Restaurante Toca do Dito, Rua da Esperança, Plataforma, Salvador, Bahia
Foto: BJÁ |
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Beijupirá com dourado e mistureba de mariscos com coentro, cebola e tomate |
Nelsinho Fontes diretor do site Subúrbio News promove uma permanente campanha mostrando que o Subúrbio Ferroviário de Salvador, um conglomerado de bairros que vai da Calçada a São Tomé de Paripe, também tem belezas naturais, boa gastronomia, cultura, associações comunitárias organizadas, centro religiosos e assim por diante, e não apenas o que retrata com mais força a mídia tradicional, a miséria, drogas, mortes e degradação.
O Subúrbio, como outro qualquer "bairrão" de uma capital metropolitana, ainda que abrigue grande parte da população de baixa renda, tem seus imensos problemas, especialmente de infra-estrutura porque a população vai ocupando todos os espaços sem qualquer planejamento urbano e as obras complementares são feitas após esse adensamento, nas baixadas, nas encostas, onde sobre um palmo de terra; mas também tem seus teatros, restaurantes, praias, barzinhos, clubes e uma vida comunitária legal.
Percorrendo essa trilha do lado positivo Nelsinho me levou no Restaurante Toca do Dito na Esperança de Plataforma, a casa em que Sêo Menezes Lima e esposa há mais de 30 anos servem camarões e moquecas de peixe da melhor qualidade.
O restaurante é bem simples, amplo, decorado ao gosto popular. Na entrada a imagem de um galo de gesso enorme (não é galo de bozó), carcaças de peixes, imagens de santos, fotos do dono da casa com a camisa do seu querido Bahia na pedra da sereia, farinheiras de plástico e o tradicional mostruário de copos que, após serem lavados, são postos num paliteiro de madeira.
Mais original é impossível. A casa, óbvio, não tem ar condicionado. Quem senta nas cadeiras da parte do fundo tem uma belíssima vista para a Baía de Todos os Santos no quadrante em direção a Inema.
Tudo é tão original na Toca do Dito que o garçom que nos atendeu, Washington, atua à moda praieira, de bermudas, e diz que poderia chamá-lo de Chico. De Washington pra Chico vai uma grande diferença, mas, ele confessa que todo mundo só o chama de Chico, daí que Chico pra lá; Chico prá cá ficou assim e o Washington é nome só pra assinatura oficial.
E foi Chico quem sugeriu que experimentássemos a moqueca de beijupirá com dourado e uma mistureba sutil de mariscos na base do aribé e mais arroz, feijão com quiabo e molho de pimenta da casa.
É de tirar o chapéu. Aliás, antes mesmo de saborear o beijupirá de Dito, o qual à semelhança de Washington-Chico se chama Hermógens, mas todo mundo só o chama de Dito já tinha pendurado meu boné português e fui conhecer na cozinha a bacia, diria que é quase isso, onde é feito o molho de pimenta com tomates em rodelas, cebolas e coentros, segredo guardado a sete chaves na casa.
Deu foi uma suadeira dos pecados ingerir todos esses ingrdientes e como Nelsinho é filho de Terço dos Homens Abstêmicos, mantra dos que não tocam a boca em bebidas alcoólicas, tive que acomodar aquela que desce redondo sozinho.
Faz parte. E foi bom porque essa combinação de beijupirá, dourado, quiabo, feijão e pimenta só rezando pra São Braz da Plataforma e redimir os pecados.
É isso: se você acha que no Subúrbio só tem miserê se enganou legal. Vai na Toca do Dito e tire a prova dos nove.
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RESTAURANTE TOCA DO DITO
Rua Esperança, 59 - Plataforma, Salvador, Bahia
Bairro do Subúrbio Ferroviário
Fone 71.3218.6029 8849.3263
Média de preço da moqueca de peixe para duas pessoas R$25,00
De preferência, pagamento no capilé em efetivo
Estacionamento na rua
Funciona todos os dias da semana