Há, meu caro leitor, belle leitora, sempre fila de espera monitorada por uma jovem preocupada em acomodar as pessoas, os casais e/ou grupos e uma equipe de ágeis garçons que serve às mesas, aproximadamente uns 200 assentos.
E por que será que esse bistrô é tão querido e desejado na ville?
Ora, por sua história e mesas passaram artistas e escritores como Paul Verlaine, Arthur Rimbaud, Stephane Mallarmé, Elsa Triolet, Louis Aragon, André Gide, Jean Giraudoux, Simone de Beauvoir, Jean-Paul Sartre, Ernest Hemingway, Albert Camus, Pablo Picasso, Fernand Léger, Prévert, James Joyce e Bertolt Brecht.
Anualmente, é local de entrega de prêmios artísticos, como o literário Prix de Deux Magots (alternativa ao conservador prêmio Concourt); o de literatura dedicada à música Prix Pélleas; e o artístico Prix Saint-Germain.
Se você acha que é pouco sentar-se numa poltrona onde Picasso e Jean-Paul Sartre tomaram umas e outras e Verlaine conheceu Mallarmé; Oscar Wilde e Alfred Jary beberam chás; e Guilherme Appolinaire e Jean Moréas debateram à mancheia, então sinta-se à vontade. Isso conta e muito porque, de repente, o espírito genial de um desses escritores pode baixar na sua mente.
A história do café começou em 1813 quando monsieur Desabie fundou um magazine de tecidos (a maioria chineses) intitulada "Les Deux Magots" na rua de Buci, próximo do atual café. O nome era uma referência a uma peça teatral famosa na época intitulada "Les Deux Magots de la Chine". Em 1873, a loja transferiu-se para a praça Saint-Germain-des-Prés. Em 1884, transformou-se num café.
Um comerciante de vinhos se instala na praça, depois outros dois o seguem. Absinto e licores podiam ser bebidos em Saint Germain e assim nasceu o bistrô "Les Deux Magots", acompanhando essa tendência. E segue até os dias atuais nessa pisada com as duas estátuas chinesas no mesmo local e a inovadora terrasse jardin que funciona de março a novembro.
Claro que yo não iria perder uma oportunidade dessas estando em Paris por 90 dias de conhecer o "Le Deux Magots". Fomos atendidos, yo e a madame Bião de Jesus pelo garçom Frederic que nos disse amar o Brasil, não sei se para nos agradar ou porque gosta mesmo. O Frederic é um negro esguio que lembra um passista de escola de samba carioca, o qual foi extremamente gentil conosco e trocou palavras em francês com a madame Bião de Jesus, aplicada estudante desta língua.
A parte interna onde nos acomodamos não estava lotada e ficamos numa mesinha quase embaixo das estátuas chinesas, a marca da casa. Muita gente adentra nesse local só para fazer fotos dos chinas e/ou selfies com os eles. São estátuas bem talhadas e conservadas com todo o carinho
Solicitamos a Frederic, um Château La Borie Côtes du Rhône de origem protegida. Vinho suave com notas de frutos vermelhos e um toque picante. A casa oferece uma entrada básica com azeitonas verdes e pretas e nuts salgados e picantes. O rouge desceu redondinho e ficamos a prosar e a imaginar se no local onde estávamos, por imaginação, sentara-se Verlainne ou Mallarmé. Poderíamos perguntar a Frederic, mas, consideramos ser indiscretos.
De principais, solicitamos um Tartare de Boeuf Charolais para a madame e uma salada Saint Germain para mim. Andei com alguns probleminhas estomacais, já sanados por dr Ives Lellouche, um médico bonachão que me atendeu em casa, e o melhor era não arriscar.
A salada Saint-Germain, confidenciou-nos Frederic, é a mais vendida no Magots - salada verde, blac de poulet, haricots verts, raisins, bard-boiled, egg, curring dessert - algo bem light; e o tartare é um viandre (carne) típico da França - émulsion d'herbes fraiches et tomates séchées, salade, frites fraîches, premim charolais voeuf tartare, fresh herb dried tomato emulsion, fresch frites.
Diria que a comida do Magots é apenas politicamente correta, trivial, degustável, agradável ao paladar, mas, nada excepcional. Creio que os bistrôs com grande movimentação de clientes - e o Magots está sempre cheio de gente - nem dá tempo para os chefs da cozinha e seus auxiliares prepararem algo mais bem elaborado. No "Magots" os garçons se cruzam para lá e para cá numa velocidade de cruzeiro.
O prazeroso no local é esse burburinho de pessoas de todas as idades, tins-tins de taças sem cessar, a presença de jornalistas, artistas, profissionais liberais, decoradores, de uma fauna incrível, tudo isso misturado a um monte de turistas de várias partes do planeta.
Achamos o lugar excelente nesse aspecto, um 'point' para causar, bebericar, sentir o clima de uma Paris agitada, em movimento, com gente lendo jornais (a casa oferece gratuitamente vários jornais), lendo livros, escrevendo poemas e ensaios, um local realmente surreal.
Tudo isso você faz observando as duas estátuas chinesas, a torre da igreja medieval de Saint-Germains, uma elegante mademoiselle de botas canos longos, um despenteado poeta, um casal de velhos bebendo champagne.
O "Les Deux Magots" é um retrato fiel de Paris em preto e branco ou a cores como você assim enxergar.
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Les Deux Magots Café Literário
Praça Saint-Germain des Prés, 6
Paris - margem esquerda do Sena
Fone 01 45 48 55 25
Site Web www. lesdeuxmagots.fr
Borie Rouge 38 euros
Salad Saint-Germains 23 euros
Tartare de bouef 27 euros
Kir Licor de pêssego 9 euros
Não cobra taxa de serviço
Gorjeta por sua conta
Visa card internacional e outros
Loja de souvenirs no local de livros,
porcelanas e outros com a marca Deux
Metrô estações Saint Germain-des-Prés ou Mabillon
Classificação 4 DONS