Aproveitando o gancho de publicação do fado "A Casa Portuguesa', da Amália Rodrigues, no canal YouTube de Sêo Franco, nada melhor do que, estando em Lisboa procurar um restaurante que tenha o cheiro de alecrim e quatro paredes caídas, um portal de azulejos e promessas de beijos. 

  Quanto aos beijos nem me preocupei porque la señora Bião de Jesus é generosa com Mr Simpatia e minha neta Luna quando quer algo insondável lança-me beijos e fica a chamegar falando: vovô, oh! vovô, você é tão bonitinho; vovô, oh! vovô.

  Diria a vocês que sou bom farejador desses sítios populares típicos de Portugal e ao andar pela Alfama, na Rua dos Remédios e passar pela igreja de Nossa Senhora dos Remédios e dos Pescadores da Alfama, ladeira arriba, vi e gostei do Restaurante Grelhador de Alfama entendendo ser uma casa portuguesa com certeza.

  Astuciei, entrei, sai e disse as minhas parceiras de viagem: - Vamos entrar e nos acomodar.

  A essa altura eu já estava conversando com Dona Helena sobre o ambiente estilo taverna, decoração intimista como se fosse, de fato, uma casa portuguesa, Santo Antônio no altar, mensagem de natal ainda posta num nicho, pratos decorativos nas paredes, lustres estilo família portuguesa, quadro com o galo - símbolo de Portugal - penteadeira com jarros, teto baixo, tudo como é do meu agrado, bem acolhedor. 

  O cozinheiro de nome Graciano que eu só falava Graciliano para chatear as meninas e lembrar de Bomfim, o advogado meu vizinho e conselheiro na Bahia, disse, não sei porque cargas d'água que eu era uma pessoa simpática. Minha neta reagiu como se advogada fosse: - Ele é rabujento, isso sim, com certeza absoluta. 

  Enquanto papeávamos, dona Helena trouxe  um Dão Ladeira da Santa, branco, reserva do Norte de Portugal e providenciou de entrada um queijo de ovelha da Fazenda Franco e chouriço do Norte, assada, a nós, entregue num tachinhio pequeno de ferro. Simpático gesto. Os chouriços da região Norte de Portugal, diz-nos Helena, são os melhores do país. Quem seria eu a contestar.

  - Que maravilha - disse eu ´enquanto as assanhadas parceiras de viagem faziam todo tipo de troça e estavam a dialogar com Graciano, o qual, disse estar mancando diante de uma queda que levara.

  Rimos a cair de queixos quando obtemperei ao chefe da cozinha que provavelmente sua queda teria ocorrido por maldição da bota.

  Sem entender a nossa pilhéria, Graciano acentou para nosso agrado, especialmente para o meu, que nos meses de janeiro e fevereiro, em Portugal, os netos mandam nos avós.

  O Dão descia bem, agradável. Dona Helena foi quem escolheu o vinho e garantiu que o Ladeira da Santa era excelente. 

  Que noite agradabilíssima. Em determinado momento questionei a ausência de Santo Antônio no nicho da Casa e dona Helena foi lá e mostrou-me a imagem do santo.

  Dona Helena adora Belém do Pará onde mora um seu irmão e Graciano acha Brasília fantástico. Papeamos sobre o Brasil.

  A conversa seguia ladeira acima e optamos, de principal, uma vez que nosso papo é sobre "A Boa Mesa", objeto das mal traçadas linhas de Dom Franquito, por bacalhau na brasa, minha esposa bacalhau ao Brás e minha neta, como sempre, a carne de vaca.

  Graciano entrou em campo numa área que se constituía no grelhador e uma assessora, na retaguarda, preparava as guarnições com arroz, molhos e saladas, noutra área, cozinha à parte.

  Eu adoro esse tipo de restaurante. Sentei-me junto a uma barrica onde se via, na tampa, vários tipos de vinhos do Porto, e após saborear as delicias do grelhador, comi como um náufrago o bacalhau na brasa, experimentei um Porto branco.

  Graciano disse que eu não soube comer todo o bacalhau. Paciência, fiz o que pude. As mulheres se fartaram a gosto.

  Depois, como é recomendável, descemos a ladeira dos Remédios em direção ao cais do Sodré e seguimos para o nosso flat na dom Luis I.

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Grelhador de Alfama - Rua dos Remédios, 137 Lisboa

Chouriços 3 euros, Bife de vaca 13 euros, Bacalhau na brasa 12 euros, 

Bacalhau ao Braz 12 euros, Ladeira da Santa 15 euros

Vinho do Porto (dose) 3.50 euros, Queijo 4.50 euros

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