Cultura

CATARINA PARAGUAÇU FOI BATIZADA NA IGREJA SAINT-MALO EM 31/7/1528 (TF)

Visita do jornalista Tasso Franco levanta novos dados sobre Catarina Paraguaçu
Tasso Franco , Saint-Malo, França | 05/06/2022 às 18:35
Local na basílica de Saint Malo onde Jaques Cartier orou antes de descobrir o Canadá
Foto: BJÁ

As referências sobre a primeira visita ao Brasil do navegador francês Jaques Cartier (1491-1557) aquele que teria levado da Bahia o casal Diogo Alvares (Caramuru) e Catarina Paraguaçu para se casar em Saint Malo, França, em 1528, são imprecisas, porém, com citação de que, ainda jovem, ao 13 anos de idade, teria participado como jovem marinheiro (matelot) da expedição de Binot Paulmier de Goneville no comando do navio L'Espolier, a serviço do rei da França, com destino as Índias Orientais.

  

    Esta embarcação saiu de Hounfler e após escala em Cabo Verde e chegar ao Cabo da Boa Esperança  enfrentou uma tempestade e ficou a deriva no Atlântico, durante semanas, indo parar no Litoral Sul do Brasil (Santa Catarina). Trata-se de uma longa história dando-se conta de que Paulmier levou consigo o filho do cacique Içá-Mirim que se casou com Suzane e nunca mais voltou ao Brasil. Suzane era filha de Paulmier.

    Mas, como Cartier foi parar neste navio?

    As citações em Jean Michel Demetz, no livro intitulado "Cartier" (Editora Tallandier) apontam que o L'Espolier ao sair de Hounfler passou por Saint Malo e foi, então, que o malouiner embarcou por pura aventura. Sabe-se, ademais, que era frequente o recrutamento de jovens marinheiros nesses portos. 

   É provável (quase certeza) que Diogo Alvares (o Caramuru) tenha embarcado num desses navios e deixado na Bahia, o que também era comum (ou uma norma) dos capitães navegadores - deixar um europeu e levar consigo um nativo. Pedro Álvares Cabral deixou 2 portugueses em Porto Seguro e levou 2 nativos.

 

   Demetz questiona: Será que Cartier foi mesmo ao Brasil com Paulmier? 

   Há, ainda, uma informação neste livro que, em 1520 havia uma indígena brasileira morando na casa de Cartier!!

  

   O certo é que Jaques Cartier se casou em Saint Malo com uma das mais ricas burguesas da cidade, Catherine de Granches, em abril de 1520, na igreja de São Vicente, com grande pompa, celebração feita por Messire Lancelot Ruffier. 

    E, em 31 de julho de 1528, foi batizada a tupinambá Quayadin com o nome de Catherine du Brésil (nome dado em homenagem a mulher de Cartier), na igreja de São Vicente, pelo padre Messire Lancelot Ruffier, com a presença do reitor de Saint-Jagu, Guyon Jamin e Franzsoise le Gobien, filha do donatário de Saint Malo. Não há, a informação de que teria havido o casamento de Catherine com Diogo Álvares nesta mesma cerimônia.

  

   O certo é que, quando o casal retornou ao Brasil, Catherine (ja aportuguesado para Catarina Paraguaçu) fundou a capela de Nossa Senhora da Graça, hoje, mosteirinho beneditino e igreja de NS da Graça, no mesmo bairro. Vide @musealizacaoigrrejadagraça ou @igrejadagraçaba.

  

   Como vocês podem observar minhas pesquisas sobre a matéria ainda vão durar muitos meses uma vez que as fontes primárias são poucas e todas as citações na igreja de São Vicente (vide foto no local onde ele rezou antes da expedição que descobriu o Canadá, em 1536) são relacionadas ao Canadá assim como no Museu Jaques Cartier (TF)