Cultura

BRASIL 522 ANOS: COMO PAÍS SE MANTÉM UNIFICADO ATÉ OS DIAS ATUAIS (TF)

A expedição de Gaspar de Lemos foi vital para dimensionar o território com a descoberta da Baía de Todos os Santos, em 1º de novembro de 1501
Tasso Franco ,  Salvador | 22/04/2022 às 10:49
Pedro Álvares Cabral, o descobridor, isolado por dom Manuel I
Foto: REP

Comemora-se, hoje, os 522 anos da descoberta do Brasil por europeus pela frota comandada por Pedro Álvares Cabral. A data merecia uma celebração maior, ao menos idêntica ao que aconteceu em 2002, no governo FHC, quando se celebrou os 500 anos do Brasil europeu. 

  Todos sabem que nas terras brasis já viviam nativos há 10 mil anos de diferentes etnias, no território da Bahia e outros, classificados como tupis - tupinambás e tupiniquins - os quais receberam a designação de 'indígenas' (relativos à Índia) uma vez que a missão de Cabral era, originalmente, a Índia seguindo a rota de Vasco da Gama.

  

  Pedro Álvares Cabral nasceu em Belmonte (1467) e morreu em Santarém (1520) sendo fidalgo da Corte, comandante militar e o navegador destacado pelo rei dom Manuel I (1469/1521) para chefiar uma expedição à Índia, contornando a África. 

  O objetivo deste empreendimento era retornar com especiarias valiosas e estabelecer relações comerciais na Índia — contornando o monopólio sobre o comércio de especiarias, então nas mãos de comerciantes árabes, turcos e italianos. 

  

   Sua frota composta por 13 navios afastou-se bastante da costa africana empurrada pelos ventos aportando numa grande ilha à qual deu o nome de Vera Cruz (Verdadeira Cruz), atual Santa Cruz de Cabrália/Porto Seguro. Rezou-se missa com Pero Vaz de Caminha e Cabral levou consigo dois nativos para mostrar ao rei a descoberta de um novo território.

  A expedição de Cabral foi problemática. Na travessia do Atlântico perdeu sete navios e os seis restantes seguiram até o contorno da Áfrisa do Sul e em direção Canal de Moçambique antes de prosseguirem para Calecute, na Índia. 

  Cabral inicialmente obteve sucesso na negociação dos direitos de comercialização das especiarias, mas os comerciantes árabes consideraram o negócio português como uma ameaça ao monopólio deles e provocaram um ataque de muçulmanos e hindus ao entreposto português. Os portugueses sofreram várias baixas e suas instalações foram destruídas. 

  Cabral vingou-se do ataque saqueando e queimando a frota árabe e, em seguida, bombardeou a cidade em represália à incapacidade de seu governante em explicar o ocorrido. De Calecute a expedição rumou para Cochim, outra cidade-estado indiana, onde Cabral fez amizade com seu governante e carregou seus navios com especiarias cobiçadas antes de retornar para a Europa.

 

  VIAGEM POLEMIZADA

 A viagem de Cabral foi considerada um fracasso pela Corte salvo pelo fato de ter descoberto uma nova terra, um novo mundo. O que não é pouco. Mas, na inicial era preciso certificar-se da dimensão desse novo território. 

  Com base nos dados de navegação da Cabral, dom Manuel I determinou que uma nova expedição (exploratória) fosse feita a Vera Cruz comandada por Gaspar de Lemos tendo a bordo o cartógrafo Américo Vespucio. 

  Em 7 de agosto de 1501, Gaspar instalou o primeiro padrão português em Touros, Rio Grande do Norte, e seguiu em direção ao Sul beirando a Costa. Em 28 de agosto, batizou um local como o nome de Cabo de Santo Agostinho (Pernambuco) e em 1º de novembro de 1501, descobre a baía que batizou Baía de Todos os Santos; em 1 de janeiro de 1502, descobre a baía da Guanabara, que confundiu com um rio e batizou de Rio de Janeiro; em 6 de janeiro de 1502, funda Angra dos Reis; em 22 de janeiro de 1502, descobre a ilha de São Vicente.

 

   Sucesso total a expedição de Gaspar de Lemos. Vespúcio cartografou o que pode. 

  No retorno a Portugal, Dom Manuel I viu que o furo era mais embaixo e ao invés de uma ilha grande estava de posse de um continente o que lhe era assegurado pelo Tratado de Tordesilhas. 

  Cabral foi escanteado e nunca mais o rei lhe deu uma missão marítima. Morreu - provavelmente ressentido, de desgosto - um pouco antes do final do reinado de dom Manuel I. 

  

   O sucessor de D. Manual I foi seu filho dom João III que estabelece o regime de Capitanias Hereditárias, em 1534, para ocupar o Brasil; e, em 1549, instala um governo geral na Bahia, com Thomé de Souza, ocupando o Brasil, definitivamente. 

   Ou seja, entre a descoberta e a instalação do governo geral se passaram 49 anos e aconteceram algumas tentativas de ocupação francesa. Portugal, no entanto, prevaleceu. 

 

    Dom, João VI, já no inicio do século XIX, é considerado o rei que manteve o Brasil unificado de Norte a Sul não permitindo desmembramento como aconteceu na América espanhola e a criação de vários países.

 

   O Brasil se manteve uno até os dias atuais. Em anos mais recentes tem se falado no desmembramento de um novo país englobando os estados de SP, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, mas essa ideia nunca vingou. Continuamos como no tempo de dom Manuel I. (TF)