Colunistas / A Boa Mesa
Dom Franquito

DOM FRANQUITO respeita a quaresma e se benze com caruru de dona Lade

Em respeito a São Isidoro de Sevilha, Dom Franquito não comeu muito
05/04/2014 às 10:06

 Fui rezar na Basílica de São Sebastião, centro da capital baiana, onde se situa o Mosteiro de São Bento, nesta sexta de São Isidoro de Sevilha, e de São Pedro de Poiters, inclusive também passei na Igreja de São Pedro pra fazer o sinal da cruz, na Praça da Piedade, lotada de fiéis, e dei um giro até o Terreiro de Jesus para ver como está a cidade da Bahia na gestão do prefeito ACM Neto.


  Tá ficando mais organizada. Já não tem tantos camelôs na Avenida Sete, salvo o camarada amigo nosso que vende óleo do peixe elétrico, o rapaz onde compro quebra-queixo e mais uns abusados que insistem em fazer ponto nos bancos da Piedade, reservado para a prosa dos aposentados. 

   Sim, a Prefeitura precisa colocar os nomes nas imagens dos mártires da Revolta dos Alfaiates, na Praça da Piedade. Estatuetas sem identificação não servem para muita coisa porque as pessoas não vão saber quem são. E deve por no chão aquele prédio da Associação de Esperanto que já caiu a metade, na Ladeira do São Bento. Tá um pardieiro fedorendo.

  Bem, depois da caminhada, da prosa que tive com Badá, o produtor cultural do Pelô alí pela Misericórdia, ele me falando de Brown, o jornalista Bonfim, e dos seus projetos para a cidade, visitei o CGC de dona Gal, na Rua do Bispo, e voltei para a Avenida Sete até a tenda de comidas de Dona Lade, no Rosário, para me deliciar com comida baiana típica da sexta.

   - Você por aqui? - perguntou Lade estranhando que tivesse vestido com uma camisa preta quando hoje é dia de branco, de Oxalá.

  - Falei que vinha experimentar seu pirão e acá estou, frisei.

  - A casa é sua. Você é meu convidado. E a señora Bião de Jesus não veio? - lembrou.

  - Tá chique. Só vai em lugar de grãfinos, respondi dizendo que ela estava envolvida com o imposto de renda de clientes.

   - Fique à vonta. Hoje temos caruru, vatapá, bacalhau, peixe de moqueca, farofa de dendê, arroz, feijão fradinho, pimenta da boa e tudo mais.

   Fui astuciando o que dizia dona Lade, anotei tudo na cachola e fiz meu prato na medida certo, ou como diz o nome do Restaurante de Dona Lade, Fora do Comum. 

   Caprichei, um pouco de cada um dos ingredientes soletrado por dona Lade e ainda adicionei banana-frita e uma concha de bobó de camarão.

   Para uma sexta da quarta semana da quaresma tava de bom tamanho. Como estou na fase de abstinência em relação à bebidas alcoólicas adicionei a pedida uma coca cola de lata, normal, com gelo e limão. Até hoje não sei porque insistem em colocar gelo e limão em coca. Mas, se o garçom diz que é bom, aceitei a pedida.

  Então, com respeito ao monge Platão, hoje também é seu dia, e a São Isidoro de Sevilha, a belíssima cidade da Espanha onde residem uns parentes meus, limpei o prato como se diz no popular.
Dona Lade ainda insistiu para que eu comesse mais. Ponderei que seria pecado na semana santa exagerar na gula. Ela aceitou, mas, disse que teria que tomar um sorvete da casa. E alojei na minha pança mais duas bolas de sorvete de coco, delicioso.

   Daí segui para casa a pé rezando um terço e pedindo saúde ao Deus pai.

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RESTAURANTE FORA DO COMUM
Rua do Rosário, 7 (Mercês)
Ao lado da Igreja do Rosário
Abre todos os dias exceto domingo
Tem também café da manhã, sorvete a quilo e churrasco na brasa
Média de preço R$20,00 (popular)
Tem ar condicionado
Estacionamento pago na Avenida Sete