Economia

PREFEITO USA QUEDA DESEMPREGO NA RMS COMO AÇÃO SUA E DESPREZA GOVERNO

Os números estão conflitantes e JH se apropria de indicadores que não são seus, exclusivamente
| 15/02/2008 às 16:01
Número de empregos apresentados por Wagner na AL não bate com SEI (Foto/Manu Dias)
Foto:
  Está havendo uma confusão enorme na cabeça da população menos esclarecida diante dos indicadores apresentados pela SEI, órgão do governo do Estado, sobre as taxas de emprego/desemprego na Região Metropolitana de Salvador, os números apresentados pelo governador na AL, e a iniciativa do prefeito de Salvador em faturar a matéria sozinho, desprezando o esforço do Estado. 

  Diante de tal fato, o prefeito João Henrique (PMDB), que de bobo não tem nada, está faturando um indicador que não lhe pertence, nem a cidade do Salvador de forma isolada, e vai ficando por isso mesmo.

  É aquele ditado: na terra de cego, quem tem olho é rei.

  VERSÃO DO
  ESTADO

  Agora, veja o que diz o release da Agecom, a agência de notícias do governo do Estado:


  "Durante o ano de 2007, a ocupação cresceu mais na Região Metropolitana de Salvador (RMS) do que em qualquer outra do país. Em relação a 2006, a geração de novos 84 mil postos de trabalho contribuiu para a redução da taxa de desemprego em 8,1%. Segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), a proporção de desempregados na RMS voltou ao menor patamar histórico, de 1997, 21,7%. Aproximadamente 19 mil pessoas saíram da condição de desemprego.


   Os resultados foram divulgados nesta quarta-feira (13), em coletiva realizada pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia da Secretaria do Planejamento (Seplan), em parceria com o Dieese e a Faculdade de Ciências Econômicas da Ufba. Segundo Luiz Chateaubriand dos Santos, analista da PED pela SEI, o aumento do emprego deu-se mais entre os trabalhos com carteira assinada, resultado da conjuntura econômica favorável em nível nacional. Enquanto os empregos com carteira assinada cresceram 12,5%, os empregos sem carteira de trabalho tiveram redução de 1,3%.


   Os serviços continuam sendo os maiores geradores de mão-de-obra na RMS, responsáveis por 59 mil dos 84 mil novos postos, sendo as maiores participações dos serviços de utilidade pública e de educação. O comércio gerou, em 2007, 15 mil vagas. A indústria, apesar de ter gerado apenas 9 mil ocupações, teve o maior crescimento relativo entre os setores: 7,5%.


  Mesmo com aumento de vagas para todos os setores, gêneros e grupos raciais, a PED mostra que cresceu a distância dos níveis de ocupação entre brancos e negros, assim como entre homens e mulheres, aumentando a desigualdade entre esses subgrupos.


   "A RMS continua com a maior taxa de desemprego entre as regiões metropolitanas do país, mas a notícia positiva é que tivemos a terceira maior redução do desemprego, depois de Belo Horizonte e Porto Alegre", diz Chateaubriand. A queda de 8,5% no desemprego foi ainda maior do que a que ocorreu em Recife (-7,5%), a região que está logo atrás de Salvador em proporção de desempregados, com taxa de 19,7%.


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   Agora você vai conhecer a versão da Prefeitura de Salvador pongando na matéria e omitindo a Região Metropolitana, citando apenas a cidade do Salvador:

   VERSÃO DA PREFEITURA
   DE SALVADOR


   "O secretário de Economia, Emprego e Renda da Prefeitura, Paulo Mascarenhas, considera que a queda de desemprego em Salvador é resultado da determinação do prefeito João Henrique que desde o início da gestão decidiu encarar de forma corajosa, um dos mais graves problemas que encontrou ao assumir o governo, que foi o elevado índice de desemprego na capital".

   Segue o release da Prefeitura: "... o resultado dessas ações têm sido a queda sistemática da taxa de desemprego que, em 2007, chegou ao menor índice dos últimos 10 anos. Para o secretário, a tentendência é que os índices fiquem ainda melhores em 2008, com a grande quantidade de emprrendimentos programados para a capital baiana.  

   NA IMPRENSA
   DESTAQUE 
   PARA PREFEITO

   Hoje, o prefeito atesta que está dando a volta do cima diante de resultados tão brilhantes em relação a queda do desemprego e lista uma série da fatores (agilização da Sucom, PDDU, empreendedorismo, etc) como determinantes desse processo.

   Trata-se, portanto, de uma apropriação indébita na medida em que os indicadores apresentados pela SEI se referem a Região Metropolitana de Salvador e, embora a maioria dos empregos que está sendo gerado se situa em Salvador, os 12 municípios metropolitanos têm que ser considerados, sobretudo porque entre elas, estão os pólos industriais de Camaçari, Candeias, Simões Filho e Lauro de Freitas.

   MAIS CONFUSÃO
   NOS NÚMEROS 
   DO GOVERNO

   O governador Jacques Wagner, em sua mensagem lida hoja na Assembléia ressalta a criação de 58.720 empregos com carteira assinada no Estado, em 2007, sendo 34 mil no interior. O que representa - segundo ele - o dobro de 2006 e 29% de todas as vagas no Nordeste.
 
   Já a SEI diz que foram gerados 84 mil novos postos de trabalho só na RMS (não ressalta se é com carteira assinada), sendo nos serviços com destaque para educação e saúde 54 mil, comércio 15 mil e indústria 9 mil.

    COMENTÁRIO
    DO BAHIA JÁ

    Está, portanto, havendo uma esperteza por parte do prefeito João Henrique, embora não se possa negar o esforço de sua administração no sentido de facilitar a instalação de empreendimentos em Salvador, e uma subestimação do papel do governo do Estado.

    Além disso, os números apresentados pelo governador Wagner na Assembléia não batem com os números revelados pela SEI no último dia 13.

    Caberia uma explicação técnica sobre a matéria, primeiro mostrando o esforço coletivo nessa empreitada, senão o prefeito fica dono de uma bola que não é sua exclusivamente. Cremos que seja até mais do governo do Estado.

    E, em segundo plano, ajustar os números apresentados pelo próprio governo.

    Se Wagner diz que são 58.720 empregos gerados no Estado e a SEI atesta que são só na RMS 84 mil, alguma coisa está errada ou mal explicada.