Alain vive na Suiça, onde o procedimento é legal, e pediu ao filho para organizar todo o processo e acompanhá-lo em seus últimos momentos, disse Anthony, 57 anos, à revista francesa Le Point na véspera do lançamento de sua autobiografia "Entre chien et loup" ('Entre cão e lobo", em francês).

LE POINT, MARC FOURNY

É tanto um grito de amor quanto um balanço de todas as contas... para este clã que o ajudou a crescer, suas duas mães - a de sangue, Nathalie, a do coração, Mireille Darc -, ambas desaparecidas, seu padrinho , o agente Georges Baume, que atuou como pai, e seu famoso progenitor, Alain Delon, sombra tutelar, figura autoritária que treinou seu filho mais do que o educou... frases de seu livro, Entre o cão e o lobo: “Eu amei e amo todos os membros desta família, ele escreve em conclusão. Pelo menos o único sobrevivente até hoje. »

E, no entanto, que ódio, raiva, raiva e resiliência relataram através dessas páginas íntimas... "Meu pai tentou muitas vezes me dobrar, me enfraquecer, e isso desde os 10 anos, idade em que me tornei homem segundo ele, ele escreve em sua autobiografia. Eu não acho que ele queria me destruir, mas sim me subjugar. Como em uma horda de lobos onde o clã deve se curvar ao dominante. Conscientemente ou não, a destruição ainda estava em ação…”

Como neste dia em que Delon se irrita ao ver o filho se comportar mal à mesa. “Depois de dois ou três protestos, tomado por uma raiva repentina, ele pegou meu prato e o jogou pela janela escancarada, acompanhado de um 'Vá para o seu quarto'. Mas a crise estava longe de terminar: seu pai então irrompeu com um grande chicote de couro na mão. “Ironicamente, foi o do Zorro, continua Anthony Delon. Não me lembro de nenhuma dor física, mas as palavras deixaram grandes cortes que demoraram muito para cicatrizar: “Eu nem bato nos meus cachorros com esse chicote!”, disse ele entre golpes. »

Dome o medo

Anthony lembra o desafio que seu pai lhe deu aos 12 anos, para testar sua coragem: “Prove-me que você tem coragem, dê a volta no lago no escuro… Vamos lá! ele exigiu uma noite. “Ele sabia muito bem que eu tinha medo do escuro, sem contar que o lago fica a 300 metros da casa, na beira da mata, e que tem 5 hectares. Contorná-lo equivalia a uma caminhada de vinte e cinco minutos no meio do inverno em uma noite escura. “E para concluir:” Com o tempo, ele conseguiu me familiarizar com o medo. »

Com Delon, “havia dias com e dias sem”, dependendo de seu humor e de sua raiva… O ator conseguiu organizar jogos, nadar com a família na piscina, fazer brincadeiras, se disfarçar de fantasma para divertir o filho e seus amigos... E no dia seguinte, de repente ser rígido com ninharias. Todas as manhãs, Anthony tinha que fugir, seu pai não gostava de ser incomodado quando ele acordava. Esperava impacientemente os fins de semana em Douchy, para passear com ele, um raro momento íntimo, acompanhando os cães. E sempre em silêncio.

Assim cresceu Anthony Delon, entre sua sogra Mireille, sua babá e um pai na maioria das vezes ausente. Aos 15 anos, decide voltar a morar com a mãe, uma traição para o ator, que literalmente se joga em cima do filho quando Anthony faz sua escolha perante o juiz de menores. “Ainda posso ouvir minha mãe gritando: Alaiiiinn! !, e vindo agarrá-lo pelos ombros para puxá-lo para trás enquanto ele apertava minha garganta, me impedindo de respirar. “E para acrescentar:” Posteriormente, assim que minha mãe tentou acalmar mais uma discussão entre nós, sempre lhe saía o mesmo refrão, o caso do juiz: naquele dia, seu filho me deserdou. " Ao que Nathalie respondeu, invariavelmente: "Também é seu..."