Que conversa agradável com a irmã Déa Fontoura
Havia combinado com o Andarilho da Cidade da Bahia um encontro no restaurante Grão de Bico da Avenida Sete para uma comidinha natural e para lá segui, descontraído, caminhando contra o vento e bolsa protegida contendo documentos e o vil metal, quando, já subindo os degraus do casarão 737 onde em tempos idos morou Raul Seixas, sede do Grão desde 1984, recebo um telefonema do dito senhor justificando que não poderia comparecer.
- Como não? inquiri ao elegante ‘man’.
- Dona Céu está planejando pintar o apartamento em que moramos e acertou em horário idêntico ao que havíamos combinado para fazer um orçamento com um mestre-de-obras.
- Entendo, sem a prontidão do nobre escriba, certamente a madame teria dificuldades em escolher as tintas e os aviamentos.
- Ora, meu dedo, minha pertinácia, meu conhecimento em vernizes e nos marrons tabaco, são fundamentais nessa hora em apreço. E também, como sabes, sou detalhista, perfeccionista, e isso ajuda.
- Sem dúvidas és um craque nas letras e noutras artes em finanças. Desejo-lhe sucesso na empreitada.
Em seguida, adentrei no estabelecimento do incansável Robério Palmeira, ele, como sempre, na área do mercadinho e do caixa, e adiante, no salão comedor principal onde se vê quadros do pintor William, encontrei a freira Déa Fontoura, do Convento da Imaculada Conceição, a saborear um pescado.
Sempre digo que, quem tem amigos e amigas, nunca fica só. Cumprimentei a religiosa, saudei a sua ternura e pedi permissão para sentar ao seu lado assim que compusesse meu prato.
- É um prazer Dom Franquito. Sinta-se à vontade.
- Assim será.
Então dirige-me a área onde ficam as comidinhas e preparei um prato bem caprichado, colorido, colocando grão de bico, farofa molhada, cenoura, rodelas de batata doce orgânica, rabanete orgânico, molho de soja, galinha caipira, rabanete, molho de cebola e guisado de carde de jaca. E solicitei ao garçom ‘Marvel’, assim me pareceu, um suco de abacaxi com hortelã.
Depois, caminhei até onde se encontrava a doce senhora e sentei-me ao seu lado fazendo companhia no comer saboroso natural, orgânico, e uma prosa fértil em filosofia e artes visuais.
E assim iniciei: - É uma honra sentar-se ao lado de uma serva de Deus, esposa de Cristo como são, assim acredito, todas as abençoadas Freiras.
- Meu honrado, creio indispensável dizer que todas nossas irmãs freiras são abençoadas, castas e zelosas de suas missões.
- Zelosas e bem servidas, pois, salvo engano, já que minha especialidade em crônicas é a boa mesa, percebo que degustas um cálice de tinto com filé de salmão ao forno.
- Parecem visíveis e perfumados, o tinto de frutas nobres e o salmão imagino vindo dos mares do sul. Meu paladar é refinado, seletivo. Não tenho a saúde em dia para prato tão colorido como o seu, que, Deus me perdoe se estiver a cometer algum pecado, parece afrodisíaco.
- Tens olhos de lince, Não apercebi de que tenha colocado algo que estimule os possíveis sentimentos de Afrodite.
A bondosa freira sorriu, sorveu um gole no tinto e deslizou em direção a boca uma porção do salmão ao ponto. Também dei garfadas discretas no guisado da carne de jaca com molho de soja, mui apreciáveis.
E voltei às falas: - Diga-me? Como andam as irmãs amigas Leninha Bina, do Coração de Jesus; Rita Maia, das Ursulinas Descalças; e Antônia Leda, do Oração Divina?
Passam bem, melhor do que esta criada do Salvador. A irmã Leninha está a cuidar dos 100 anos da numismática no ‘patropi’; a irmã Maia dedicada às orações e ao tricô; e a irmã Antônia, incansável no fabrico de licores.
- Como, não! As freiras dessa ordem fazem os melhores rosas que já experimentei, em especial às pétalas rubras da Colômbia.
- Ah! Agora a Antônia está a dedicar-se a tamarindos, maduros, a dia de descascar dois sacos do fruto ouvindo música por seu radinho. Não sei como aguenta.
- Pela batina do Papa Francisco, tem saúde de ferro.
- Absolutamente. O distinto comentarista há de convir que, somos servas de Deus nas orações, no ajudar as pessoas em cuidar de suas mentes, da espiritualidade e também do trabalho, escravas do trabalho.
- Percebo. Mas também há esses momentos agradáveis como este agora em que trocamos palavras tão amáveis. E enquanto degustas um ‘Mendoza’ yo me contento com sumo com hortelã.
- São os desígnios de Deus.
Ela levantou sua tacinha e eu meu sumo verde. Platão dizia que os justos têm destinos comuns. Tarde agradável, pois, com a santa senhora Déa Fontoura no acolhedor Grão de Bico.
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Grão de Bico
Restaurante Natural
Mais de 40 tipos de sabores orgânicos
Av. Sete, 737 – Rosário
Ao lado do Banco do Brasil
Fone 71 3329-0089 71 99649-4715
No raio de 500 m entrega é grátis
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Ambiente climatizado
Guisado de carne de vaca R$25,00
Suco R$10,00
Filé de salmão ao forno R$14,90 110g