O bispo iniciou nova greve de fome a partir de hoje
Geddel: a greve de fome do bispo é contrária aos dogmas da igreja católica. (Foto/Div)
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Falando agora há pouco ao Bahia Já, o ministro Geddel Vieira Lima, da Integração Nacional. afirmou que a nova greve de fome de Dom Luiz Felipe Cappio, bispo de Barra, protestando contra a transposição das águas do Rio São Francisco representa "falta de bom senso com tangência de chantagem" e solicitou ao governador Jaques Wagner que disponibilize médicos para prestar-lhe assistência.
O bispo protesta contra as obras do Projeto de Integração do rio São Francisco às bacias do Nordeste Setentrional, que irão beneficiar cerca de 12 milhões de habitantes da região mais árida do Brasil, e o ministro situou que esse tipo de ato não lhe comove, nem muda um milímetro sobre sua disposição em tocar o projeto à frente.
"Quando assumi o Ministério, em 16 de março último, falei com o bispo Cappio sobre o projeto de trasposição e nunca recebi retorno. Percorri da nascente à foz do São Francisco e quando cheguei em Barra o bispo, além de estar ausente, ainda mandou dobrar os sinos, em sinal de protesto. Sempre estive aberto ao diálogo com todos os segmentos da sociedade, mas, essa posição do bispo não aceito", comentou o ministro.
Para o ministro, que é católico, Dom Cappio está na contra-mão da história doutrinária da igreja na medida em que, só quem "põe e dispõe sobre a vida é Deus". Lembrou que a Igreja é contrária ao aborto sob o argumento de que ninguém é dono do próprio corpo . Portanto, ao escolher o caminho de atentar contra a própria existência, na realidade o bispo atenta contra os princípios da Igreja, da qual ele é pastor.
Por isto, tenho certeza de que segmentos da própria Igreja são contrários a esse tipo de atitude do bispo. Vou orar para que Deus lhe dê bom senso", destacou. Sitou, ainda, que Dom Aldo, bispo de João Pessoa e presidente do Comitê para a Transposição é a favor do projeto. E o bispo de Jequié é também favorável ao projeto
SOBRE A OBRA
Em relação à obra, Geddel afirma que a transposição não irá prejudicar o rio São Francisco pois o projeto é "ambientalmente sustentável e socialmente justo". "Vamos levar a obra adiante. Não tenho medo de decidir ou receio de governar, sobretudo quando tenho a certeza de estar no caminho certo. É forte dizer, mas não sou homem que se submeta à chantagem de qualquer ordem", afirmou.
Segundo o Ministro, a sociedade irá compreender que a Igreja tem liberdade para pastorear almas, se manifestar, contribuir e criticar, mas não tem legitimidade para governar. "O que o bispo está querendo é governar. É dizer o que pode ou não ser feito. É abrir um precedente que não podemos aceitar. Imaginem se os católicos mais progressistas resolvessem fazer greve de fome e se imolarem para que o Santo Padre mude sua posição em relação, por exemplo, à utilização de contraceptivos, ao aborto ou a tantos outros temas que a Igreja defende. Não posso aceitar este comportamento", enfatizou.
Quanto ao discurso dos opositores ao Projeto São Francisco, que usa como base estudos da Agência Nacional de Águas (ANA) e aponta outras soluções para a região do semi-árido nordestino, Geddel Vieira Lima disse que os estudos são indicativos e que servirão para ações complementares à transposição.
Inclusive, destacou que parte das ações indicadas pelo Atlas da Ana já estão sendo tomadas. Uma delas é o Programa Água para Todos que atenderá a população ribeirinha das margens do São Francisco, num raio de 15 quilômetros da nascente até a foz do rio. Eles serão abastecidos com água do "Velho Chico", seja por meio de sistemas adutores simplificados, poços tubulares e cisternas.
O projeto investirá no primeiro ano R$ 50 milhões. Parte das licitações das obras, no valor de R$ 22 milhões, foi publicada no Diário Oficial da União de hoje (27/11). Ele também anunciou que o Programa de Revitalização da bacia do rio São Francisco, executado pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), vinculada ao Ministério da Integração Nacional, está bastante adiantado.
Foram colocados na praça editais para contratar empresas que farão obras de saneamento na bacia do rio, num valor de R$ 450 milhões. A meta é empenhar R$ 600 milhões até 31 de dezembro deste ano. Projeto São Francisco - As obras dos primeiros trechos do Projeto São Francisco, sob a responsabilidade do batalhão de engenharia do Exército Brasileiro, foram iniciadas e junho deste ano e estão avançando. No Eixo Norte, em Cabrobó (PE), foi iniciada a construção do canal de aproximação que terá 2.080 metros de extensão e a barragem de Tucutu com 1.790 metros. As obras do canal de aproximação do Eixo Leste e da barragem Areias também começaram na mesma época.