Colunistas / A Boa Mesa
Dom Franquito

DOM FRANQUITO DIVIDE MOQUECA DE ROBALO COM RASTA NA CANTINA DA LUA

Restaurante Cantina da Lua, Terreiro de Jesus, 2, Centro de Salvador
09/06/2012 às 08:02
Foto: BJÁ
Moqueca da Lua é servida na Cantina da Lua, Terreiro de Jesus, em Salvador
   A Cantina da Lua tem história. É um marco na luta pela revitalização do centro histórico de Salvador. Já bato ponto por lá há anos. Mais de três ou quatro décadas. E assisti, desde que aqui cheguei da Espanha, as mudanças que aconteceram na casa, no Terreiro de Jesus e no Pelourinho.


   Hoje está melhor do que ontem, dito assim a gente olhando lá na década dos anos 1970, quando ainda era a feita a revista da Bahiatursa no Pelô e se comia o angu encubado na casa comandada por Clarindo Silva, o guardião desse templo da boemia baiana.

  Evidente que, na atualidade, não se faz mais boêmios como Ruy Espinheira e Rêmulo Pastore, zumbis das noitadas baianas, muito menos de um Gilberto Boca de Lata e Aninha Umbigo, mas, ainda vale a pena ir a Cantina.

  Mudamos todos. Salvo, o sempre esguio e elegante Clarindo Silva, o qual o tempo não enverga, parece que toma diariamente chá de catuaba do pé da serra e aniz estrelado, e o mesmo se apresenta, sempre de veste branca, a nos cumprimentar com uma disposição de menino, a seguir os anos nesse mesmo tom de simpatia e reverência.


   Semana passada estive na Cantina para mais uma jornada com meu dileto amigo Rasta do Pelô, tomando umas daquelas que desce redondo e saboreando uma moqueca da lua, com caruru, vatapá, arroz, pirão e moqueca de azeite. Um robalinho bem temperado com pimenta de cheiro.

  A garçonete Márcia, um amor de pessoa segundo o Rasta, assim como a bar-woman Tayala, también muy agradable, foram as graciosas que, literalmente, alimentavam nossa mesa com as guloseimas e as geladas, enquanto o poeta e cineasta Carlos Pronzato, em outra mesa, nos cubava de baixo acima e vice-versa.


  Lá pras tantas, o Rasta queixo-se de Márcia que o peixe estava gordito além da conta. Ela sorriu e só não o mandou rezar uns 10 pai nosso na igreja de São Domingos porque sendo uma moça educada, preferiu ironizar: - Depois que enche a pança vem com essa conversa fiada. O Rasta torceu meia dúzia de tranças e nada disse.


   Por isso que, calado estava; calado fiquei porque também já tinha me fartado na moqueca, a garçonete se desculpando que havia faltando o vatapá a mais do meu gosto, e ficamos assim observando o Terreiro de Jesus e a catedral do bispo com as portas fechadas.


   E mais não tivemos o que dizer, nem reclamar, e sim fazer elogios a moqueca da lua do incansável e batalhador Clarindo Silva.

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CANTINA DA LUA - Bar e Restaurante

Praça 15 de Novembro, 2 - Terreiro de Jesus

Centro Histórico de Salvador

Fones 3321.6388 e 3321.4041
Não tem ar condicionado
Moqueca da Lua R$27,50
Estacionamento do Pelourinho entrada pela Bx dos Sapateiros