Cerca de 350 cooperativas de crédito do Estado de São Paulo movimentam, atualmente, perto de R$ 2,5 bilhões de reais ao ano. Segundo o presidente da Cecresp (Central das Cooperativas de Crédito do Estado de São Paulo), Manoel Messias da Silva, a estimativa é que o número dessas entidades cresça pelo menos 30% nos próximos 10 anos.
 
"Só não vai crescer mais porque as normas do Banco Central [fiscalizador do sistema] são mais favoráveis ao surgimento de cooperativas de empresários. Os empregados, responsáveis pela criação de sete a oito cooperativas por ano estão preferindo o crédito consignado oferecido pelos grandes bancos, visto que os resultados por meio das cooperativas demoram mais", comentou.

         

A Cecresp é a maior das cooperativas centrais - grupos de entidades singulares que se juntam para conseguir alguns produtos em maior escala - em número de agregados: reúne 200 das 350 existentes e movimenta cerca de R$ 1 bilhão por ano.

A cooperativa de crédito é um empreendimento econômico-social, democrático e autogestionário regido pela Lei do Cooperativismo 5.764/71 e por Resoluções do Conselho Monetário Nacional. Trata-se de instituições financeiras, formadas por uma sociedade de pessoas de no mínimo 20 pessoas, com forma e natureza jurídica própria, sem fins lucrativos e fiscalizada pelo Banco Central do Brasil.

  PRESTAR SERVIÇOS

De acordo com a Cecresp, "quando um grupo de pessoas constitui uma cooperativa de crédito, o objetivo é propiciar crédito e prestar serviços financeiros de modo mais simples e vantajoso para seus associados".

As vantagens vão desde crédito imediato e adequado às condições do associado e retenção e aplicação dos recursos de poupança e renda no próprio município, contribuindo para o desenvolvimento local até Diferenciação Tributária - com alíquotas mais interessantes aos associados, visto que não visa lucros - e possibilidade dos associados se beneficiarem da distribuição de sobras ou excedentes.

"Em termos de produtos e serviços elas trabalham de maneira similar aos bancos, mas não visam lucro e têm o benefício de economia de escala. Em função dessa escala, eles conseguem colocar o preço bem abaixo do preço convencional. Esses produtos saem por 40% do preço do mercado, uma economia de 60% a 70%", disse Silva.

COOPERATIVA DA POLÍCIA

Estão disponíveis hoje modalidades que vão desde empregados de determinada empresa que se juntam, assim como servidores públicos, profissionais liberais como médicos, dentistas, advogados, trabalhadores de determinada categoria (metalúrgicos, policiais) até micro e pequenos empresários ou microempreendedores e livre admissão.

Uma das cooperativas mais ativas é a de funcionários da Polícia Militar de São Paulo, a Coopmil, que movimenta cerca de R$ 100 milhões por ano, com mais de 50 mil sócios. Outro exemplo é a de Santa Cruz das Palmeiras, a Credisúcar, a primeira de livre admissão no Estado, que movimenta R$ 20 milhões anuais. A cooperativa atende também moradores de Vargem Grande do Sul e Casa Branca, totalizando 2.391 cooperados. "Não fazemos distinção entre empregada doméstica e empresário", explicou o gerente geral dos dois posto de atendimento ao cooperado, Umberto Jose Marcomini.

Manoel da Silva explicou que as principais demandas variam de acordo com a modalidade da cooperativa. "As que são de empregados têm seu recurso voltado para as dívidas de cartão, que são dívidas grandes. Eles quitam isso fazendo pagamento pelas cooperativas de crédito. Já as cooperativas de empresários são utilizadas para capital de giro, ampliação de loja, de negócios do comerciante. No caso dos médicos, geralmente é para crédito social, ampliação de consultório", explica.