Cultura

LISBOA, CAP 10: POLVO LAGAREIRO DE O ADRIANO NA CALÇADA DO CARMO É DEZ

Restaurante O Adriano, similar ao Porto Moreira, gastronomia caseira na Calçada do Carmo
Tasso Franco , Salvador | 20/04/2022 às 09:32
Comida caseira no centro da capital portuguesa
Foto: BJÁ
    
  E lá fomos nós andando por mais uma calçada estreita de Lisboa. A Calçada do Carmo é o paraíso das lojas vintages da capital portuguesa. As Jesus adoraram e se entusiasmaram tanto que as deixei a comprar anéis, pulseiras e colares. A caminhada é longa e adiantei meus passos até o larguinho da Calçada onde avistei um restaurante que me pareceu a cara da Bahia, homônimo do Porto Moreira. 
 
  Nesta ladeira estão as lojas "Ás de Espada", "Flamingos Vinatage K", "New Jersey Vintage for Man", "Pop Closet", "Joker Man", entre ouras, e minha neta comprou vários anéis. Os dedos das mãos saíram super enfeitados e ela vaidosíssima.
 
  Andar por essas ladeiras de Lisboa representam uma arte e é a forma de conhecer a cidade passo a passo.
Um lazer tradicional é como fizemos: subir o Elevador da Santa Justa localizado numa transversal da rua Augusta e caminhar até o Largo do Carmo onde se encontram os museus da Arqueologia e da Guarda Nacional. O bilhete custa 5.3 euros (R$35,00) e a subida dura pouco mais de 1 minuto até o elevador atingir uma altura de 45 metros. 
 
   O bilhete vale para o percurso de volta, mas, yo, la señora Bião de Jesus e minha neta Luna Rosa preferimos visitar o museu da Arqueologia e decidimos descer para a baixa pela ladeira que dá acesso as Calçadas do Carmo e do Duque chegando-se até a praça Marquês de Pombal. 
 
  Enquanto as Jesus percorriam as vintages yo mais adiante cubava um restaurante para almoçarmos quando deparei-me com "O Adriano" um local que se assemelhava, a primeira vista, com o Porto Moreira, a casa portuguesa mais antiga de Salvador, no Largo do Mocambinho.
 
  Tentei convencer as 'girls' de que era o local ideal para uma crônica e o almoço. Houve resistência e ainda andamos até a Marquês de Pombal mi nieta dizendo que conhecia a área, mas, retornamos ao "Adriano". 
   E, para nossa alegria - já escrevi um conto chamado 'As Formas de Deus' - "O Adriano" além de assemelhar-se na real com o Moreira havia um pé-de-balcão tomando geladas idêntico ao irmão de Nieta uma vizinha nossa do Edf Beta, Chame Chame.
 
  Quem me chamou a atenção foi a señora Bião, a essa altura já bebericando um Planura, vinho regional do Alentejo: - Eis que estamos diante do irmão de Nieta. Completei: - Ele está a olhar Luna. Minha neta nem ligou. No papo, em instantes, criticou-me: - Escolheu um bar de véi, que coisa!
 
   Pois, "O Adriano" - assim como o Moreira - tem mais de 80 anos de existência e quem toma conta do bar e restaurante são os filhos do velho Adriano (já falecido) Felipe e Rui - tal, igual ao Moreira - onde reinaram o velho Moreira (já falecido) e os irmãos Francisco (Chico) e Antônio (mais conhecido por Moreira, já falecido) numa semelhança impressionante. 
 
   Rui a comandar o balcão e Felipe o salão com a ajuda de Sêo Paulo, um garçom de longo curso, assemelhado a Ailton, do Moreira, já aposentado. Felipe me disse que Paulo já faz parte da família tantos anos no batente. E foi Felipe que sugeriu o "Planura" dizendo que, se bom não fosse o tinto do Alentejo, não pagaríamos a garrafa. 
 
   La señora Bião de Jesus - conhecedora de vinhos - ainda quis trocá-lo por um "Herdade da Ajuda" entendendo que o "Planura" não caiu bem, mas, já tínhamos avançado quase meia garrafa. 
 
   Fomos aos pratos que é o objetivo da pena deste escriba na coluna "A Boa Mesa" e minha neta - pra variar - solicitou batatas fritas - e nosotros azeitonas e bolinhos de bacalhau. Os pastéis de bacalhau - assim chamados em Lisboa - são variados a cada casa e no "Adriano" deliciosos, rústicos.
 
   De principal segui a sugestão de Felipe experimentando o Bacalhau a Adriano - especialidade da casa - e la Bião um polvo a lagareiro. Fantásticos. Muito bem preparados por uma senhora cozinheira, deliciosos, fartos. com texturas leves e com sal no ponto certo. 
 
   Nossa vontade de comer foi de tal ordem - tenho impressão em decorrência do andar pelas ladeiras - que não sobrou nada. Aliás, quando isso também fazemos quando vamos ao Moreira. 
 
   De quebra, creio pela maldição da bota 'demônia' la Bião deu uma cotovelada na sua taça do tinto lançado o líquido sobre parte da mesa e da saia nova e meia transparente da jovem Luna, a qual caiu na risada e pediu socorro ao Sêo Paulo que logo apareceu com um pano para enxugar o local do acidente.
 
   Rui astuciava do interior da tenda onde servia aos pés-de-balão e disse: - Quem derrama vinho sobre a mesa em Portugal é sinal de felicidade.
 
   E, assim, felizes e satisfeitos pedimos a conta. E, mais uma semelhança: a conta veio num pedaço de papel pequeno (igual a que Moreira fazia) com a descrição dos produtos a caneta e os preços. Que beleza.
 
   "O Adriano" também tem uma decoração parecida com o Moreira ostentando vários quadros nas paredes, uma exposição de flamulas de times de futebol e possui dois ambientes. O salão principal onde estávamos) e um toldo externo com mesas na Calçada do Carmo. 
 
   Há, entre as fotos e outros na vitrine principal da casa uma revista Manchete antiga com uma foto de Pelé ainda bem jovem.
 
   Para concluir nossa jornada gastronômica, Felipe nos ofereceu uma porção de queijo de ovelha curado, oferta da casa, que degustamos com vinho do Porto. De orar para São Roque.
 
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Restaurante O Adriano - Calçada do Carmo, 41
Fone 231 452 464 tasca_adriano@sapo.pt
Polvo lagareiro 18 euros; Bacalhau da casa 12 euros
Vinho Planura 14 euros; Porto dose 4.5 euros
Batatas 9 euros; Não cobra 10%