Um restaurante aconchegante e de comida deliciosa
Estava caminhando pela rua Direita do Palácio em direção ao Pelourinho, Salvador da Bahia, e encontro-me com o produtor cultural de eventos musicais Badá, pessoa que admiro bastante por sua luta, por seu amor ao centro histórico, e perguntei-lhe onde poderia saborear uma moqueca de peixe no Pelô.
Deu-me duas sugestões. Eu, que conheço quase todos os restaurantes do centro histórico, acima e abaixo do Elevador Lacerda, achei interessante a dica sobre o Axego, recomendação que foi dada a ele pela jornalista Vanda Chase e repassada a mim como um lugar com excelente sabor em comidas. Segui adiante.
Badá, lutador de tempos idos com grande aperto, já vendeu alguns dos meus livros com dividentos integrais que a ele garantia, por saber de suas dificuldades com a vida, seguiu para o sul e eu para o norte, orientado que fui para ir até a praça de eventos Quincas Berro D'Água, primeira rua à direita após a descida da Cantina da Lua, que lá estaria o Axego de Sêo Miguel e Dona Lia.
Por sorte minha, a senhora Lia (Maria do Carmo Santos Pereira) estava na porta do restaurante e eu, brincando com ele, perguntei se estava 'abrido', o que ela respondeu como boa baiana que é: - aberto e pronto para serví-lo.
O Axego tem salão pequeno, com poucas mesas, local aconchegante que remete a aconchego, decoração simples e graciosa com colheres de pau, xilogravuras e quadros em naif nas paredes, atendimento primoroso.
Disse então a senhora Lia que gostaria de saborear uma moqueca de peixe que não fosse muito carregada em dendê, nem em pimenta dedo de moça.
Ela então sugeriu que exprimentasse a moqueca leve de beijupírá, o rei dos mares, o que acatei de bom grado sabendo, de antemão, que viria um prato delicioso para meu deleite.
Estava só. A señora Bião de Jesus havia ido ao salão para embelezar-se. Solicitei ao garçom um red com bastante gelo e água mineral sem gás.
Aos poucos, o salão foi ficando repleto de clientes. Dona Lia atendia a todos com mesura e contou-me que, quando a cozinheira, por algum motivo falta ao trabalho, ela comanda a cozinha pondo a mão na massa.
O restaurante tem um cardápido básico completo com carnes, peixes, frutos de mar, arroz de hauça e tira-gostos que vão de bolinhos de bacalhau a carne de fumeiro. Alguns poucos vinos e as geladas e uisque.
Em torno de 25 a 30 minutos estava sendo servido. A meia moqueca leve de beijupirá veio acompanhada de arroz, pirão do próprio caldo da moqueca, farofia de dendê molho de pimenta da casa, por sinal, este último item novinho e no ponto, abrasador.
Diria que a moqueca estava ótima, no ponto, bem temperada, com pouco sal e sabor do rei dos mares se destacando. Lembrei-me do tempo do A Tampa, Cabula, de mestre pescador e contador de causos Lisboa, ele que me falou que o beijupirá era o rei dos mares, peixe que pega bem os temperos e é sempre delicioso em moqueca ou ensopado.
Dona Lia trocou mais uns dois dedos de prosa comigo, paguei minha conta e sai do Axego prometendo voltar. Ela apresentou-me uma neta belíssima e convidou-me a conhecer a feijoada, aos domingos. Vou agender um retorno não sei se num domingo ou noutro dia qualquer. O Axego funciona todos os dias, de segunda a segunda.
Bom local, muito agradável e de comida deliciosa.
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Axego Restaurante e Bar
Manoel & Lia
Rua J. Castro Rabelo, 16
Junto a entrada da Pça. Quincas Berro D'Água
Fone 71.3266-3397
Ambiente sem ar condicionado, pero, arejado
Meia moqueca de Beijupirá R$35,00
Red Label R$12,00 a dose
Agua mineral R$3,00
Moqueca de peixe para dois R$75,00
Moqueca de camarão R$85,00
Aceita cartões
Use taxi ou deixe seu carro no estacionamento do Pelô
Classificação 3 DONS