Cultura

SALVADOR, 473 ANOS: VILA VELHA DO PEREIRA, 1536, 1º POVOAMENTO EUROPEU

Os tupinambás eram antropófagos e cozinharam Coutinho num panelão
Tasso Franco , Salvador | 21/03/2022 às 09:52
Restaurante Pereira, Barra, onde era parte da Vila do Pereira
Foto: BJÁ

  Salvador completará 473 anos na terça-feira, dia 29, e hoje mostramos aos nossos leitores o local onde foi implantada a Capitania da Bahia, a partir de 1534, com a nomeação de Francisco Pereira Coutinho, o donatário, que chegou a Baía de Todos os Santos, em 1536, e fundou onde se vê na foto o Restaurante Pereira, no Porto da Barra, a Vila Velha do Pereira, a primeira localidade de Salvador que, obviamente, ainda não se chamava Salvador. Isso só vai ocorrer em 1549.

  Os 'sábios' historiadores do IGHB apagaram esse história do mapa, passaram a borracha, e pouco se sabe da vila e quase nada do Pereira Coutinho. O que se diz nos anais da história é que o donatário era um camarada grosseiro daí ser apelidado de "Rustição" - de rústico, casca grossa - e quis impor aos tupinambás que moravam nessas franjas do litoral que trabalhassem no cultivo da cana-de-açúçar.

  Os nativos viviam na maré mansa, da caça e da pesca, e já negociavam com Diogo Álvares, o Caramuru, venda de madeira Pau Brasil com os franceses de Saint Malo e se revoltaram contra Pereira Coutinho atacando a Vila Velha e incendiando palhoças, isso com o apoio de Caramuru. 

  O "Rusticão" ao invés de negociar com Caramuru e os tupinambás foi pro pau e ficou cercado sem alimentos. Decidiu, então, ir até Porto Seguro, pedir ajuda ao donatário Pero de Campos Tourinho, seu conterrâneo, mas, este se negou ajudá-lo alegando que já tinha problemas demais em sua capitania. 

  Pereira voltou para a Capitania e sua chulapa bateu nuns arrecifes nas proximidades da ilha de Itaparica, conseguiu nadar até a praia, porém, os tupinambás o mataram e comeram como se come, hoje, um ensopado de galinha, fervido num panelão, com sal e pimenta.

  A morte de Pereira repercutiu muito na Corte de Lisboa e seu filho herdou a Capitania destroçada. Diz-se que foi esta morte que levou dom João III, o rei de Portugal, filho de dom Manuel, a criar um governo geral no Brasil com sede na Bahia. 

  A Bahia, no entanto, foi escolhida em função de sua localização no mapa da época, no centro do Brasil, isto é, centro do litoral, uma vez que não se conhecia a dimensão do interior.

  E assim ficamos sem essa parte da história, 488 anos, e sem a de Caramuru, 512 anos, e só levamos em consideração o 29 de março de 1549, Salvador, portanto, fazendo 473 anos de idade. (TF)