Cultura

CATEDRAL SAINT-MALO ONDE SE CASARAM CARAMURU E CATARINA PARAGUAÇU (TF)

Jornalista Tasso Franco faz novas pesquisas sobre esse fato histórico
Tasso Franco , saint Malo, França | 05/06/2022 às 03:48
Catedral de São Vicente de Saragoza, Saint Malo, França
Foto: BJÁ
      SAINT-MALO, BRETANHA, FRANÇA: Esta cidade localizada no departamento de Ille-et-Vilaine, Noroeste do país, tem uma ligação muito forte com Salvador da Bahia, embora, pouquissimas pessoas saibam disso diante da falta de informações e dos distanciamento entre as duas comunidades. 

   Foi o local que, em 1525, graças a uma iniciativa de Jaques Cartier, o navegador mais importante da localidade e que fazia negócios com os tupinambás da Bahia,  abrigou o casal Diogo Alvares (Caramuru) e a tupinambá Quayadin - filha do cacique Taparica - para se casarem na Igreja de São Vicente sendo batizada com o nome de Catherine du Brézil (aportuguesado para Catarina Paraguaçu).

   Nem mesmo Saint-Malo destaca esse fato em suas publicações sobre Jaques Cartier e no museu instalado na ex-casa de campo do navegador só há informações sobre a sua descoberta ao Canadá. Suas viagens ao Brasil - a Bahia - são apenas citadas em algumas publicações e desconhecidas do público francês e dos canadenses que visitam o museu. 

   A documentação do casamento de Diogo e Catarina pertence a basílica com registro no livro de documentos antigos da casa, mas, não tivemos acesso a ela ficando de fazer esse trabalho em outra viagem com mais tempo para pesquisar, o que só deverá acontecer, em 2023. Temos, no entanto, uma cópia da certidão do casamento que foi exposta em Salvador, no ano de 1997.

  Atualmente, a cidade tem 60 mil habitantes e a parte histórica é amuralhada - muralha medieval - sendo que se estima em 140 mil habitantes nos arredores e algo em torno de 250 mil pessoas circulando na época do verão que está praticamente começando, uma vez que é, também, um balneário com belissimas praias banhadas pelo Atlântico.

  A cidade foi fundada no seculo I a.C. Os romanos a fortificaram e no século VI e os monges Aaron d'Alet e Jean de Châtilon - este último, bispo em 1114, são considerados os fundadores - pais da localidade. Diz-se que Aaron deu acolhida a um monte Bretão chamado Mac Low (Maclou) donde deriva-se o topônimo Sain Malo. 

  Suas muralhas foram construídas no seculo XII pelo Bispo Jean de Châtillon dai ser considerado o fundador (de fato) da vila malouina. Ao longo dos séclos diante de sua posição estratégica situada numa baía (hoje, Baia de Saint Malo) se tornou um importante centro comercial de exportação e importação e desenvolveu-se o corso (de corsários) uma técnica naval que protegia a localidade contra ataques considerados inimigos. 

  Seria, assim, a cidade dos corsários (diferente de piratas porque serviam ao rei) e ainda hoje, vê-se, essas representações nas ruas com pessoas vestidas como corsários, lojas que vendem podutos dessa natureza e assim por diante.

  O personagem mais célebre da localidade é Jacques Cartier, navegador que é creditado pela descoberta do Canadá francês no século XVI. E é esse cidadão, pouco estudado na Bahia, que trouxe para Saint-Malo, Diogo Álvares e Catarina Paraguaçu para se casarem. História que estamos aprofundado embora já editamos, em 2000, o livro Cataraina Paraguaçu, a mãe do Brasil, romance histórico. (TF)

*** Vocês terão mais detalhes de nossa viagem ao longo da semana. Veja video na home do Bahia Já.