Cultura

PADARIA SÃO ROQUE, CATEDRAL DE PÃES, LISBOA, SÓ ENCANTA A ARQUITETURA

Rua da Rosa com Dom João V, em prédio construído no século XIX
Tasso Franco , Lisboa | 29/01/2022 às 08:15
A arquitetura da 'catedral' é belíssima, mas, a oferta de produtos limitada
Foto: BJÁ
    O motorista de táxi estranhou que eu tivesse pego um carro a partir do Largo da Figueira até o Bairro Alto, em Lisboa, na direção da Rua Rosa, para conhecer uma padaria. Imaginava o moço que eu fosse comprar pães quando, na Figueira e na praça Marques de Pombal, há bons locais para vender pães e a dois ou três passos donde estava na rua Augusta está a Paul, uma das melhores padarias de pães artesanais de Lisboa.

  Mas eu insiste. Ele não teve alternativa a não ser me levar até a São Roque. Minha neta, que consultara seu iPhone disse qiue estava fechada, mas, não dei bolas para o que falou. Havia olhado pelo celular e a indicação é que não estaria funcionando. Mas, insisti e venci. Afinal, cheguei numa das padarias mais antigas e belas de Lisboa, a São Roque.

  Conhecida como a “Catedral do Pão” fica localizada na esquina da D. Pedro V com a Rua da Rosa e é uma das padarias mais antigas da cidade ainda em funcionamento. A senhora que nos atendeu, de humor contido, disse-me que tem mais de 100 anos de existência. 

  A construção do edifício onde se encontra é de 1899, data em que foi entregue o projecto nos serviços municipais. Ocupa parte do terreno do antigo Palácio dos Salemas, demolido em 1883 para alargamento da Rua do Moinho de Vento, hoje D. Pedro V. Sua fachada para a Dom Pedro V é belíssima e o interior da padaria de cair o queixo, assemelha-se a uma catedral com pé-direito alto, colunas romanas e mármores rosa.

  Revela-nos a história que, em 1961, teve lugar a unificação das padarias do Bairro Alto, por decisão governamental, tendo passado a integrar a Panificação Reunida de S. Roque Ltda, sociedade comercial da qual fazem parte sete padarias, uma fábrica de pães e bolos e um depósito. 

  A São Roque destaca-se das restantes pela longevidade e pela exuberante decoração interior de inspiração Art Noveau. É também aqui que encontra, além de pão e pastelaria de fabrico próprio, a broa de Coimbra, especialidade da casa que não encontrará noutro lugar.

   Não vi diferença nos produtos oferecidos pela São Roque que não sejam encontrados em qualquer outro em Lisboa. Pelo contrário, achei seus produtos pouco atraentes. Os sanduiches vistos na vitrine me pareceram desagradáveis. A atendente - pelo menos no dia em que lá estive - era contida em dar informações e retraida. Não diria que tivessse mau humor de todo, pois, ainda trocamos algumas palavras. 

   La señora Bião de Jesus solicitou uma cerveja Bock. Pareceu-me uma boa pedida, pois, a marca é boa. E, minha neta, viciada em croissant, assim quis dois deles. E, you, fiquei a acompanhá-las e a apreciar a arquitetura da São Roque, o que de melhor há no local. Esperava algo melhor em pães e broas diante do que já tinha visto na internet.

   Mas, nada melhor do que tirar a prova dos nove. Vendo-se, ao vivo, é que se tem uma ideia do real. 

   Os frequentadores são as pessoas do bairro e pouquíssimos turistas. O que realmente encanta é a bela arquitetura do local. É muito bonita e poderia ser melhorado na oferta de pães. O mobiliário é desinteressante enquanto que a estrutura e motivos de decoração mereciam bem um acompanhamento ao nível.

  Rua da Rosa, 186 com dom Pedro V, 57,  das 7 ás 22 horas de segunda a domingo.