Economia

FIM DA CPMF: CRESCIMENTO DO PIB A 5% REDUZ IMPACTO EXTINÇÃO DO IMPOSTO

Governo ainda está organizando reação ao fim da CPMF
| 13/12/2007 às 16:05
O presidente do BC, Henrique Meireles, otimista com o crescimento do PIB Brasil (Foto:Div)
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 A rejeição à proposta de prorrogar a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), nesta quinta-feira, pelos senadores, pesará no orçamento, porém o resultado do PIB (Produto Interno Bruto), que cresceu 5,7% no 3º trimestre em comparação ao mesmo período do ano anterior, dará alívio ao governo.


  Segundo analistas, com o crescimento econômico mais forte, a arrecadação também será maior. "A questão política pesa mais do que a econômica", avalia o economista Denis Blum, da Tendências Consultoria, sobre o fim do imposto do cheque. "O PIB cresceu mais do que o esperado e isso favorece o governo, já que o corte da CPMF pesará menos", completou.

  De janeiro a outubro deste ano, a arrecadação do governo federal com impostos, contribuições e previdência ficou em R$ 491,1 bilhões, alta de 10,2% em relação ao mesmo período do ano passado. O aumento da arrecadação nessa comparação totaliza R$ 45,3 bilhões, mais que os R$ 40 bilhões previstos de arrecadação da CPMF no ano que vem.


  A expectativa é de que a economia termine este ano com crescimento de ao menos 5%. No ano passado, a produção do país somou R$ 2,33 trilhões; com uma expansão de 5%, o PIB chegaria a R$ 2,45 trilhões.


  MEIRELES

  Nesta quinta-feira, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou que a economia brasileira deve crescer cerca de 6% no último trimestre do ano. "A tendência é de alta. Provavelmente ficará um pouco acima de 6% no último trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado", disse Meirelles, que está em Bucareste, na Romênia.


  O sócio da Gávea Investimentos e ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga disse à Agência Estado que "a receita já cresceu o suficiente para permitir a redução ou a eliminação deste imposto". Para ele, o adequado seria o governo reduzir os seus gastos e a carga tributária e manter o superávit primário (a economia para o pagamento de juros da dívida pública).


 Mas Fraga observa que isso "não é o que o governo tem sinalizado". De acordo com ele, as indicações por parte das autoridades federais são de aumento do gasto público e da carga tributária.


 Na opinião de Fraga, o pior que pode acontecer é o governo reagir à derrota no Senado diminuindo o superávit primário e aumentando impostos. "Na minha opinião, é muito cedo para pensa em reduzir o superávit primário", disse, referindo-se ao efeito que este superávit tem na redução da dívida em relação ao PIB.


  Redução de gastos


  O economista e professor da PUC-SP Gilson de Lima Garófalo acha que o governo não terá problemas com o fim da CPMF, pois pode reduzir seus gastos para compensar a perda de arrecadação. "O governo é um saco sem fundo, em vez de arrumar a casa quer arrecadar mais e gastar mais", diz ele.


 Garófalo diz ainda que o governo pode aumentar a arrecadação fazendo uma reforma tributária que reduza as alíquotas dos impostos, o que levaria mais pessoas e empresas a pagá-los, e melhorando a arrecadação. 


  Para Blum, o governo terá uma margem de manobra que facilitará a governabilidade, mas o economista destaca que, apesar dos bons resultados, uma série de gastos pode ser cortada, pois o governo já assumiu mais dívida para o próximo ano. "Estão previstos, por exemplo, um aumento de R$ 12 bilhões com gasto de pessoal. Cortar R$ 40 bilhões não é tão simples, mas existe uma margem de manobra", afirma.


Consumo maior


 Outro ponto destacado por analistas é o aumento no consumo. O economista Paulo Sandroni, da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), lembra que, sem o imposto do cheque, aumentará a capacidade de compra. "O dinheiro vai continuar no bolso do consumidor. Além do aumento do consumo, haverá mais investimento", disse Sandroni. "Com o PIB crescendo, o governo vai arrecadar mais", completou.


O economista José Nicolau Pompeu, da PUC-SP, avalia que a preocupação do governo não é com o momento atual, mas sim com a perspectiva de uma crise norte-americana que traria uma retração ao mercado. "A arrecadação, neste ano, aumentou drasticamente. Com o fim da CPMF, a preocupação do governo é com relação ao futuro. Se houver uma recessão nos Estados Unidos já a partir de 2008, isso afetará o mercado mundial, haverá retração. Isso preocupa mais o governo", avalia.


A prorrogação da CPMF foi rejeitada por 34 votos contra e 45 votos a favor, na madrugada desta quinta-feira, no Senado