Um restaurante especializado em comidas típicas do Recôncavo baiano
Recordar é viver. Foi-se o tempo em que muitos jovens e coroas baianos antes de irem às baladas passavam no Diolino do Largo da Mariquita, no Rio Vermelho, para esquentar o corpo. Era uma tradição. Ia-se ao Pá da Baleia para uma noitada e antes azeitava-se a máquinha com batidas no Diolino, o maior cliente da Saborosa, uma pinga baiana de qualidade mediana - era fraquinha, mais adocicada do que a Pitú e a Serra Grande, as concorrentes cachaças da moda - que Diolono tratava com carinho e produzia suas famosas batidas, a "gala gay" entre outras.
Pois, desde que Leila Carreiro fundou o Restaurante Dona Mariquita, em 2006, na Rua do Meio, no Rio Vermelho, é possível tomar uma batida "calcinha de nylon" ou uma "leite de camelo" na tenda graciosa de Leila, uma apaixonada pela cozinha regional da Bahia, especialmente do Recôncavo.
- Meu bom profeta, hoje estou no caixa, lá por dentro, mas, gosto mesmo é de ficar aqui no salão servindo os nossos clientes - diz-me ofertando-me o livreto cachaça e gastronomia.
- Muy grato, respondo yo. Depois passo por aqui pra lhe presentear com um "Dom Franquito - 104 Restaurantes ao Redor do Mundo", a você e a Cida.
Cida é a garconete Maria Aparecida, de Itapetinga, nascida no interior desse município nas barrancas do rio Catolé, que nos serviu, yo y mi hijo Agapito.
Na tenda de Leila além das batidas de Diolino há uma boa diversidade de cachaças de boa qualidade, da Claudionor à Seleta; da Caribé à Chico Mineiro.
Claro, solicitei a Cida uma Boazinha, irmã da Seleta, fabricada em Salinas, MG, da safra do barbudo Antonio Eustáqio Rodrigues.
Agapito tava meio invocado, pois, como é apreciador de carnes à moda filé do Moreira, não se sentia à vontade. Yo, pelo contrário, é como se estivesse em casa ou numa tenda de comidinhas regionais de Santo Antonio de Jesus.
A propósito perguntei a Leila se ela era das bandas do Onha
- Não, respondeu, sou daqui mesmo de Salvador.
- Que bom - adicionei.
Para início do nosso domingo, a señora Bião de Jesus não pode comparecer porque estava acamada, solicitamos de Cida uma entrada de pastéis de carne com geléia de pimenta.
Cida sugeriu que também provássemos os pastéis mistos com palmito de jaca típicos do Vale do Capão.
- Que maravilha - falei com meus botões lembrando-me da Serra do Candombá e da Cachoeira da Fumaça do Vale de Palmeiras, a cidade encantada do Capão.
Os pastéis não demoraram a chegar à mesa. Estavam deliciosos, quentinhos, com aquele gostinho da serra. Adicionamos pimenta e mel nos tais que ficaram mais saborosos.
A essa altura, minha dose de Boazinha já tinha evaporado do copo. Que mistério!
Cida trouxe-me uma bud, geladissima, enquanto fazia o pedido do principal - uma moqueca de feijão com carne desfiada, camarão seco, ovos fritos, pimenta de cheiro e um fio de azeite de dendê - típico prato da região do Paraguaçu, Santo Antonio de Jesus e Nazaré das Farinhas.
Um prato de encher os olhos de desejo.
Quando Cida nos trouxe o tal acompanhado de arroz, pimenta, farinha do Onha e bananas da terra demos vivas ao dia das crianças, embora o restaurante estivesse pleno de adultos.
O Dona Mariquita tem uma decoração bem simples com cerâmicas e fotos de locais do Recôncavo e uma ambiente no estilo casa de taipa com gaiolas, cestos, plantas e outros objetos típicos daquela região da Bahia. Os talheres são acondicionados em boxes de palha e os descansos dos pratos também. Os cardápios ficam colocados num carrinho de café daqueles que a gente vê nas ruas de Salvador. Uma beleza. O piso batido tem desenhos ladrilhados no suelo.
A moqueca de feijão tava muito boa. Apetitosa. As carnes bem temperadas e os ovos vistosos, vivos.
Ah! Fartei-me. Agapito, nem tanto. Os jovens da era Piola não sabem curtir o bom da mesa.
Na despedida, a simpática Leila pediu-me para avaliar os serviços num bloco de notas.
Só não dei 10 porque sou muy exigente. Mas, vale e muito conhecer o Dona Mariquita degustar essas delicias que experimentei.
Claro, minha nobre leitora, meu distinto leitor, há outros pratos mui deliciosos e sobremesas admiráveis como o Bob Leal, homenagem ao arquiteto Roberto Leal, uma bola de sorvete de coco verde com doce de compota de goiaba.
No Dona Mariquita você vai ao Recôncavo sem sair de Salvador
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Restaurante Dona Mariquita
Rua do Meio, 178 - Rio Vermelho, Salvador, Bahia
Fone 71-3334 6947/ 6988
Moqueca de feijão R$62,00 (serve duas pessoas)
Pasteis de palmito de jaca 6und (R$22,00)
Boazinha - dose R$10,00
Bud R$8,00
Bob Leal - sorvete de coco R$12,00
Aceita todos os cartões
Não tem manobrista
Ambiente com ar condicionado
Classificação 3 DONS