar a surtir efeito em breve e protegerão a indústria.

Apesar de demonstrar preocupação com o cenário externo, Mantega disse que a economia brasileira está sólida.

  Medidas emergenciais do Federal Reserve para impedir que outros bancos dos Estados Unidos repitam a crise de insolvência do Bear Stearns criaram mais pessimismo hoje nos mercados internacionais, o que contaminou os negócios da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que despenca nesta segunda-feira.

   BOLSAS

   A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) voltou a cair com mais força no início da tarde desta segunda-feira, puxada pelas quedas de ações muito negociadas, como as da Petrobras e da Vale do Rio Doce. O principal motivo do pessimisno hoje --inclusive nos Estados Unidos e na Europa -- é o aparecimento de novas notícias ruins sobre os bancos norte-americanos, especialmente os que se envolveram na crise do crédito imobiliário de alto risco ("subprime").

  O Ibovespa --principal indicador da Bolsa paulista-- perde 3,52%, a 59.810 pontos. O giro financeiro é de R$ 4,05 bilhões, com 125 mil negócios realizados. Já o dólar comercial registra avanço de 0,81%, cotado a R$ 1,727 para a venda.

   O destaque entre as ações listadas no Ibovespa está na forte baixa dos papéis mais negociados, as da Petrobras e da Vale do Rio Doce. As ações ordinárias da petrolífera caem 6,37%, e as preferenciais recuam 4,62%. Já as ordinárias da mineradora perdem 5,92% e as preferenciais classe A recuam 3,94%.

  "É um sinal de que o mercado teme que o preço das commodities cairá devido à queda da demanda. Isso derruba a Ibovespa porque 70% das empresas que estão nela são exportadoras, em especial Vale e Petrobras", disse o analista Miguel Daoud, da Global Financial Advisor. "Há um risco real da explosão da bolha dos preços [das commodities]. A China, por exemplo, não sustenta por mais tempo o ritmo de compra por causa da inflação em alta."

   No epicentro da crise financeira mundial, os Estados Unidos, as Bolsas locais estão em queda. O índice Dow Jones apresenta baixa de 1,31%, enquanto que o tecnológico Nasdaq Composite recua 1,88%.

  O temor que atinge os mercados em todo o mundo é causado por uma nova ação do Fed (Federal Reserve, o BC americano) para evitar novos problemas com as instituições financeiras. O Fed cortou, em um raro encontro em um fim de semana, sua taxa de redesconto para 3,25%, além de aprovar uma ajuda para empresas financeiras e o financiamento da compra do Bear Stearns.