O Restaurante de Farah fica no bairro da Santa Mônica, em Salvador
|
Camarão a Bazuca |
Esta senhora Bião de Jesus me inventa cada coisa! Pois assim dito apareceu com um machucado no joelho e está à cata de doutor Lapão há dias.
Nada assim que impedisse de prosar amenidades no Restaurante de Farah com a dona faladeira da casa.
A conversa corria solta quando Davi pôs uma nobel sobre a mesa. - Grato irmão, respondi em tom evangélico.
Ao que, indagou se gostaríamos de uma costelinha de porco com farófia de manteiga, produzida com farinha de Cruz enviada pelo vovô Antista, tira-gosto vencedor do Comida di Buteco.
- Que venha à mesa o tira-gosto campeão, disse piscando o olho para a senhora Bião de Jesus, enquanto brindávamos a nobel.
Posta à nossa frente durou minutos. Porquinho de Santa Catarina cevado com ração de primeira, a costelinha dissolveu na boa. Duas pitadinhas de pimenta, uma colherzinha de farófia sobre a mesma, adeus iaiá.
Farah chegou para dar palpites e mostrar as fotos das filhas e dos netos.
- E a do namorado? - perguntei com indiscrição.
- Namorado só pra passear, me distrair. Nada de amarração - pontuou sugerindo que comessemos um camarão a bazuca com caruru e vatapá de farinha de trigo sem dendê.
- Camarões da maricultura ou do criatório de Marcos Dacach do Mutá? - indaguei.
- Nada filho meu, de Ilhéus. Camarão pescado, rosinha.
A essa altura a senhora Bião apontou-me uma tabuleta na parede onde se lia: - Não aceitamos cheques. Nada que nos assustasse porque havia o suficiente para pagar o bazuca.
Á mesa então, ei-los. Rosinhas os tais ilheenses nadando no molho ao creme de leite. Convidei Davi para que colocasse mais uma nobel e molho de pimenta, até que diminuisse a quentura do aribé.
- Farah interveio: Ponha o molho fraco só pra dar um gostinho.
Que manjar: vatapá sem dendê, mas com gosto de vatapá, caruru com quiabos de Muritiba, arroz branco solto e o bazuca.
Não diria que suei em bicas porque fui treinado na Socila. Mas que é um prato saboroso disso não duvide caro leitor ou carissima leitora.
De saída, Farah, de bom coração, ainda deu a senhora Bião um saquinho cheio de farinha de tapioca para o bejuzinho matinal.
E, pra completar, ainda me disse uns leros: - Não demore mais 4 anos para aparecer e na próxima nos brinde com pelo menos duas risadas.