Economia

TRADICIONAIS PRODUTORES E ARTISTAS DA AXÉ EM PÉ DE GUERRA PELO NELORE

A Fenragro começará domingo e vai até dia 2 de dezembro
| 24/11/2007 às 08:07
A Fenagro começa domingo e há mudanças no mercado do nelore na Bahia (Foto:G)
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   Começa amanhã a Fenagro, uma das maiores feiras agropecuárias do Brasil, "herança maldita" deixada pelo governo Paulo Souto e outros do antigo PFL para a Bahia. O governador Jaques Wagner (se chegar da China a tempo) estará presente a abertura desta que será a 20ª Fenagro, na tribuna de honra.

  Estima-se 1.100 expositores, uma grade de eventos que vai até 2 de dezembro, público de 300 mil pessoas e negócios da ordem de R$85 milhões.

   Há, nos bastidores da Fenagro e no mercado nelore da Bahia, uma guerra surda entre os tradicionais produtores locais e a turma da Axé Música que, capitaneados por Ivete Sangalo e Bel Marques, entre outros, estaria modificando o perfil do plantel e desestruturando a genética Bahia/Nelore, marca inconfundível no Brasil.

  GRANDE EFERVESCÊNCIA

  Portanto, analistas desse mercado atestam que a seleção de gado de elite da raça Nelore, na Bahia, está passando por grande efervescência, em virtude da entrada de forma pesada de consagrados astros da Axé Musica no rol de criadores, ocupando espaço de antigos selecionadores, pela tomada das datas no calendário de leilões televisionados via satélite.

   Já dito aqui neste Bahia Já, Ivete Sangalo e Bel Marques fazem leilões neste final do mês no Trapiche Adelaide e no Katussaba Hotel transmitido para todo Brasil pelo Canal Rural, com lances que podem ser dados via on-line.

   Como se sabe, a Bahia foi quem primeiro importou exemplares da raça, de origem indiana, denominada Ongole e sempre buscou, ao longo de mais de cem anos de aprimoramento genético, manter uma linhagem própria, ao invés de fazer miscigenação entre vários plantéis, como acontece no centro sul brasileiro.


   Este fundamento foi sempre defendido pelas famílias Machado e Vita - maiores importadores baianos até quando foi permitida a entrada de animais indianos no Brasil - e transmitido com sucesso aos atuais continuadores do trabalho de seleção.


   Ocorre que os "novos donos da raça" ou integrantes da Axé chegaram optando por buscar seus animais junto aos plantéis do Centro Sul, como forma de se exporem nacionalmente no ato da compra e obterem reciprocidade quando colocar a venda sua produção.


   Com isso, a faixa de mercado que pertence a Bahia ficou extremamente disputada, além de totalmente desigual pelo fator do que representa a aquisição de animal em mãos de celebridade nacional.

   Acrescente-se ainda, o fato da genuína seleção de Nelore da Bahia, que forneceu, em épocas distintas, verdadeiros "divisores de água" da raça, permitindo avanços genéticos fundamentais, ficar sufocada e vir a extinguir-se. 


   Segundo um grupo de criadores baianos tradicionais, ê preciso buscar uma saída para o enfrentamento e partem com a perspectiva de se tornarem parceiros de uma celebridade da música baiana em forte ascensão para obterem visibilidade nacional, garantindo a preservação da linhagem baiana do Nelore, tão cantada e decantada.