O fundador do WIKILEAKS, Julian Assange, está pagando meio milhão de dólares para voar para uma ilha remota no Pacífico após ser libertado da prisão.

Assange, de 52 anos, foi libertado após cinco anos, quando concordou com um acordo judicial com os EUA, mas recusa-se a pôr os pés no continente americano para finalizar a sua tentativa de liberdade.

Libertado da prisão de segurança máxima de Belmarsh, em Londres, na segunda-feira, Assange embarcou num avião no aeroporto de Stansted pouco depois.

Em vez de ir directamente para casa, para a Austrália, Assange está a voar para Saipan, uma ilha tropical a 11.000 quilómetros de distância dos EUA.

Ele fez um acordo judicial com os EUA para evitar a extradição e a pena de prisão nos Estados Unidos, o que significa que terá de se declarar culpado de apenas uma acusação ao abrigo da Lei de Espionagem.

Assange tem de comparecer num tribunal dos EUA para o fazer - e a ilha de Siapan, um território ultramarino americano - é sede de um tribunal distrital dos EUA.

O fundador do WikiLeaks teria se recusado a pisar no continente dos EUA - preferindo, em vez disso, ir ao tribunal mais perto de sua casa, a Austrália.

Ele deve comparecer ao tribunal de Saipan às 9h da quarta-feira e se declarar culpado de conspirar para obter e divulgar documentos confidenciais de defesa nacional dos EUA.

Saipan é a capital das Ilhas Marianas do Norte, um território dos EUA no oeste do oceano Pacífico.

Também fica a cerca de 1.800 milhas de distância da Austrália, relativamente próximo em comparação com outro território ultramarino dos EUA, como o Havaí.

Emily Crawford, professora da faculdade de direito da Universidade de Sydney, disse à Reuters: “Ele tem que enfrentar as acusações que foram apresentadas sob a lei dos EUA.

“Tinha que ser território dos EUA, mas tinha que ser o território dos EUA mais próximo da Austrália que não fosse um estado dos EUA como o Havaí.”

Depois de Assange se declarar culpado da única acusação, espera-se que ele tenha permissão para voltar para casa.

Seus 62 meses em uma prisão em Londres serão considerados como pena cumprida.

Assange foi originalmente acusado de 18 acusações ao abrigo da Lei de Espionagem dos EUA, depois de o WikiLeaks ter publicado registos militares confidenciais dos EUA em 2010.

As informações incluíam o vídeo Collateral Murder do ataque aéreo em Bagdá, registros da guerra no Afeganistão, registros da guerra no Iraque e Cablegate.

Os promotores americanos alegaram que Assange colocou vidas em risco ao publicar as informações online, iniciando a longa batalha legal para extraditá-lo para os EUA.

O vídeo compartilhado ontem pelo WikiLeaks no X mostrou seu fundador embarcando em um avião em Stansted por volta das 17h.

O ACORDO

Como parte do acordo, Assange vai se declarar culpado nesta semana por violar a lei de espionagem dos EUA, segundo documento emitido pela Justiça dos EUA. Ele assumirá uma acusação criminal -- de conspiração para obter e divulgar documentos classificados de defesa nacional dos EUA -- em audiência nas Ilhas Marianas do Norte às 20h de terça-feira no horário de Brasília.

Na audiência, o fundador do WikiLeaks deve ser sentenciado a 62 meses de prisão, tempo que ele já cumpriu no Reino Unido. Após se declarar culpado e passar pela audiência, Assange estará oficialmente liberado e espera-se que ele volte para a Austrália, país do qual é cidadão.

Quem é Julian Assange, fundador do WikiLeaks que ficou mais de 5 anos preso no Reino Unido e libertado após acordo com a Justiça dos EUA

Julian Assange ficou mundialmente conhecido por fundar um grupo de ativistas chamado WikiLeaks, em 2006. Nos anos seguintes, a organização vazou cerca de 700 mil documentos classificados dos Estados Unidos, o que irritou autoridades norte-americanas.