Cultura

MORRE A PROFESSORA ARISTOCLEA MACEDO DOS SANTOS, p ZÉDEJESUSBARRÊTO

Aristocleia foi a terceira diretora do Irdeb. Primeiro, Ruth Vieira; depois, Noélia Passos e na segunda metade dos anos 70, Aristocléia. Que mudou tudo, um salto no futuro.
ZédeJesusBarreto ,  Salvador | 28/02/2022 às 09:37
Aristoclea Macedo dos Santos
Foto: REP

Com muita tristeza fico sabendo da morte da Professora Aristocleia Macedo (27 de fevereiro de 2022, aos 96 anos), a criadora da Rádio Educadora e da TV educativa da Bahia, órgãos da Fundação IRDEB - o Instituto de Rádio Difusão Educativo da Bahia, ligado então à Secretaria de Educação e Cultura do Estado. 

Ela construiu aquele complexo IRDEB da Federação (Rádio, TV, complexo gráfico, produção de ensino e cultura). Era uma professora, educadora por excelência, empreendedora, visionária, líder carismática, queridíssima por todos. Antes de assumir a direção do IRDEB foi diretora do Colégio Duque de Caxias, o maior do bairro da Liberdade. Exemplar. 
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  “Minha pró”, assim a chamava. Ele me amava, me achava meio maluquinho, eu a respeitava e a tratava com muito carinho, “minha pró”, negona... nunca a esquecerei. Merecedora de mil homenagens. 

  Serei eternamente grato por tudo, pró Aristocléia, um ser raro, que liderava e dirigia e fazia, e comandava no riso, na palavra, com ternura. 

Eram, enfim, outros tempos, a despeito da “ditadura”. 
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ps: o IRDEB foi fundado no começo dos anos 70, e funcionou no subsolo da Biblioteca Central dos Barris, pioneiro no ensino à distância no país. 

Aristocleia foi a terceira diretora do órgão. Primeiro, Ruth Vieira; depois, Noélia Passos e na segunda metade dos anos 70, Aristocléia. Que mudou tudo, um salto no futuro. 

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Certo dia, logo depois de instalada a Rádio Educadora (onde fiz programas em OC/AM e FM), Pró Aristocléia cruzou comigo nos corredores (ela não parava, almoçava com todos no refeitório, ia de sala em sala, ver, dar pitacos, com leveza e sabedoria), e com a mão no meu ombro disse, terna: "Meu filho, cheguei a pensar em você para dirigir a rádio, mas não tive coragem, você é muito maluquinho". E era, ela tinha razão, ia lhe dar problemas naqueles tempos políticos conturbados. Deu-me um beijo, rindo, eu agradecido. Ela era assim, firme e... doce. Exemplo. Adeus, pró querida.

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  A educadora Ruth Vieira foi a primeira diretora do IRDEB, nas fundações, planejamentos, primeiras aulas à distância... nas catacumbas da Biblioteca Central, começo anos 70.

 Era uma mulher ligada à Ação Católica (origem da AP), de esquerda, a despeito do momento duro da ditadura, Luiz Vianna no governo. Depois, já com ACM, assumiu Noélia Passos (que já se foi, ano passado). 
Depois de Noélia é que veio Aristocléia Macedo, para construir o complexo que foi montado e instalado no alto da Federação ao lado da TV Aratu. Com emissora de rádio potente e moderna, a TV E e uma central de produção de conteúdo e gráfica. Já no Gov Roberto Santos.
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  Fiz parte da equipe de fundadores do IRDEB, concursado/ Secretaria de Educação e Cultura. Trabalhei lá de 71 a 79.  Saí, viajei e voltei depois, novamente concursado, nos anos 80/90.  Saí e voltei, convidado, cargo de confiança, na administração Paolo Marconi.  Mais tarde, com a administração de Zé Américo, fiz parte da equipe de TV, programação de esporte, cobertura, Cartão Verde. 

 Cid estava na equipe fundadora. Era o nosso mestre, nosso guia. 

Lembro-me como parte dessa equipe, além do Mestre Cid e seu operador-amigo Helio Lima : Professores Humberto Argolo, Ernani Ponciano, Eugênia Lucia Vianna Nery, Zilah, Marialice Gomes, Cipriano Luchesi, Maria Helena Pinheiro, Leticia Barbosa, Cisínia, Josélia Fraga, Elzinha ...  

 A professora e educadora Rute Vieira foi a primeira diretora. Professora Noélia Passos sucedeu Ruth. Professor e educadora, Aristocléia, que foi diretora do Duque de Caxias, um dos grandes colégios públicos da Bahia, à época, foi a terceira diretora, já no governo Roberto Santos.

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Aristocléa construiu o complexo da Federação, montou a rádio educadora e a TV Educativa, além do setor de produção gráfica. Cid era o braço direito dessas transformações. 

Mas o IRDEB existiu desde 1971, como produtor de material didático / educação à distância, via emissoras de rádio, fitas-cassetes, telepostos/ Supletivo de primeiro e segundo graus.  Fiz, dei, escrevi aulas de Educação Moral e Cívica e História.  Pioneirismo, com Profa Ruth e uma equipe de professores/educadores concursados, estudiosos de Anísio Teixeira, grupo vinculado à Sec de Educação e Cultura do Estado. 
Aristocléa deu o grande salto, empreendedora, já na segunda metade dos anos 70.
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Depoimentos :

- Cheguei pra trabalhar no IRDEB, professora Aristocleia era a diretora geral, uma pessoa gentil, amável e super atenciosa com todos os funcionários! Amei trabalhar sob o comando dessa minha querida e eterna professora! Meus sentimentos a toda família! Que Deus a tenha, professora Aristocleia.
(Lula Carvalho, produtor, programador de rádio)

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- Taí mais uma referência que se vai da vida baiana.

Quando comecei a trabalhar no IRDEB, em 1979, ela era a diretora.

Nossa querida pró, Barretinho, foi muito bem descrita por você: gente que tem que ficar na memória. Não pode ser esquecida!

(Tom Tavares, músico, produtor e realizador de programas)

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Bela, expressiva e justa homenagem a esta notável e visionária educadora baiana, Barreto. Baque forte na nossa educação e cultura já aos trancos e barranco. Meus solidários sentimentos à família da professora Aristocleia.
 
(Victor Hugo, jornalista)

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Trabalhei dois anos no Irdeb com 23 anos. Três meses trabalhei com ela no gabinete dela. O Irdeb esteve em sua fase áurea. Ela e Cid Teixeira fizeram uma obra maravilhosa. Eu fui tradutora dela, de muita gente que vinha da UNESCO, e do mundo e ela me tratava como uma profissional de grande peso. Obrigada, Aristocléa.
(Lícia Souza)