Cultura

SALVADOR 473 ANOS: CAMPO GRANDE É A PRAÇA MONUMENTAL DA CIDADE

Só cresceu e se urbanizou de vez a partir do século XX
Tasso Franco , Salvador | 27/03/2022 às 09:57
Detalhe do monumento ao Caboclo, no Campo Grande
Foto: BJÁ
  O Campo Grande - oficialmente Praça 2 de Julho - é a área monumental da cidade do Salvador e, na época da chegada da esquadra de Thomé de Souza para fundar a cidade-fortaleza, em 29 de março de 1549, era uma sesmaria e o local conhecido como Outeiro Grande. 

  Por pouco, Luis Dias - o mestre de obras - e Thomé de Souza não instalam a cidade neste local. Não o fizeram porque era muito largo (grande), um descampado vulnerável na área Oeste; e na área Leste a linha de tiro para instalar canhões em direção a Baía de Todos os Santos não era adequada. A planta que trouxeram de Portugal não se encaixava no espaço.

  A comitiva de Thomé seguiu mais em frente, passou por uma aldeia tupinambá que existia no Passeio Público, e mais as aldeias da Piedade e do São Bento, uma delas comandas pelo cacique Ipuru, e instalaram a cidade no platô da atual praça Municipal (Thomé de Souza) que era alta e com boa vista para o mar (ideal para uma paliçada e colocar os canhões) e, na área Oeste havia uim rio de um alagadiço (rio das Tripas, Bx dos Sapateiros) e isso permitia uma maior segurança.

  Nos primeiros 200 anos da cidade do Salvador o Campo Grande era uma área de pastagem e de passagem para a Vila Velha. Ou seja, saindo-se da cidade fortaleza, na porta Sul (Santa Luzia), na altura da atual praça Castro Alves pega-se o Caminho de Baixo (Rua Carlos Gomes) até o outeiro e dai seguia-se pelo atual corredor da Vitória e Ladeira do Conselho (Ladeira da Barra) até a vila (Porto da Barra).

  Só em meados do século XIX é que o local passou a ser urabnizado e cortejado pelas famílias que iam deixando o centro histórico. O Monumento ao Dois de Julho foi inaugurado em 1895, nas comemorações dessa data, 23 anos após os primeiros estudos para a sua execução. De estética neoclássica, é um dos mais belos monumentos já construídos na América. Todo o conjunto foi esculpido, na Itália, em bronze, ferro fundido e mármore de Carrara.

  Em meados do século XX se verticalizou com prédios de apartamento e ganhou o Teatro Castro Alves que é o mais importante de Salvador. O Campo Grande é local emblemático de protestos de toda natureza, de estudantis e luta das mulheres por mais espaço na sociedade. Já abrigou a residência do arcebispo Primaz do Brasil, hoje, o local ainda conservado e ao lado a Mansão dos Cardeais; e também o Hotel da Bahia, que foi o mais importante da cidade durante muitos anos, construido no governo de Octávio Mangabeira.

  No Campo Grande comemora-se parte dos festejos a Indeéndência da Bahia uma guerra de cerco que houve na Província, em 1823. 

  
  MONUMENTO AO CABOCLO

  De acordo com o "Guia Geográfico de Salvador" A história começou em 1872 quando o Presidente da Província Bahia nomeou o Barão de Cotegipe para dirigir os trabalhos para sua execução. A presidência dessa comissão foi assumida depois por Manoel Victorino.

Foi esculpido na Itália, pelo artista italiano Carlo Nicoliy Manfredi, vice-cônsul do Brasil, em Carrara. Outros artistas italianos também colaboraram. A montagem coube ao engenheiro Antonio Augusto Machado.

Tem 25,86 metros de altura e, na época, era o monumento mais alto da América do Sul. Sua coluna é de bronze, em estilo coríntio, sobre um pedestal de mármore de Carrara.

No topo, a escultura de um caboclo, com 4,1 metros, armado de lança e arco e flecha, representa a identidade do povo brasileiro que lutou pela Independência. Ele mata um dragão, seguro ao seus pés, que representa a tirania portuguesa. Esse tema foi o mesmo usado no antigo monumento ao Dois de Julho, instalado na Praça da Piedade, em 1856, atualmente, nos Aflitos.

Na parte alta do pedestal figuram, de um lado, a escultura de uma mulher representando a Bahia e, do outro, a escultura de Catarina Paraguaçu, com o lema Independência ou Morte, em seu escudo.

Em um patamar médio do pedestal, esculturas representam os rios São Francisco e Paraguaçu. Águias e leões compõem alegorias que representam liberdade e república.

Embaixo, oito candelabros, de sete metros, adaptados para iluminação a gás, são do artista italiano Giuseppe Michelucci (1834-1910), fundidos, em 1891, em Pistóia, na Itália.