Cultura

ROSA DE LIMA COMENTA CRONICAS LITERÁRIAS DE TASSO FRANCO VOLUME 2

No Crônicas 2 há comentários de livros que vão de Walter Isaacsom (Steve Jobs, biografia) a Geofrey Blainey (Uma Breve História do Cristianismo)
Rosa de Lima ,  Salvador | 29/03/2025 às 09:44
O livro é: Crônicas Literárias de Tasso Franco, volume 2 à venda na Amazon
Foto: BJÁ
  Trata-se de um conjunto de crônicas publicadas no Bahia Já ente 2011 e 2018 agora colocadas em livro segundo o autor ditadas por Rosa de Lima (esclareço que se trata de um heterônimo que o jornalista Tasso Franco usa com o nome de sua avó paterna, portanto, não sou eu) e ele diz que os textos são ditadas por ela, ou emanadas por sua inspiração. Esses espíritas são invocados e temos que respeitá-los como eles são.

 O importante aqui é analisarmos o conteúdo das crônicas e podemos observar neste segundo volume (Editora Ojuobá, 326 páginas, capa de Seramov, Amazon.com R$54,00 mais o frete) que o autor segue o mesmo conceito do volume 1 analisando livros de autores nacionais e estrangeiros e dando um maior destaque aos nacionais aqueles produzidos por autores baianos. Afinal, Franco é jornalista baiano e se movimenta com mais desenvoltura nesse meio, sobretudo na cidade do Salvador.

  E o faz muito bem porque a literatura é global e há àqueles que fazem sucesso com publicações que alcançam um maior público, especialmente os estrangeiros que escrevem em inglês e são beneficiados pela língua e pelo fato de que três grandes mercados consumidores de livros estão situados nos Estados Unidos, no Reino Unido, no Canadá e em países que têm suas línguas nativas, mas adotaram o inglês como o Quênia, a África do Sul, a Nigéria, a Índia e outros.

  Então, os autores que escrevem em portugues sofrem essa restrição de mercado salvo aqueles que são traduzidos como Paulo Coelho, mas são exceções. No geral, o autor estadual (aquele que publica somente no seu estado de origem) tem publicações restritas entre 1000 a 3000 exemplares e os nacionais alcançam um maior número. Eventualmente, surgem fenômenos literários como foi o caso de Itamar Jr com o livro “Torto Arado” com vendagem estimada em 400.000 exemplares.

   No Crônicas 2 há comentários de livros que vão de Walter Isaacsom (Steve Jobs, biografia) a Geofrey Blainey (Uma Breve História do Cristianismo); de Carpinejar (A Mulher Perdigueira) a Ferrez (Deus foi almoçar); aos baianos João José Reis (A morte é uma festa), Jolivaldo Freitas (Baianidades), Guilherme Radel (A longa viagem), Oleone Coelho Fontes (No Rastro das Alpercatas do Conselheiro), Affonso Ruy (A História da Câmara), Simone Caetano (A Voz de Armandinho) e outros.

  O jornalista nos seus comentários procura ser o mais didático possível sem erudição exatamente para que os leitores possam entender seus enunciados. Isso é muito importante de ser observado pois existem alguns que, ao invés de facilitar a vida dos leitores nas suas explicações sobre os conteúdos dos livros destilam conceitos acadêmicos quando os leitores querem saber, na realidade, mais sobre o enredo dos livros do que sobre a arte conceitual da literatura em si.

  Ora, se um autor é nativista como Aluísio Azevedo, por exemplo; ou romancista e poeta como Victor Hugo cremos, não é necessário ficar explicando conceitos do nativismo e as fases do romance e da poesia, e sim analisar o conteúdo da obra de cada qual, título a título. 

 É assim que faz o jornalista Tasso Franco neste volume 2 de suas crônicas literárias analisando 90 publicações. Os leitores ficam agradecidos, pois, a cada texto fala um pouco do autor até porque os leitores não conhecem a todos e das obras em si.

   Quando, por exemplo, aborda a obra “Baianidades”, de Jolivaldo Freitas, seu colega jornalista vai mostrando ponto a ponto como este autor trata os costumes baianos em suas crônicas, ele um mestre neste campo, citando exemplos do baianês praticado e abrindo janelas para os leitores. 

  No entanto, não se utiliza da sua pena para fazer elogios gratuitos e recomendações de leituras deixando que os leitores tomem essa decisão. Mostra o quadro, a gravura, a pintura literária e deixa que cada qual adote o livro ou não.

   Isso também é importante num cronista literário e os leitores, os mais atentos, normalmente, não se deixam levar por comentários que sejam babões. Leitor não é massa de manobra e mesmo aqueles de menor cultura têm discernimentos. Mas é claro que obras, por sí só ou também empurradas pela mídia e pelo marketing global ganham dimensões imprevisíveis e as pessoas compram sem pensa induzidos por esse apelos e também pelo efeito midiático das séries de TV e da Netflix. Harry Potter foi excelente publicação inglesa de J.K. Rooling e até a autora perdeu o controle de quanto vendeu e se tornou um fenômeno mundial graças ao cinema e a TV.

   Outros não chegam a TV como as publicações de Yuval Harari mas são explosões de vendas e há aqueles que já trazem embutidos no DNA as marcas dos autores como a autobiografia de Rita Lee ou o midiático Lázaro Ramos (Na Minha Pele).

   Mas tudo isso faz parte do campo da literatura que produz filhos, netos e bisnetos. Uma obra além do cinema, da TV e da internet chega ao campo das lojas de souvenires e presentes, da moda, da música e assim por diante. E, eventualmente, servem de inspirações para outras obras complementares ou não de sub-temas que novos autores pegam como ganchos e desenvolvem novos produtos literários.

   Por posto, o jornalista comenta de Oleone Coelho Fontes (No Rastro das Alpercatas do Conselheiro) e sobre esse tema messiânico e o cangaço existem centenas de outras obras.  também está no volume 2 “Entre Anjos e Cangaceiros”, do historiador Frederico `Pernambucano de Mello que narra a trajetória do fotógrafo Benjamin Abrahão, aquele que melhor retratou o bando de Lampião.

   E há comentários sobre a obra de Ferrez (Deus Foi Almoçar), a obra de Bento XVI sobre “Jesus de Nazarté”, Lobão e seu “Manifesto do Nada”, Fernando Henrique Cardoso e “Os Pensadores que inventaram o Brasil”, Agamben, “Seco na Casa Branca”, Umberto Eco e o “Cemitério de Praga”, MacMillan e a “Primeira Guerra Mundial”, Tony Judt “Pós Guerra” – uma história da Europa, Caio Prado Jr e “A Formação do Brasil Contemporâneo” e muitos outros.

   Portanto, é um livro sobre livros com um painel bem selecionado de publicações que espelham o Brasil e Ocidente.