Cultura

BAHIAJÁ SUGERE Q SAINT-MALO, FRANÇA, SEJA CIDADE IRMÃ DE SALVADOR (TF)

Cidade onde Catarina Paraguaçu foi batizada tem forte ligação com SSA
Tasso Franco , Saint-Malo, FR | 08/06/2022 às 05:09
Saint-Malo, França, onde Catarina Paraguaçu foi batizada em 31/7/1528
Foto: BJA

A sugestão do BahiaJá é de que a cidade de Saint-Malo, na Bretanha, França, seja contemplada com o título de cidade irmã de Salvador agregando-se a outras que já são como Los Angeles, Estados Unidos (1962); Cascais, Portugal (1985); Cotonou, Benin (1987); Pontevedra, Espanha (1992); Havana, Cuba (1993); Lisboa, Portugal (1995); Sciacca Terme, Itália (2001); Harbin, China (2003); Miami, Estados Unidos (2006); Ouidah, Benin (2007); Boké, Guiné (2008); Luanda, Angola (2012); Ifé, Nigéria (2018).

A proposta do BahiaJá se fundamenta no fato de que as raizes da capital baiana, antes mesmo de assim ser chamada, se situam em Saint-Malo onde a tupinambá Catarina du Brézil foi batizada na igreja de São Vicente, em 31 de julho de 1528, trazida que foi para a França pelo navegador Jaques Cartier. 

E Catarina Paraguaçu (nome aportuguesado da tupinambá Quayadin, a qual recebeu o nome de Cateherine du Brézil em homenagem a mulher do navegador Jaques Cartier que se chamava Catherine de Granches é a mulher mais importante da história da Bahia, de todos os tempos, representada pela cabocla nos festejos ao 2 de Julho.

Saint-Malo foi fundada no século I a.C. O nome da cidade vem do Santo Bispo Maclou e suas muralhas foram construídas no século XII pelo Bispo Jean de Châtillon. O navegador Jaques Cartier nasceu em Saint-Malo em 1491 e faleceu em 1557. 

Descobriu o Canadá em 1534 mas, antes disso, ao participar de uma viagem a América do Norte com o navegador italiano Giovanni Verrazzano uma tormenta o teria levado a Baía de Todos os Santos onde manteve um relacionamento amistoso com Diogo Álvares (o Caramuru) e Catarina Paraguaçu os levando para a França.

Os registros na igreja de São Vicente dão conta do batizado de Catarina nesta igreja, em 1528, e quando ela retorna ao Brasil, (provavelmente) em 1534, já estava convertida à fé católica e ergueu a capela de Nossa Senhora da Graça, em 1534, atual igreja da Graça.

A edificação atual, sob planta do frei Gregório de Magalhães, foi erguida em 1645, em alvenaria de pedra e tijolo. O conjunto arquitetônico - mosteirinho beneditino - que se desenvolve em torno de um claustro, ocupando a igreja um dos seus lados. Segue um padrão comum aos mosteiros beneditinos do Brasil, separando a vida comunal da vida íntima. 

A igreja tem fachada barroca, permanecendo contudo a torre na sua feição primitiva, com terminação em meia laranja, reminiscência da técnica moçárabe. De nave única e capela-mor alongada, a igreja possui ainda uma arcada na ala esquerda, hoje fechada, que indica a existência de um avarandado tipicamente seiscentista. Na igreja, está sepultada Catarina Paraguaçu e, recentemente, passou por nova reforma interna patrocinada pelo IPHAN.

   JAQUES CARTIER

O navegador Jaques Cartier nasceu em Saint Malo em 1491 e desde jovem se interessou por pescaria e navegação e sua primeira aventura, ainda jovem, foi partir para Terra Nova com pescadores de bacalhau. Ao longo das travessias, o adolescente, cheio de curiosidade, descobre olhando ao seu redor o uso do sextante, a leitura da rosa dos ventos, a arte de medir o fundo do mar.

Teria, também, participado da viagem (Campagne du navire l´Espoir de Honfleur 1503-1505) relata que em 24 de Junho de 1503, partiu do porto de Honfleur, França, a expedição de Binot Paulmier de Gonneville, a bordo do veleiro L'Espoir, que aportou em Saint Malo. 

Cerca de seis meses após sua partida da França, em, 4 de janeiro de 1504, a expedição descobriu uma grande terra, São Francisco do Sul (SC), que devido a vento terral contrário, só puderam aportar na tarde do dia seguinte. Este teria sido o primeiro contato de Cartier com o Brasil. 

Segundo o pesquisador Oswaldo Rodrigues Cabral, em sua obra "História de Santa Catarina", a terra era descrita como fertilíssimo, abundante em animais, aves, peixes e árvores, e povoada por índios carijós, que "procuravam apenas passar a vida alegre, sem grande trabalho, vivendo da caça e da pesca, e do produto espontâneo da terra, e de alguns legumes e raízes que plantavam", local onde é hoje, São Francisco do Sul.

O capitão Binot Paulmier de Gonneville, antes de regressar à França, ergueu uma enorme cruz de madeira, com mais ou menos 35 pés, em uma colina com vista para o mar, em uma bela cerimônia no dia da Páscoa de 1504.

A cruz foi carregada pelo capitão e pelos seus principais auxiliares no comando do navio, com a ajuda do chefe Arosca e outros índios importantes da tribo. Após a cerimônia foram distribuídos vários presentes aos índios, que foram avisados por meio de sinais de que deveriam preservar aquela cruz, onde se encontravam gravados os nomes do papa Alexandre VI, do rei Luís XII, do Almirante da França Louis Mallet de Graville, do Capitão Binot Paulmier de Gonneville e de todos os outros tripulantes do navio. 

Gonneville retornando à França em 3 de julho de 1504, levou consigo um dos filhos de Arosca, Essomeric (Essomeric é provavelmente uma corruptela de Iça-Mirim, chefe pequeno), com a promessa de educá-lo no manejo de armas e fazê-lo voltar à sua terra natal após 20 luas. Outro índio, Namoa, morreu em alto-mar, vítima de escorbuto, segundo os relatos de viagem do próprio Gonneville.

Alguns relatos dizem que Namoa seria a jovem esposa de Essomeric. Ainda em alto-mar, Essomeric foi batizado de Binot, antes que morresse pagão, como Namoa. Impedido de voltar ao Brasil devido aos prejuízos sofridos na primeira expedição, Gonneville não pode cumprir sua promessa, dando em compensação uma boa educação ao índio, que casou-se em 1521, já com 31 anos, com sua filha Suzanne, legando-lhe parte de seus bens, com a promessa de que os seus descendentes do sexo masculino usariam o nome e as armas de Gonneville. Segundo os relatos de Muraro, Iça Mirim morreu em 1583, aos 95 anos, após ter 14 filhos com Suzanne, o que mostra ter se adaptado bem às condições de vida na França.

Posteriormente, em 1524, Cartier participa da expedição de Giovanni Verazzanno, em direção a NY, a bordo do L'Dauphine quando teria aportado na Baía de Todos os Santos. Essa é uma questão que ainda estamos pesquisando uma vez que é nesta viagem que Verrazzano morre devorado por antropófagos nas Antilhas e Cartier assume o comando do navio. A dúvida é como ele chegou a Bahia. (TF)