Com informações do Vatican News
Tasso Franco , Salvador |
19/04/2025 às 10:12
Procissão do fogo de Deus no Coliseu, Roma
Foto: Vatican News
Nesse dia, os fiéis são convidados a refletir e esperar, seguindo o exemplo de Maria, a mãe de Jesus, enquanto também recordam a perplexidade dos apóstolos diante da morte de Cristo.
Descrito pelos Padres da Igreja como "o mais longo dos dias", o Sábado Santo propõe uma espera silenciosa, que revive a angústia dos discípulos após a crucificação. A reforma litúrgica realizada por Pio XII restaurou esse dia como tempo de recolhimento, no qual cada cristão reflete sobre a morte de Cristo e sobre a finitude da existência humana. Nesse momento, a fé é posta à prova: o Messias morreu, e o desfecho permanece desconhecido. Só resta confiar que o vazio interior será um dia preenchido.
Cristo permanece em ação
Mesmo em silêncio, Cristo não deixa de agir. Segundo uma antiga tradição, Ele desce à morada dos mortos, atravessa as sombras da morte e resgata a humanidade. Vai ao encontro de Adão — figura que representa todos os homens —, o desperta e anuncia a salvação, oferecida a todos. Assim, constrói uma ponte entre o túmulo e o Reino dos Céus. Com a Cruz em mãos, vence a morte por meio da própria morte.
O padre Diogo Shishito, da Diocese de Mogi das Cruzes (SP), doutorando em Liturgia na Universidade Sant’Anselmo, em Roma, nos convida a contemplar o silêncio fecundo deste dia, repleto de sentido e esperança.
A SEXTA SANTA
Nas meditações escritas para o tradicional rito da Sexta-feira Santa, Francisco explica que o caminho rumo ao Gólgota é a descida que Jesus realizou "em direção ao mundo que Deus ama". Cristo, "pregado", se coloca "no meio das partes, entre os opostos" e os leva ao Pai, pois sua cruz "derruba os muros, cancela as dívidas" e "estabelece a reconciliação". Diante das economias desumanas, feitas de cálculos, lógicas frias e interesses implacáveis, a mudança de rumo é voltar-se para o Salvador.
Um percurso proposto a todo homem, um caminho para olhar para dentro de si mesmo e confrontar a própria consciência, detendo-se nos sofrimentos de Cristo no trajeto até o Calvário. As meditações preparadas pelo Papa Francisco para a Via-Sacra da Sexta-feira Santa no Coliseu, que nesta noite, 18 de abril, será presidida — por delegação do próprio Pontífice — pelo vigário geral da Diocese de Roma, o cardeal Baldo Reina, mostram que o caminho da cruz é a descida que Jesus realizou em direção àqueles que amou, "em direção ao mundo que Deus ama" (II estação). E é também "uma resposta, uma assunção de responsabilidade" por parte de Cristo. Ele, que "pregado", intercede, se coloca "no meio das partes, entre os opostos" (XI estação) e os leva a Deus, porque sua "cruz derruba os muros, cancela as dívidas, anula as sentenças, estabelece a reconciliação". Jesus, "o verdadeiro Jubileu", que despojado de suas vestes, revelando-se "íntimo até mesmo para quem o destrói", e olhando "para aqueles" que o despem "como pessoas amadas que o Pai" lhe confiou, demonstra querer salvar "todos, todos, todos" (X estação).