Colunistas / A Boa Mesa
Dom Franquito

DOM FRANQUITO saboreia o trivial burrito al pastor no Ciudad Real

É um prato trivial muito popular no México
23/05/2014 às 11:31
Depois de passar o dia no sitio arqueológico de Palenque dedicado a la reina Roja e ao rei Pakal, em área da selva Lacandona, Sul do México, e admirarmos a cachoeira das águas azuis e a mata onde John McTiernam rodou a película "El Pedrador", estrelado por Arnold Schwarzenegger para resgatar reféns de uma guerrilha instalada na América Central, o qual se deparou com um caçador extraterrestre, imagem que povoa o imaginário popular do México e da Guatemala, concluida nossa missão, yo e la señora Bião de Jesus fomos descansar as pernas e o corpo à beira da enorme piscina do Hotel Ciudad Real, considerado em mejor de Palanque. 

   O sitio arqueológico de Palenque é belissimo, uma raridade da cultura maya situada próximo ao rio Usumacinta, no estado de Chiapas, numa perfeita harmonia entre a selva e as águas correntes, ruinas compostas por mais de 500 edificações, entre elas a da reina Roja e do rei Pakal, uma sociedade que os estudiosos acreditam ter sido gerida por mulheres (as amazonas da América Central).

   Daí que foi um dia puxado, de caminhadas e subidas e descidas nos edifícios antigos dos mayas originalmente descobertos pelos capitães do mato espanhóis que percorriam o estado a procura de madeiras de lei, especialmente o cedro. 

   Nada melhor do que relaxar num hotel. O Ciudad Real fica nos arredores da cidade e salvo um supermercado que tem próximo onde se pode ir andando e comprar produtos baratíssimos, da cerveja ao jamon, o melhor mesmo é desfrutar a sua piscina, apreciar os animais que ficam em torno do local, os pavões e pássaros, e curtir o seu restaurante.

   Belisário, um garçom de alto coturno, vasta experiência no atendimento a estrangeiros, sugeriu que, para abrandar o calor, o mais sensato seria tomarmos Coronas, a cerveja mais popular do México.

   Pois sim, já conhecíamos a Corona e topamos, desde que estivesse bem gelada. Os mexicanos nâo servem cervejas estupidamente geladas como no Brasil e sim apenas resfriadas. Belisário, no entanto, atendeu nosso pedido na íntegra.

   La señora Bião, embora cansada, como sempre estava belíssima, usando um traje quase à moda Frida Khalo, com florais. Apostaria que sua silhueta parecia mais com uma espanhola do que com uma mexicana. 

   Ou seria La Reina Roja reencarnada? É, pode ser. Porém, mais bonita, mais contemporânea. 

   Belisário cubava nosso papo de longe sem dar palavra. Em instantes convocamos o mexica para opinar sobre o prato principal que comeríamos, uma coisa leve uma vez que a noite já havia chegado há algum tempo e algo mais pesado porderia prejudicar a nossa digestão e dormida.

   Yo mesmo não gostaria de sonhar com o extraterreste que Schwarzenegger enfrentou em "El Predador" com aqueles dentes enormes e um cara que mais parecia uma máscara do outro mundo. Claro, em sendo extraterrestre só poderia ser do outro mundo.

   E para comer, de principal, por sugestão de Belisário escolhemos o burrito al pastor. 

   No estilo do pastor trata-se de um prato que resulta da adoção da carne grelhada no espeto trazida por libaneses imigrantes para o México, derivada do shawarma, semelhante ao turco kabad doner e os gregos giroscópíos, no México feitos a base de carne de porco

  Em alguns lugares do Norte do México, na outra banda do país, lá por Durango e Nuevo Leon esses buritos são chamados de tacos de trompo, tortillas de farinha de tribo com queijo. Há quem também os chame de tacos árabes a partir da culinária árabe-mexicana com pan-árabe, levados por imigrantes mexicanos que moram em Chicago e Los Angeles.
O burrito al pastor que nos serviu Belisário parecia um pouco com uma comida árabe com carne de porco e tortiila à base de milho. É um prato trivial e que serve apenas para se degustar sem qualquer admiração. Mas, ainda assim, delicioso. Adicionando-se a cholula salsa, uma pimenta de sabor especial, com ardor moderado, o burrito fica supimpa.

   A señora Bião estava tão cansada que só falava do dolorido dos seus pés. Acostumada a pisar em salões de granito seus pés estranharam o sobe e desce das escadarias dos templos da reina Roja. Mas também adorou el burrito.

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Restaurante do Hotel Ciudad Real
Palenque, México
Preço do prato R$30,00
Corona R$7,00