Cultura

IGREJA DE SAINT-MERRY, PARIS, EM ESTILO GÓTICO FLAMBOYANTE SÉC XV (TF)

Um templo soberbo e belíssimo que merece ser visitado pelos turistas e não está nos roteiros tradicionais
Tasso Franco , Paris | 18/06/2022 às 05:17
Igreja de Saint Merry próximo ao Centro Georges Pompidou
Foto: BJÁ
      A Igreja de Saint-Merry é uma preciosidade da idade média localizada nas proximidades do Centro de Cultura Georgens Pompidou (4º Distrito de Paris) no cruzamento da antiga estrada romana norte-sul, na atual Rue Saint Martin e o eixo leste-oeste, Rue de la Varrire. Em estilo gótico francês é  dedicada a um abade do século VIII da Abadia de Autun, Saint Mederic, que veio a Paris em peregrinação e depois morreu lá no ano 850.

     O local é de intensa movimentação de franceses e turistas nessa área da cidade, sobretudo na Saint Martins que é uma rua bem alegre com bares e restaurantes à vista e muito frequentados e um vai e vem de pessoas que se dirigem ao Geroges Pompidou (Vide matéria do Pompidou em Cultura)

    Medericus era um eremita, padre e monge, que teria morrido neste local no dia 4 das calendas de setembro, que corresponde a 29 de agosto, por volta do ano 850. Em 884, durante o último cerco de Paris pelos normandos foi escolhido como santo padroeiro da margem direita do rio Sena.

    Uma pequena capela, chamada Saint-Pierre-des-Bois, existia no que era então uma campina. Por volta de 700 d.C. o abade fez história no local. Medérico, em português, São Merri, nasceu em Autun, na Borgonha, e acredita-se que tenha vivido numa abadia beneditina. 

   Mais tarde, ele foi para o deserto como um eremita. Em seu retorno, mudou-se para Paris, porque desejava morar perto do túmulo de Saint Symphorien, fundador da Abadia de Autun, que ficava dentro da Igreja de Saint-Germain-des-Prés, bairro localizado a gauche do Sena.

   À medida que o bairro se tornou um distrito comercial, a capela tornou-se muito pequena. Uma nova igreja foi construída no mesmo local por volta de 1200, mas logo ficou pequena. A igreja atual foi iniciada sob o rei Francisco I por volta de 1520 e terminada por volta de 1560. Embora tenha sido construído no meio do Renascimento, foi construído no estilo Flamboyant ou gótico tardio.

   De acordo com a floterarira da casa, o edifício atual foi construído entre 1500 e 1550. Tem a dupla particularidade de ter uma nave lateral apenas a sul e de ter a mesma planta de Notre Dame (sendo o coro substancialmente igual em comprimento à nave)

   Ainda segundo dados da paróquiaa, a construção pertence ao estilo gótico do século XV, as janelas e a abóbadas da travessia do transpeto mostram a chamada influência inglesa "flamboyant", e todas as linhas interiores permanecem extremamente sóbrias e de uma rara unidade arquitetónica.

   No século XVIII o coro é revestido a estuque. É decorado por famosos escultores de Slodiz. Ao mesmo tempo, o arquiteto Bofrand construiu a grande capela chamada "comunhão" (porque era lá que a comunhão era dada aos leigos, e não no coro reservado aos clérigos e pessoas especiais).

    Na arte românica, a luz é direcionada para o santuário, o gótico Flamboyant busca a unificação da luz em todo o edifício: o desbaste de muitas igrejas no século XVIII pela instalação de vitrais brancos e a substituição de vitrais coloridos. A mensagem desta arquitetura, dominando assim toda a sua importância nos vitrais, é a do Evangelho de São João "Deus é luz". O feixe é considerado como um dos caminhos para ir em direção ao Criador.

    MUDANÇAS

   No século XVIII, a igreja foi gradualmente modificada com elementos do estilo clássico. Os vitrais de cores intensas nas janelas superiores da nave e coro foram substituídos por vidros transparentes. O púlpito é de P. A. Slodtz e foi feito em 1753. A torre do sino contém um dos sinos mais antigos de Paris, lançado em 1331, que sobreviveu à Revolução Francesa.

   A partir do século XI, Saint-Merry esteve intimamente associado à Notre Dame de Paris. Todos os sete cânones da igreja vieram da catedral. Tornou-se conhecida, juntamente com outras três igrejas, como a "Filha" de Notre Dame, e é a única que ainda tem esse status hoje.

   A igreja foi seriamente danificada durante a Revolução Francesa. O Capítulo foi abolido e o edifício tornou-se por um tempo uma fábrica de pólvora. Ele foi devolvido à igreja em 1795, e serviu por um tempo como o "Templo do Comércio".

   A igreja agora abriga o Centro Pastoral Halles-Beaubourg. É também a base da Académie vocale de Paris, que realiza concertos na igreja todos os sábados ao longo do ano.

   A visita ao templo é gratuita e, como em todas as igrejas onde predomina o gótico, com pé-direito altissimo (dizia-se que era para dar a impressão aos fiéis de alcançar o céu) e abóbodas curvas impressiona e é agradável de se observar sobretudo aos brasileiros que não estão acostumados a frequentar esse tipo de templo. Eu a visitei em quase todas as suas dependêcias. (TF)