Direito

PF PRENDE MILITARES ACUSADOS DE TENTAR MATAR LULA E DAR GOLPE ESTADO

Cerco se fecha no entorno do ex presidente Jair Bolsonaro
Tasso Franco , Salvador | 19/11/2024 às 11:42
Prisões chegam a militares de alta patente
Foto: REP
   A Polícia Federal prendeu cinco pessoas na operação Contragolpe. Os alvos são suspeitos de terem planejado um golpe de estado para impedir a posse do presidente Lula após as eleições de 2022.

  Além dos cinco mandados de prisão, os agentes federais cumprem três mandados de busca e apreensão e 15 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, a proibição de se ausentar do país, com entrega de passaportes no prazo de 24 horas, e a suspensão do exercício de funções públicas. O Exército Brasileiro acompanha o cumprimento dos mandados, que estão sendo efetivados no Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e Distrito Federal.

Mauro Cid responde sobre dados apagados em seu celular e computador em novo depoimento nesta terça (19)
Todos os cinco presos exerciam cargos públicos. Entre eles estão o tenente coronel Hélio Ferreira Lima, que comandava a 3ª Companhia de Forças Especiais em Manaus, destituído do cargo em fevereiro deste ano.

Também o general e ex-ministro interino da Secretaria-Geral Mário Fernandes, Secretário executivo da PR. Atualmente, ele é reformado e assessor do deputado Eduardo Pazuello.

Ainda o major das Forças Especiais do Exército Rafael Martins de Oliveira. Ele negociou com o coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o pagamento de R$ 100 mil para custear a ida de manifestantes a Brasília.

Completam a lista o major Rodrigo Bezerra de Azevedo e o policial federal Wladimir Matos Soares. Todos os quatro militares foram presos no Rio de Janeiro e o agente da PF em Brasília. Dois deles estavam trabalhando na segurança de autoridades no G20.

No despacho do ministro Alexandre de Moraes autorizando a operação, há a justificativa de trocas de mensagens entre o coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, e diversos outros militares envolvidos nessas apurações do golpe. Uma das mensagens, inclusive, de Cid é para o então comandante do Exército General Freire Gomes, em que ele pede para que Freire Gomes vá até o Alvorada conversar com Jair Bolsonaro, que depois de perder as eleições de 2022 ficou recluso. Segundo Cid, o ex-presidente estava sofrendo uma pressão maior por parte de parlamentares para dar um golpe.

Cid diz que Bolsonaro, inclusive, enxugou um decreto, mas que gostaria de conversar ainda com Freire Gomes.

Há informações também de troca de mensagens entre Mauro Cid e Marcelo Câmara, que era seu auxiliar na ajudança de ordens da Presidência da República, em que Câmara passa informações do monitoramento de rotas e da portaria em que Lula e Geraldo Alckmin entrariam no TSE para ser diplomados em dezembro de 2022.

Todos eles, menos o policial, estão entre os chamados kids pretos, militares da elite, das chamadas forças especiais do Exército, que planejaram a prisão e execução de um ministro do Supremo Tribunal Federal, que vinha sendo monitorado continuamente, caso o Golpe de Estado fosse consumado.

Segundo a PF, a organização criminosa se utilizou de elevado nível de conhecimento técnico-militar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas nos meses de novembro e dezembro de 2022. Os investigados são, em sua maioria, militares com formação em Forças Especiais (FE). A origem do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, coronel Mauro Cid, é das forças especiais.

Entre essas ações, foi identificada a existência de um detalhado planejamento operacional, denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022, voltado ao homicídio dos candidatos eleitos, Lula e Geraldo Alckmin.

O planejamento elaborado pelos investigados detalhava os recursos humanos e bélicos necessários para o desencadeamento das ações, com uso de técnicas operacionais militares avançadas, além de posterior instituição de um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise”, a ser integrado pelos próprios investigados para o gerenciamento de conflitos institucionais originados em decorrência das ações.

Os fatos investigados nesta fase da investigação configuram, em tese, os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Golpe de Estado e organização criminosa.

General Mário Fernandes participou da reunião do golpe

General da Reserva Mário Fernandes participou da reunião em que o ex-presidente Jair Bolsonaro reuniu ministros no Palácio do Planalto para debater ações golpistas em casos de derrota nas urnas, como apontavam as pesquisas na época. Mário Fernandes aparece nessa reunião ao lado do general Augusto Heleno, então chefe do Gabinete de Segurança Institucional. Na sua fala, Mário Fernandes critica o TSE, que na época rebatia afirmações de que a urna eletrônica não tinha segurança, rebatendo ofícios do Ministério da Defesa.

CORREIO BRAZILIENSE

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira (19/11) uma operação que mira as Forças Especiais do Exército, os chamados "Kids Pretos" suspeitos de tentativa de golpe de Estado. De acordo com as investigações, usando técnicas militares, uma organização criminosa tentaria tomar o poder em 15 de dezembro de 2022.

As diligências apontam que os militares tentariam matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O objetivo seria impedir Lula de tomar posse e assim colocar em prática um golpe de Estado. Ao todo, estão sendo cumpridos cinco mandados de prisão, três de busca e apreensão e 15 medidas cautelares expedidas pelo Supremo no âmbito da Operação Contragolpe.

De acordo com informações obtidas pelo Correio junto a fontes na PF, entre os militares alvos de mandados de prisão estão Helio Ferreira Lima, Mario Fernandes, militar reformado e assessor de Eduardo Pazzuelo e o major Rafael Martins de Oliveira.

"Entre essas ações, foi identificada a existência de um detalhado planejamento operacional, denominado 'Punhal Verde e Amarelo', que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022, voltado ao homicídio dos candidatos à Presidência e Vice-Presidência da República eleitos", informou a PF.

"Ainda estavam nos planos a prisão e execução de um ministro do Supremo Tribunal Federal, que vinha sendo monitorado continuamente, caso o Golpe de Estado fosse consumado", completa a corporação, em nota.

Os mandados estão sendo cumpridos em Goiânia, onde fica a sede das Forças Especiais, em Brasília, no Rio de Janeiro e no Amazonas. O Exército acompanha as diligências.